O vereador e empresário Aristeu André Caron (PTB) prestou depoimento à Polícia Civil de Veranópolis no começo da tarde de quinta-feira (28) no presídio de Nova Prata. Ele está preso por tentativa de homicídio por balear um homem de 34 anos no rosto no último dia 20. Segundo o delegado Tiago Baldin, o interrogatório durou cerca de duas horas. Durante a conversa, Caron disse à polícia que estava sendo extorquido e ameaçado pela vítima. Já a defesa da família do homem que foi baleado afirma que provará que não houve ameaças e que o empresário chegou atirando contra o rosto da vítima.
Conforme Baldin, o investigado indicou como testemunha o fornecedor da carga de tomates que foi entregue pela vítima na fruteira dele. O estabelecimento fica às margens da BR-470, onde aconteceu o crime.
— Ele relatou as diversas extorsões e ameaças que a vítima fazia não apenas contra o investigado, mas contra toda a família dele, listando nome de esposa, filhos, local de trabalho, de residência e extrapolando em muito os valores que seriam devidos. O acusado teria, primeiramente, a obrigação do pagamento do frete da carga e o valor da carga em si ele pagaria ao fornecedor, que é do estado de Goiás — relata Baldin.
Ainda conforme o delegado, o investigado relatou que desde o começo das negociações entre o empresário e a vítima houve divergência de caminhões, tanto que a polícia de Goiás foi acionada quando surgiu a desconfiança de que algo não seguia conforme o combinado:
— Isso foi elevando a temperatura das conversas, culminando na atitude que o investigado teve. O nosso desafio é reunir todas as informações a partir do depoimento do investigado para confrontar com a prova que está nos autos e as provas que ainda vão ser incluídas ao inquérito, principalmente do acesso autorizado ao telefone do investigado, onde consta toda essa conversa desde o início da aquisição da carga até a entrega — destaca.
Com base no depoimento, o delegado afirma ainda que o valor da carga era estabelecido entre quem recebe a mercadoria, que é o investigado, e essa testemunha, que é o fornecedor de Goiás. Natural do Paraná, a vítima parou em Curitiba, sendo que o município não integrava a rota entre Goiás e Veranópolis.
— O caminhoneiro que foi baleado atua como uma espécie de intermediador. Ele pega a carga de um lugar e entrega em outro. Ele não tem a propriedade da carga e, sim, a posse da carga por meio do caminhão, em que ele faz esse transbordo de Goiás a Veranópolis. No meio do caminho, ele acabou parando em Curitiba, que não seria a rota natural dessa entrega. A partir daí, segundo o interrogado, ele teria mudado o comportamento, teria mudado o tom e exigido muito mais dinheiro do que havia sido contratado. A partir da negativa do investigado, as ameaças se tornaram mais efetivas, inclusive, voltadas à família do investigado.
Defesa da vítima nega versão do investigado
A defesa do homem que foi baleado afirma que provará que não foram feitas ameças pelo caminhoneiro e que o empresário e vereador de Veranópolis chegou atirando. A defesa ressalta ainda que há uma testemunha que foi coagida e, portanto, tomará providências a respeito. A vítima segue internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital de Caxias do Sul. Ele segue entubado e o estado de saúde é grave.
A Polícia Civil pretende concluir o inquérito na primeira quinzena de outubro.
Mudanças no Legislativo
Após a prisão, o empresário, que ocupava a presidência da Câmara de Vereadores de Veranópolis, via assessoria jurídica, pediu licença por 90 dias. Assim, a suplente Gioconda Dal Ponte (PTB) assume o mandato em 2 de outubro. Já o então vice-presidente do Legislativo, Luis Carlos Comiotto (PDT), assume a presidência da Casa.