Sem decolar nas pesquisas, o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, elegeu o adversário do PSL, Jair Bolsonaro, como alvo a ser combatido. O deputado federal lidera os levantamentos eleitorais sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nas últimas semanas, o ex-governador paulista elevou o tom contra o parlamentar carioca. Ao abandonar o estilo conciliador, o tucano estaria tentando desconstruir o rival e alertar o seu eleitorado sobre o "risco" representado por Bolsonaro, que desdenhou de Alckmin, ao afirmar que "não ter tempo" para discutir com o adversário.
Confira a cronologia dos ataques:
23 de maio
Pelo Twitter, a assessoria de Alckmin publicou reportagens sobre a evolução patrimonial de Bolsonaro.
25 de maio
Dois dias depois, o ex-governador cometeu uma gafe em sua página oficial no Facebook. Em referência a Bolsonaro, publicou que "Jogo é jogo. Treino é treino". Porém, o seu próprio perfil comentou a postagem. "Bolsonaro nunca entrou em campo e o cara vem querer cantar de galo!", escreveu.
30 de maio
Indiretamente, o tucano criticou a postura do ex-militar durante a greve dos caminhoneiros. Primeiro, Bolsonaro apoiou a paralisação. Depois, defendeu que fosse encerrada. "O ódio dos radicais trará caos. Temos que estar atentos para aqueles que jogam combustível no incêndio para depois aparecer vestidos de bombeiros", publicou o ex-governador nas redes sociais.
5 de junho
Em evento em São Paulo, Alckmin disse que Bolsonaro não deve chegar ao segundo turno. "Acho que ele não chega no segundo turno. Vocês se impressionam com pesquisa antes da hora", declarou a jornalistas.
6 de junho
O tucano chamou o adversário para o debate. Pelo Twitter, questionou quais as propostas do ex-militar para a área da segurança pública. Em resposta, Bolsonaro chamou o ex-governador de "Santo" (uma referência ao suposto apelido atribuído a Alckmin em documentos da Lava-Jato).
7 de junho
Na última quinta-feira, o ex-governador elevou o tom. O tucano escreveu no Twitter: "Bolsonaro foge dos debates porque não tem o que dizer. Fugiu também da sabatina da Folha. Convido a imprensa a procurar propostas sobre segurança pública em seu site. Nada até agora. Me acusa de ser o 'santo' quando sabe que se trata de fake news. Covardia, leviandade ou os dois?".
Sem resposta, Alckmin publicou um meme de John Travolta indicando que procurou as propostas, mas não as encontrou. Ao jornal O Estado de S. Paulo, o ex-militar desdenhou de Alckmin.
— Ele está perdendo para mim até em São Paulo. Não tenho tempo para ficar discutindo essas coisas com ele. Não tenho tempo para perder com Alckmin. Quando ele tiver na minha frente em São Paulo, ou atingir dois dígitos, ele liga para mim — afirmou, pelo telefone.
Em "tréplica", o ex-governador afirmou que Bolsonaro é "arrogante":
— Ele está de salto alto e arrogante. Eu vou com minha sandália da humildade.