O ex-presidente da Câmara de Vereadores de Veranópolis, Aristeu André Caron (PRD, ex-PTB), entregou uma carta em que comunica a renúncia ao cargo de parlamentar do município da Serra. O documento foi protocolado em 4 de dezembro, e a informação foi divulgada somente nesta segunda-feira (11). Afastado das funções de vereador desde setembro deste ano, Caron alegou questões pessoais para a desistência do mandato.
Com a renúncia, o Legislativo informou que a vereadora Gioconda Carla Dal Ponte (PRD), que ocupava a cadeira de Caron desde setembro, assume a vaga de forma definitiva. Eleito em 2020 com 400 votos, o agora ex-vereador foi denunciado pelo Ministério Público (MP) em 8 de novembro por tentativa de homicídio qualificado contra um homem de 34 anos, crime registrado no dia 20 de setembro.
Caron, que também é comerciante no município, atirou no rosto da vítima durante a entrega de uma carga de tomates. Ele ficou pouco mais de 30 dias detido no Presídio de Nova Prata, mas foi solto após um pedido de habeas corpus concedido em 26 de outubro.
Os qualificadores que constam na denúncia do MP são motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima. Conforme o promotor Lucio Flavo Miotto, o motivo torpe seria em decorrência de um desacordo comercial em relação ao valor do frete da carga de tomates que seria entrega pela vítima. Além disso, Caron teria pego o caminhoneiro de surpresa, tendo em vista que o vereador teria desembarcado de seu veículo já com a arma na mão e disparado em seguida, o que configura o recurso que dificulta a defesa, segundo informou o MP.
Entenda o caso
O caso aconteceu no comércio de Caron, às margens da BR-470, no bairro Monte Bérico. Após o disparo, o parlamentar fugiu e ligou para o delegado da Polícia Civil do município, Tiago Baldin, que o orientou a se entregar.
No dia 28 de setembro, Caron prestou depoimento à Polícia Civil. Durante a conversa, o vereador disse à polícia que estava sendo extorquido e ameaçado pelo que homem que acabou sendo baleado. A defesa da família da vítima afirma que provará que não houve ameaças e que o empresário chegou atirando contra o rosto da vítima.
A Polícia Civil havia indiciado o vereador em outubro por tentativa de homicídio qualificado e remeteu o inquérito à Justiça. Conforme as investigações, no final de semana do dia 16 de setembro, o vereador contratou uma carga de um fornecedor de Goiás.
Esse fornecedor indicou um homem para transportar a carga e o caminhão que faria o transporte até Veranópolis. O entregador tinha antecedentes criminais e chegou a ser parado pela polícia, durante o trajeto, quando foi identificado — os agentes também encontraram uma porção de maconha com ele.
O delegado Baldin afirmou que o vereador foi comunicado, inclusive, sobre os antecedentes do transportador. A polícia apurou, por extratos de análise de telefone celular, que o caminhoneiro estava exigindo valores muito além daqueles contratados para o frete. Conforme o vereador afirmou em depoimento à polícia, além das extorsões, ele e a família passaram a ser ameaçados:
— Isso gerou um temor no indiciado, que já havia sido vítima de um roubo com cárcere privado envolvendo a família, o que o motivou a confrontar a vítima. Segundo o indiciado, a intenção dele não era atingir a vítima, mas "dar um susto nela".
A defesa de Caron reiterou que o fato decorreu de extorsões e ameaças sofridas por Aristeu, as quais estavam sendo feitas pelo homem.
A defesa do homem que foi baleado, representada pela advogada Marina Martins, afirma que "provará que não foram feitas ameaças pelo caminhoneiro e que o empresário e vereador de Veranópolis chegou atirando". Com relação aos antecedentes da vítima, a advogada ressalta que ele já respondeu aos processos e não deve nada à Justiça.