Jairo Jorge (PDT) começou cedo a campanha ao governo do Estado. No início de 2017, já peregrinava pelos 497 municípios gaúchos tentando garimpar votos que o assegurassem no segundo turno. Porém, o candidato tido por aliados como competente articulador político e desenvolto no corpo a corpo não conseguiu colher nesta eleição os frutos das árvores plantadas em cada uma dessas cidades. As urnas confirmaram o que as pesquisas Ibope de intenção de votos indicavam: a quarta posição, atrás de Eduardo Leite, José Ivo Sartori e Miguel Rossetto.
A falta de apoio de prefeitos do próprio PDT pode ter influenciado no desempenho junto aos eleitores. Quem faz essa leitura é um assessor que esteve com Jairo Jorge em algumas dessas visitas, que acredita ter sido a rejeição motivada pela deserção do PT.
— Não conseguiu a confiança dos prefeitos. Era como se tivesse alguma rixa. Muitos não apoiaram ele, era visível. Pra mim, isso enfraqueceu a campanha — comentou.
O candidato tem outra visão. Para ele, o tempo superior de TV dos seus adversários e a polarização foram determinantes para o resultado.
— O momento que estamos vivendo é de polarização, de disputa, e também tivemos uma polarização aqui no Estado. Respeito a decisão das urnas, respeito meus adversários. Saúdo eles pelo êxito de estarem indo para o segundo turno. Nossa campanha foi propositiva, nunca atacamos ninguém. Eu saio fortalecido dessa eleição, mais forte do que entrei — comentou.
Jairo Jorge disse que o PDT e os demais partidos que formam a aliança irão se reunir nos próximos dias para definirem a quem apoiar e salientou que essa decisão vai ter impacto no segundo turno. O seu futuro na política também ficou em aberto. Ao ser perguntando se vislumbra a prefeitura de Canoas, município que administrou por dois mandatos, preferiu se esquivar da resposta:
— Pensei minha vida até dia 7 de outubro. Meu partido tem uma decisão importante para tomar e eu vou definir isso com tempo. Vou pensar nos meus caminhos para o futuro com serenidade.
Outro político participativo na campanha comentou que, mesmo as pesquisas mostrando o quarto lugar, sempre houve esperança de uma reversão nas urnas — principalmente pelo anseio de mudança que eles sentiam nas andanças pelo interior do Rio Grande do Sul. Isso deu certa tranquilidade para a equipe trabalhar e ímpeto para desbancar as pesquisas, o que acabou não acontecendo.
Presidente do PDT-RS, Pompeo de Mattos creditou a derrota a três fatores principais. O primeiro deles foi justamente as pesquisas, que teriam desanimado os eleitores ao captarem intenção de voto subestimada, que não passou de 8%. Nas urnas, ficou três pontos percentuais acima.
— Trataram como uma candidatura subalterna. Essas pesquisas inibiram a base partidária, desanimou muita gente.
O tempo de TV e o ressurgimento da “direita raivosa” foram as outras razões associadas pelo pedetista:
— É responsabilidade do PT fazer esses esqueletos se reerguerem. Foram as ações do partido nos últimos anos que causaram isso — acrescentou Pompeo.