Com o apoio do PP, mas sem a presença de Luis Carlos Heinze, o PSDB lançou oficialmente, neste domingo (5), a candidatura de Eduardo Leite ao governo do Estado. Na Casa do Gaúcho, em Porto Alegre, o ex-prefeito de Pelotas prometeu devolver a confiança aos gaúchos, reduzir a carga tributária e priorizar a segurança pública. Além disso, fez um agradecimento especial ao PP e a Heinze, por ter desistido de disputar o Palácio Piratini para concorrer ao Senado na coligação tucana.
A reviravolta ocorreu no fim da última semana, quando a senadora Ana Amélia Lemos decidiu aceitar o convite de Geraldo Alckmin (PSDB) para ser candidata a vice-presidente da República. Inesperada, a mudança tornou inevitável a união dos dois partidos no Rio Grande do Sul e rifou as pretensões de Heinze em relação ao Piratini. O deputado federal concordou em competir pela vaga de senador, depois voltou atrás, abrindo crise na sigla, mas, no fim, acabou aceitando a nova condição.
Com isso, Leite fechou coligação com seis partidos, além do PSDB: PTB, PP, PHS, PPS, Rede e PRB. Para o Senado, foram confirmados os nomes do ex-deputado estadual Mário Bernd (PPS) e de Heinze. A ausência do ex-prefeito de São Borja – que chegou a ter o nome anunciado ao microfone, pelo mestre de cerimônia – foi minimizada por representantes do PP. GaúchaZH tentou falar com Heinze à tarde, mas o telefone celular dele estava desligado.
— Ele não veio por questões de agenda. Já tinha um compromisso marcado. Está tudo bem. Tudo bem mesmo — disse o prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin (PP).
Em seu discurso, o presidente estadual do PP, Celso Bernardi, tratou de exaltar a postura do deputado preterido. Para deixar claro que não há crise, garantiu que os mais de 220 mil filiados da sigla farão campanha para Leite. Bernardi também pediu que as principais propostas da legenda sejam incorporadas ao programa de governo, entre elas melhorias na segurança pública.
— Quero dizer muito obrigado ao deputado Heinze, que abriu mão de seu projeto de meses para colocar o Rio Grande em primeiro lugar — ressaltou Bernardi, que também elogiou Ana Amélia.
Leite retribuiu na mesma medida. Também fez agradecimentos e, citando o seu candidato a vice, delegado Ranolfo Vieira Jr (PTB), garantiu que dará um basta na violência, se for eleito. Leite criticou a política do governador José Ivo Sartori (MDB) na área e afirmou que a violência tem levado muita gente a deixar o Rio Grande do Sul.
— Quero agradecer aos progressistas, que tiveram esse gesto de desprendimento. Não era de se esperar nada diferente de Heinze, que é um grande deputado federal — afirmou o tucano.
O reforço do PP na campanha é encarado, no PSDB, como uma prova de força – e um duro golpe na tentativa de reeleição de José Ivo Sartori (MDB), que também se lançou à corrida eleitoral neste domingo. Desde o início do ano, a legenda tentava atrair o PP, que tem grande influência no Interior e potencial para ampliar o alcance das propostas de Leite. Ao mesmo tempo, o MDB de Sartori fez o possível para evitar a aproximação. Embora os adversários apostem em racha no PP, reconhecem que a adesão do partido aumentará o tempo de propaganda no rádio e na TV de Leite.
Durante a convenção, além de sinalizar atenção especial à segurança pública, o ex-prefeito de Pelotas se comprometeu, caso seja eleito, a reduzir a burocracia do Estado, a fazer parcerias com a iniciativa privada para assegurar avanços na área de infraestrutura e a modernizar a educação – segundo ele, os métodos de ensino em vigor são do século 19 e o professor parou no século 20. Ele também disse que os gaúchos pagam impostos altos demais para um retorno mínimo e que planeja mudar isso.
— Temos de buscar reduzir a carga tributária. Para isso, temos de reformar o próprio governo, rever privilégios — destacou.
Depois de chamar os pais ao palco, para que "olhassem no olho de cada um" e vissem "a esperança" nos semblantes dos apoiadores, afirmou que irá devolver a confiança aos gaúchos, que vivem um período de desalento. Prometeu honestidade e franqueza, características que, na avaliação dele, são "o segredo dessa eleição".
— O grande trabalho que a gente tem pela frente não é apenas o de gerenciar recursos, planejar políticas públicas, fazer o controle do gasto. O grande desafio é fazer o povo gaúcho voltar a confiar em si mesmo — declarou.
Formado em Direito, defensor de parcerias com iniciativa privada e redução da máquina pública, Leite faz mestrado em Gestão e Políticas Públicas, em São Paulo. É filiado ao PSDB desde os 16 anos e governou Pelotas entre 2013 e 2016.