Candidato a governador do Estado pelo PDT, Jairo Jorge anunciou, na tarde desta quinta-feira (18), apoio a José Ivo Sartori (MDB) no segundo turno da corrida ao Palácio Piratini. A decisão do ex-prefeito de Canoas, confirmada em evento no centro de Porto Alegre, contraria o posicionamento defendido por seu partido na etapa final da disputa.
Em votação na segunda-feira (15), o PDT gaúcho optou por manter a neutralidade no segundo turno da eleição estadual, sem apoiar Sartori ou Eduardo Leite (PSDB). A medida também buscava impedir manifestações individuais de filiados em defesa de algum dos candidatos. A reunião ainda definiu que a sigla fará oposição ao próximo governador.
No primeiro turno, Jairo ficou na quarta posição da disputa, com 661,7 mil votos (11,08% dos válidos). Nesta quinta-feira, frisou que, além dele, prefeitos do PDT no Interior, como Rossano Gonçalves, de São Gabriel, também desembarcaram em Porto Alegre para manifestar apoio ao atual governador, mesmo com a decisão do partido no começo da semana.
— Não viemos aqui como lideranças partidárias. Viemos aqui como líderes políticos. Um líder político não pode ficar em cima do muro ou defender voto nulo ou em branco — disse Jairo.
O pedetista afirmou respeitar a decisão coletiva do partido, mas reiterou proteger a possibilidade de que cada membro externe, individualmente, simpatia por algum dos candidatos. Jairo argumentou ter optado por Sartori devido à sua experiência à frente do Piratini e fez críticas ao prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, que integra o PSDB, assim como Leite.
— Em 2016, quem ficou em cima do muro ajudou a eleger a pior administração da história de Porto Alegre — alfinetou.
O ex-prefeito de Canoas ainda garantiu que não aceitará eventual convite para ocupar cargo no Piratini caso Sartori seja reeleito.
— Ficaria lisonjeado. Mas não aceitaria — pontou Jairo, que destacou a decisão do PDT de ser oposição ao próximo governo.
Ao chegar ao evento nesta quinta-feira, Sartori foi ao encontro do ex-prefeito de Canoas. Após abraço diante de simpatizantes, ambos permaneceram por cerca de 15 minutos em uma sala a portas fechadas. Em seguida, o atual governador fez discurso para agradecer a Jairo pela atitude.
— Ninguém faz governo com um só partido — ressaltou o emedebista.
No encontro, a candidatura de Sartori também recebeu a confirmação do apoio do Avante. Mais cedo, pela manhã, foi formalizada a preferência do DEM e do PSL pelo atual governador no segundo turno. A posição dos dois partidos foi confirmada pelos presidentes estaduais de ambas as siglas, deputado federal reeleito Onyx Lorenzoni (DEM) e candidata ao Senado Carmen Flores (PSL).
Divergências internas no PDT
Ao anunciar apoio a Sartori, Jairo provocou polêmica dentro do PDT. A Juventude Socialista do partido no Estado manifestou, em nota, "incompreensão" com sua postura. Deputada estadual reeleita, Juliana Brizola (PDT) confirmou que a decisão do ex-prefeito de Canoas surpreendeu correligionários:
— Tenho o maior respeito pelo Jairo, quero que continue no PDT, mas ele vai ser muito cobrado internamente. Os pedetistas não estão muito felizes. Lamento, porque o Sartori é o antagonismo do que o meu avô (Leonel Brizola) foi para o Estado — avaliou Juliana, que enumerou críticas a medidas defendidas pelo emedebista, como a extinção de fundações.
Nos bastidores, comenta-se que um dos motivos que sustentariam a preferência de Jairo está relacionado à disputa entre PDT e PTB em Canoas. O atual prefeito da cidade é Luiz Carlos Busato (PTB), um dos principais apoiadores de Leite, adversário de Sartori.
Em entrevista concedida após declarar apoio ao atual governador, Jairo disse não acreditar que a atitude abalará suas relações dentro do PDT. Ao ser questionado sobre uma eventual candidatura à prefeitura de Canoas em 2020, não descartou a possibilidade, mas fez questão de lembrar que sua profissão é jornalista.
— Vamos avaliar — respondeu, depois de ser perguntado sobre seu futuro.
Nesta quinta-feira, o candidato ainda externou sua preferência pela chapa de Fernando Haddad (PT) e Manuela D'Ávila (PCdoB) na disputa presidencial. Segundo o ex-prefeito de Canoas, a escolha está relacionada à "defesa da democracia".