O candidato Miguel Rossetto (PT) é o sexto sabatinado da série de entrevistas com os postulantes ao Palácio Piratini a ter declarações verificadas pelo É isso mesmo?.
Criado em 2014, o mecanismo de checagem de GaúchaZH entrou em nova fase desde o início da campanha deste ano, com foco na cobertura eleitoral. Para isso, ganhou o reforço dos repórteres do Grupo de Investigação da RBS (GDI).
O teste continua, nos próximos dias, com os demais concorrentes. A ordem de publicação segue a mesma sequência das entrevistas, agendadas com as assessorias dos candidatos.
A seguir, confira as declarações checadas pelos jornalistas Débora Ely, José Luís Costa, Juliana Bublitz e Leonardo Vieceli. O vídeo com a íntegra da entrevista está ao final do texto.
Critérios de classificação
É verdade
A informação está correta e corresponde a dados e estatísticas oficiais.
Não é bem assim
Apenas parte da sentença está correta.
Não procede
O interlocutor está equivocado na informação que afirma.
Em torno de 30%, 40% dos apenados não têm sentença definitiva. Temos que avaliar isso.
É VERDADE
Conforme mapa da população carcerária no Rio Grande do Sul, em 11 de setembro o número de presos provisórios chegou a 13.720, equivalente a 34,2% do total dos detentos, que soma 40.057.
Quando fui eleito vice do governador Olívio Dutra em 1998, MDB, PSDB e PP diziam que não pagaríamos salários se não vendêssemos o Banrisul e a Corsan. Não vendemos e nunca atrasamos salários.
É VERDADE
O candidato está correto ao afirmar que o governo Olívio Dutra (PT), entre 1999 e 2002, nunca vendeu estatais nem atrasou salários. Desde eleito, Olívio elencou como prioridade o pagamento dos servidores.
O último mês de governo foi o mais complexo para cumprir a promessa devido ao 13º. Para garantir o pagamento, Olívio usou recursos do acordo de estadualização das rodovias, firmado às pressas com o governo federal, e fez os depósitos na véspera do Natal. No período, Rossetto chegou a se instalar em Brasília para assegurar a negociação. Mesmo pressionado pela oposição, o governo também manteve o Banrisul e a Corsan sob a administração estadual.
Estamos há três anos com queda na atividade econômica, quase 8% de queda, sem contar 2017 porque Sartori conseguiu a proeza de acabar com a FEE e não temos o PIB de 2017.
Leia a entrevista
NÃO É BEM ASSIM
O Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho não ficou imune à recessão e teve queda acumulada de 7,6% em três anos (2014, 2015 e 2016), segundo dados revisados pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), citada por Rossetto. O percentual se aproxima dos 8% mencionados pelo candidato.
Quanto ao PIB de 2017, o governo do Estado encerrou em abril de 2018 as atividades da FEE e firmou convênio com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) para realizar o levantamento. Desde que foi contratada, a Fipe fez apresentação, em junho, sobre a atividade econômica gaúcha, que abrange dados de 2017. Isso foi desconsiderado na fala do candidato. Houve mudanças na metodologia da pesquisa, o que gerou críticas de defensores da FEE, mas a Fipe declarou que o levantamento pode ser tratado como cálculo do PIB, porque permite medir o desempenho da economia do Estado.
Conforme a entidade paulista, o indicador cresceu 1% em 2017. O avanço gaúcho está no mesmo nível do registrado pelo PIB nacional, de 1%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em outros Estados, também houve alta. No Paraná, o crescimento no ano passado foi superior, de 2,5%, conforme o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).
Neste momento, a Fipe evita comentar assuntos relacionados ao cálculo do PIB, já que, em julho, a 7ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre determinou a suspensão do contrato com o Piratini. A medida é liminar e ainda pode ser revertida. Por ora, há impasse sobre o futuro do levantamento.
Regras de checagem
1) São checadas as informações que têm verificação possível em fontes oficiais.
2) Os temas escolhidos levam em conta a relevância.
3) Os candidatos não são procurados pela reportagem.
4) Em caso de números arredondados pelos candidatos, os critérios utilizados pela equipe são:
— se a variação for de até 10%, para mais ou para menos, a informação é classificada como "É Verdade"
— se a variação for acima de 10% e até 30%, para mais ou para menos, a informação é classificada como "Não é bem assim"
— se a variação superar 30%, para mais ou para menos, a informação é classificada como "Não procede"
5) A equipe está aberta a contestações por parte dos candidatos, que posteriormente serão avaliadas pelos checadores.