Criado em 2014, o É isso mesmo?, mecanismo de checagem de GaúchaZH, entra em nova fase em 2018, com foco na cobertura eleitoral. Para isso, ganhou o reforço dos repórteres do Grupo de Investigação da RBS (GDI), que conferiram as declarações dos candidatos ao governo do Estado no primeiro debate da campanha eleitoral para o governo do Rio Grande do Sul, na Rádio Gaúcha, e na série de entrevistas publicada em GaúchaZH.
Tiveram declarações checadas os candidatos Eduardo Leite (PSDB), Jairo Jorge (PDT), José Ivo Sartori (MDB), Julio Flores (PSTU), Mateus Bandeira (Novo), Miguel Rossetto (PT) e Roberto Robaina (PSOL). Apenas Paulo de Oliveira Medeiros (PCO) não atendeu ao pedido de entrevista.
Confira, abaixo, as declarações de Mateus Bandeira checadas pelos repórteres do GDI:
Debate na Rádio Gaúcha
Publicado em 16/08/2018
MATEUS BANDEIRA
Eu tenho muito orgulho de dizer que, nesses três anos em que eu dirigi o Tesouro e o Planejamento, foram os únicos três anos nas últimas duas décadas em que as contas estiveram no azul.
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É verdade
Em 2007, 2008 e 2009, nos primeiros três anos do governo de Yeda Crusius (PSDB), o Estado fechou as contas com saldo positivo, conforme os Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária com dados de janeiro a dezembro de cada ano, disponíveis no site da Secretaria Estadual da Fazenda. Em valores nominais, houve superávit orçamentário de R$ 890,24 milhões em 2007, de R$ 442,65 milhões em 2008 e de R$ 10,39 milhões em 2009. A última vez em que isso havia ocorrido foi em 1998, na gestão de Antônio Britto (MDB). Entre 2007 e 2008, Bandeira foi diretor do Tesouro do Estado e, na sequência, assumiu a Secretaria do Planejamento, de onde saiu em abril de 2010. No fim daquele ano, o Estado voltou a registrar déficit orçamentário, no valor nominal de R$ 156,52 milhões.
MATEUS BANDEIRA
Nós colocamos uma parceria público-privada de pé no sistema prisional, inspirada nos modelos mais avançados e exitosos do mundo, (...) que o governo seguinte, do governador Tarso Genro, tratou de cancelar.
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É verdade
Bandeira realmente coordenou o projeto das PPPs na gestão da governadora Yeda Crusius (PSDB) e foi à Europa para conhecer exemplos no sistema prisional. Em fevereiro de 2010, foi feito o anúncio de penitenciárias em Canoas. Na época, Yeda e o então prefeito de Canoas, Jairo Jorge, assinaram acordo para instalar um complexo prisional para 3 mil vagas, em regime de parceria público-privada (PPP). A cadeia ficaria pronta em fevereiro de 2012.
Em maio de 2011, um novo projeto substituiu a PPP. O governador Tarso Genro desistiu da proposta de PPP e anunciou um presídio para jovens adultos (18 a 24 anos) com 600 vagas em regime fechado e 108 para o semiaberto. Mas o governo federal vetou esse tipo de cadeia, e surgiu um novo projeto: quatro unidades para 2,8 mil presos em regime fechado ao custo de R$ 122 milhões. Em julho de 2013, ocorreu a construção sem licitação da Penitenciária 1 de Canoas.
Entrevista a GaúchaZH
Publicada em 04/09/2018
MATEUS BANDEIRA
Aplicar o piso do jeito que o magistério quer, lá no vencimento básico, significa impacto de R$ 500 milhões mensais.
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Não é bem assim
De acordo com relatório de abril da Secretaria Estadual da Fazenda sobre o quadro de pessoal, a repercussão financeira prevista para 2018, caso o piso fosse pago integralmente nos termos da lei, seria de R$ 5,59 bilhões, incluindo o 13º salário. O custo mensal, portanto, considerando a projeção da secretaria, seria de R$ 430 milhões.
MATEUS BANDEIRA
Hoje, temos cerca de 600 brigadianos no Presídio Central e na PEJ (Penitenciária Estadual do Jacuí). São servidores da ativa, que poderiam estar na rua, patrulhando.
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Não procede
Em julho de 1995, o governo de Antônio Britto (MDB) determinou o ingresso de 600 policiais militares (PMs) em cinco unidades prisionais para arrefecer uma crise nas prisões provocada por motins e rebeliões. Batizada de Operação Canarinho, a presença dos PMs estava prevista para durar apenas 180 dias, mas isso jamais se confirmou. Dez anos depois, o número de PMs foi reduzido para 560 em três cadeias. Em 27 de agosto, data em que foi feita a entrevista com Bandeira, havia, conforme o subcomandante-geral da Brigada Militar (BM), coronel Eduardo Biacchi, 288 PMs na Cadeia Pública de Porto Alegre (Presídio Central) e 131 na PEJ, totalizando 419. Nesta segunda-feira (3), o número total era de 415. Para trabalhar nos presídios, os PMs recebem gratificação adicional ao salário que varia entre R$ 2,3 mil e R$ 3,1 mil.
MATEUS BANDEIRA
Temos um pouco mais de 900 mil alunos na rede estadual de ensino, dos quais 510 mil são de Ensino Fundamental. Nos últimos 15 anos, e a gente já mostrava isso no governo Yeda Crusius, existe redução do número de alunos.
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É verdade
Segundo dados do Censo Escolar de 2017, a rede estadual do Rio Grande do Sul tem 930.616 alunos matriculados, sendo que, destes, 513.863 mil estão no Ensino Fundamental. No primeiro ano do governo Yeda Crusius (PSDB), em 2007, eram 1.321.994 alunos matriculados nas escolas estaduais. No último ano de sua gestão, em 2010, o número de matrículas havia caído para 1.158.483. Em 2007, conforme estimativas populacionais da Fundação de Economia e Estatística (FEE), a população de crianças entre seis e 14 anos, que corresponde ao Ensino Fundamental, era de 1.589.533. Dez anos depois, passou para 1.286.965, queda de 19%. A redução de matrículas nesta etapa de ensino, na rede estadual, foi em proporção ainda maior (29%). Os números do Censo Escolar indicam que a demanda foi absorvida por escolas municipais e pela rede privada.
MATEUS BANDEIRA
Entregamos, em 2010, o melhor ano da história do banco (Banrisul) no índice de eficiência e o segundo melhor ano em lucratividade, só superado pelo ano seguinte, que obviamente se beneficiou de medidas que a gente tomou.
Leia a entrevista
Não procede
O índice de eficiência de 2010 do Banrisul não foi o melhor da história do banco. O indicador mede, em percentual, o volume de receitas utilizadas para cobrir despesas administrativas. Assim, quanto menor o índice, maior a eficiência. Em 2010, ficou em 47,8%. O menor, e portanto, de maior eficiência, foi em 2011, com 45,2%. No ano seguinte, ficou em 47,5%, também melhor do que o de 2010, conforme mostram os balanços do banco estatal gaúcho. De 2006 a 2009 e, depois, de 2013 a 2017, sempre foi acima de 50%. O ano de 2010 também não foi o segundo melhor em lucratividade. Nos exercícios de 2006 e 2007, por exemplo, o índice foi de 29,7% e 44,8%, maior do que em 2010, de 20,4%. Em 2011, subiu para 21,9%. O indicador é conhecido como ROAE. É uma sigla em inglês que significa retorno sobre o patrimônio líquido médio. É uma das medidas mais utilizadas para verificar a rentabilidade de uma companhia. O percentual é obtido pela divisão do lucro líquido pelo patrimônio líquido médio ao longo dos trimestres do ano. Mostra o lucro que a instituição foi capaz de conseguir usando os recursos aplicados pelos acionistas. Em 2016, o retorno sobre o patrimônio líquido médio foi de 10,3%. Em 2017, de 13,5%. Os balanços estão disponíveis no site do banco.
Confira documentos com os índices de eficiência (quanto menor o percentual, melhor) do Banrisul - Em 2010 (47,8%) - Em 2011 (45,2%) - Em 2012 (47,5%)
Confira documento com os índices de lucratividade (ROAE) do Banrisul em 2006 e 2007
Confira documento com os índices de lucratividade (ROAE) do Banrisul em 2010 e 2011
Confira documento com os índices de lucratividade (ROAE) do Banrisul em 2016 e 2017
Critérios de classificação
É verdade
A informação está correta e corresponde a dados e estatísticas oficiais.
Não é bem assim
Apenas parte da sentença está correta.
Não procede
O interlocutor está equivocado na informação que afirma.
Regras de checagem
1) São checadas as informações que têm verificação possível em fontes oficiais
2) Os temas escolhidos levam em conta a relevância
3) Os candidatos não são procurados pela reportagem
4) Em caso de números arredondados pelos candidatos, os critérios utilizados pela equipe são:
— se a variação for de até 10%, para mais ou para menos, a informação é classificada como "É Verdade"
— se a variação for acima de 10% e até 30%, para mais ou para menos, a informação é classificada como "Não é bem assim"
— se a variação superar 30%, para mais ou para menos, a informação é classificada como "Não procede"
5) A equipe está aberta a contestações por parte dos candidatos, que posteriormente serão avaliadas pelos checadores
Veja também
O GDI chegou as declarações dos demais candidatos. Confira:
