Criado em 2014, o É isso mesmo?, mecanismo de checagem de GaúchaZH, entra em nova fase em 2018, com foco na cobertura eleitoral. Para isso, ganhou o reforço dos repórteres do Grupo de Investigação da RBS (GDI), que conferiram as declarações dos candidatos ao governo do Estado no primeiro debate da campanha eleitoral para o governo do Rio Grande do Sul, na Rádio Gaúcha, na série de entrevistas publicada em GaúchaZH e no debate realizado pela RBS TV, o último antes da votação no primeiro turno.
Tiveram declarações checadas os candidatos Eduardo Leite (PSDB), Jairo Jorge (PDT), José Ivo Sartori (MDB), Julio Flores (PSTU), Mateus Bandeira (Novo), Miguel Rossetto (PT) e Roberto Robaina (PSOL). Apenas Paulo de Oliveira Medeiros (PCO) não atendeu ao pedido de entrevista.
Confira, abaixo, as declarações de Eduardo Leite checadas pelos repórteres do GDI:
Debate na Rádio Gaúcha
Publicado em 16/08/2018
O governo atual aprovou no primeiro ano de governo uma lei para concessões de rodovias. Não fez nenhuma. E as estradas estão sofrendo.
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É verdade
Em maio de 2016, a Assembleia Legislativa aprovou a nova lei de concessões de rodovias estaduais. A partir desta nova regra, o governo poderá conceder trechos de estradas para a iniciativa privada para exploração, conservação, manutenção e ampliação da infraestrutura. Em março de 2017, o Piratini lançou o Marco Regulatório das Concessões Rodoviárias no RS.
Ainda não há previsão de quando o leilão será realizado. Um estudo de viabilidade técnica está sendo elaborado pela consultoria KPMG. Segundo a Secretaria de Planejamento, a área técnica está finalizando modelagem econômica, que irá servir de base para o edital de licitação.
Pavimentação de acesso asfáltico aos municípios. São cerca de 60 municípios sem acesso asfáltico, é extremamente importante.
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É verdade
Levantamento da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) publicado em setembro de 2016 informou que o Estado tem 64 municípios sem nenhum acesso asfáltico. É o último balanço da entidade, que está trabalhando em nova atualização. Segundo o sistema rodoviário do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), são 69 municípios gaúchos sem acessos asfálticos pavimentados.
O custo da logística no nosso Estado é o dobro da média nacional. Enquanto, no Estado do Rio Grande do Sul, custa 20% a logística sobre o PIB, no Brasil a média é de 10%. Isso porque o nosso Estado é mais dependente do modal rodoviário, aqui se depende de 88% do transporte rodoviário, contra 65% no Brasil.
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Não é bem assim
A média do custo logístico do Rio Grande do Sul, como afirma o candidato, varia entre 19% e 20% do PIB, mas, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do RS (Setcergs), essa também é a média nacional. Portanto, não procede a informação de que seria o dobro do resto do país. Apesar de o Rio Grande do Sul estar no extremo sul do Brasil, o custo acaba se igualando. O transporte no Estado consegue fluir mais rapidamente, ao contrário de Estados de regiões como o Sudeste, que sofrem com o tempo, em razão do maior tráfego. Sobre o RS depender 88% do transporte rodoviário, contra 65% no resto do Brasil, o Setcergs informa que trabalha com um número igual ao do resto do país, que é de 67%.
O Rio Grande do Sul é o único que gasta, no Brasil, segundo dados da Secretaria do Tesouro Nacional de 2017, mais com servidores aposentados do que com servidores na ativa.
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É verdade
O Relatório de Gestão Fiscal em Foco do terceiro quadrimestre de 2017, divulgado pela Secretaria do Tesouro Nacional, vinculada ao Ministério da Fazenda, mostra o Rio Grande do Sul como o Estado que mais gastou com inativos e pensionistas — e, de fato, como o único que dispendeu mais com essa parcela do funcionalismo do que com servidores ativos. O custo deles representou 62% da despesa bruta com pessoal. Em segundo lugar vem São Paulo, com 46% da despesa comprometida com inativos e pensionistas.
Entrevista a GaúchaZH
Publicada em 12/09/2018
No plano estratégico de logística e transporte está apontada a necessidade de investimento de mais de R$ 30 bilhões, dos quais R$ 25,8 bilhões só em rodovias.
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É verdade
O Plano Estadual de Logística de Transportes (Pelt-RS) aponta, no item 2.5 do Plano de Ação, os "investimentos necessários para viabilização do Portfólio de Projetos". Conforme a "tabela 31: custos de Implantação por modal até 2039", o montante estimado para investimento em rodovias é de R$ 25.885.300.000. Ao ser somada esta quantia com os R$ 8.210.900.000 para ferrovias e os R$ 361.200.000 para hidrovias, chega-se ao total de R$ 34.457.400.000. O Pelt é uma ferramenta de planejamento para o transporte de cargas no Estado. Tem como objetivo investigar as deficiências no sistema e propor possíveis soluções. O estudo irá orientar o desenvolvimento logístico do Estado para os próximos 25 anos.
Em Pelotas, tivemos avanço expressivo no nosso governo: aumentamos 23%, entre 2013 e 2015, o Ideb nas séries iniciais. Tivemos novamente avanço expressivo agora. Passamos Canoas. Entre as cinco maiores cidades, fomos a que teve a curva mais inclinada.
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É verdade
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) nas séries iniciais do Ensino Fundamental na rede municipal de Pelotas passou de 3,9 pontos, em 2013, para 4,8 em 2015 – crescimento de 23%. Em 2017, o índice subiu para 5,2 – superior ao de Canoas, que chegou a 5,1. Leite também está correto ao afirmar que Pelotas teve a curva mais inclinada.
Desde o início da série histórica do Ideb, em 2005, o crescimento da cidade foi de 44%, contra 36% de Caxias do Sul, 34% de Canoas, 31% de Santa Maria. Porto Alegre não teve o Ideb de 2017 divulgado porque não cumpriu com o mínimo de alunos participantes nas provas que compõem o índice. Mas ainda que se considere a evolução até o último resultado, em 2015, o crescimento do indicador na Capital foi de 28%, abaixo, portanto, da cidade da região Sul. No entanto, no primeiro ano do governo do tucano, em 2013, Pelotas despencou no ranking.
A posição foi recuperada nas edições seguintes (no período, a evolução do índice pelotense também foi o maior entre os municípios citados). Pelotas também não bateu a meta estipulada no Ideb para 2017, de 5,3 – das maiores cidades, apenas Caxias do Sul e Santa Maria atingiram a meta.
A CEEE, que é deficitária, vai demandar aporte de recursos, aí temos um problema além da falta de investimentos num setor estratégico.
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Não é bem assim
O grupo CEEE é formado por duas empresas. Uma delas, a mais conhecida, é a CEEE Distribuição (CEEE-D), que leva energia até os consumidores finais. A companhia é deficitária. Nos últimos três anos, por exemplo, acumula prejuízo de R$ 1,13 bilhão. É a CEEE-D que precisa de aportes de recursos, sob o risco de perder a concessão do serviço que presta. O outro braço do conglomerado é a CEEE Geração e Transmissão (CEEE-GT). É responsável por usinas e linhas de transmissão. Essa empresa vem mostrando resultados positivos. Nos últimos três anos, somou lucro de R$ 1,39 bilhão.
Acesse o balanço da CEEE-D com dados entre 2015 e 2017
Acesse o balanço da CEEE-GT com dados entre 2015 e 2017
Debate na RBS TV
Publicado em 4/10/2018
Apenas nesta unidade (UBS Bom Jesus) — temos 50 unidades básicas de saúde em Pelotas —, nessa tinha reduzido a zero, quando em anos anteriores, eram dois, três (casos de exames de pré-câncer alterados).
Não é bem assim
Em relação à UBS Bom Jesus, uma tabela elaborada por profissionais da unidade mostra que o número de exames citopatológicos que apontam problemas nos pacientes na gestão do prefeito Adolfo Fetter Júnior (2009 a 2012), que foi anterior à de Eduardo Leite, confere em parte com o que o candidato disse. Por exemplo, em 2009 ocorreram 17 casos. Em 2010, cinco.Já uma comparação com outras seis UBS de Pelotas aponta que os resultados que indicam problemas nos pacientes ficaram entre zero e três por ano, o que se encaixa no número apresentado por Leite.
Confira o histórico de casos registrados na UBS Bom Jesus:
- 2009: 17
- 2010: 5
- 2011: 3
- 2012: 3
- 2013: 2
- 2014: 0
- 2015: 0
- 2016: 0
- 2017: 0 (até junho)
O governo do Rio Grande do Sul já foi conduzido de forma a queimarem os depósitos judiciais, como no governo do PT. (...) sustentaram despesas daquele governo sacando R$ 6 bilhões dos depósitos judiciais.
É verdade
Entre 2011 e 2014, segundo dados da Secretaria Estadual da Fazenda, o governo de Tarso Genro (PT) sacou, em valores nominais, R$ 5,66 bilhões da conta dos depósitos judiciais, que são recursos de terceiros em litígio na Justiça. A soma está dentro da margem considerada correta, conforme os critérios da checagem (variação de até 10%). Em valores corrigidos pelo IGP-DI, a soma é de R$ 7,5 bilhões.
Precisamos conter o avanço da nossa despesa, em que 80% quase dela está no gasto com o funcionalismo.
Não procede
Segundo o relatório de gestão fiscal consolidado de 2017, o Rio Grande do Sul teve despesa total de 54,95% da sua receita corrente líquida (RCL) com pessoal. Enquanto a RCL foi de R$ 35 bilhões, os gastos com o funcionalismo somaram R$ 19,2 bilhões. Este dado é o utilizado para o julgamento das contas do governador pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), que verifica o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O cálculo é definido com base em decisão do TCE, que desconsidera para fins de somatório de gastos com pessoal as pensões, assistência médica, auxílio-refeição, auxílio-transporte, auxílio-creche, bolsa de estudos, auxílio- funeral e o Imposto de Renda Retido na Fonte da remuneração dos servidores. Ao mesmo tempo, há um dado paralelo da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), que contabiliza mais despesas, segundo o qual o Rio Grande do Sul comprometeu 66,58% (R$ 24,097 bilhões) da sua RCL com folha de pessoal em 2017. Nos dois casos, os custos ficam abaixo do percentual citado pelo candidato.
Critérios de classificação
É verdade
A informação está correta e corresponde a dados e estatísticas oficiais.
Não é bem assim
Apenas parte da sentença está correta.
Não procede
O interlocutor está equivocado na informação que afirma.
Regras de checagem
1) São checadas as informações que têm verificação possível em fontes oficiais.
2) Os temas escolhidos levam em conta a relevância.
3) Os candidatos não são procurados pela reportagem.
4) Em caso de números arredondados pelos candidatos, os critérios utilizados pela equipe são:
- se a variação for de até 10%, para mais ou para menos, a informação é classificada como "É Verdade"
- se a variação for acima de 10% e até 30%, para mais ou para menos, a informação é classificada como "Não é bem assim"
- se a variação superar 30%, para mais ou para menos, a informação é classificada como "Não procede"
5) A equipe está aberta a contestações por parte dos candidatos, que posteriormente serão avaliadas pelos checadores.
Veja também
O GDI chegou as declarações dos demais candidatos. Confira: