O vereador e empresário de Veranópolis Aristeu André Caron (PTB) foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado após atirar contra o rosto de um homem de 34 anos. O inquérito policial foi remetido nesta quarta-feira (18) à Justiça pela Polícia Civil. O crime ocorreu por volta das 15h20min do dia 20 de setembro em frente a uma fruteira que pertence ao vereador. O estabelecimento fica às margens da BR-470, no bairro Monte Bérico.
A vítima é um homem natural do Paraná que, no dia do crime, estava em Veranópolis para realizar uma entrega de tomates na fruteira do vereador, que na ocasião presidia a Câmara de Vereadores da cidade. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros, inconsciente, e levado ao Hospital Comunitário São Peregrino Lazziozi. Depois disso, em função da gravidade do ferimento, foi transferido para Caxias do Sul. Segundo a defesa da vítima, ela teve alta no último dia 7 e voltou para a cidade de Colombo (PR). Ainda conforme a defesa, ele não movimenta um dos braços e não consegue caminhar.
O vereador, que segue preso em Nova Prata, alegou que a motivação do crime foi um desacordo comercial. Com base nas investigações, depoimentos e provas coletadas ao longo do inquérito, o delegado Tiago Baldin ressalta que foi retirado do indiciamento o motivo fútil:
— Investigamos o histórico criminal e descobrimos que a vítima na verdade praticava extorsões não só contra o indiciado, mas também contra um fornecedor de carga.
Para o delegado, conforme as apurações, o motivo para o crime foi a extorsão:
— Isso é o que nós conseguimos apurar nos autos do inquérito por meio da oitiva de diversas testemunhas, análise de quebra de dados de telefone celular. A vítima tem um histórico de antecedentes criminais pelos mais diversos crimes, inclusive tráfico de drogas.
Conforme as investigações, no final de semana do dia 16 de setembro, o vereador contratou uma carga de um fornecedor de Goiás. O fornecedor indicou um homem para transportar a carga e o caminhão que faria o transporte até Veranópolis.
— No caminho para a Serra, a polícia abordou a vítima ainda no domingo (17) e identificou que ele tinha antecedentes criminais e uma porção de maconha na boleia do caminhão que ele estava dirigindo. Foi feito Termo Circunstanciado por posse de entorpecentes, mas ele foi liberado — explica.
Ainda segundo o delegado, o vereador foi comunicado, inclusive, sobre os antecedentes do transportador. A polícia apurou, por extratos de análise de telefone celular, que a vítima estava exigindo valores muito além daqueles contratados. Conforme o vereador afirmou em depoimento à policia, além das extorsões, ele e a família passaram a ser ameaçados:
— Isso gerou um temor no indiciado que já havia sido vítima de um roubo com cárcere privado envolvendo a família, o que o motivou a confrontar a vítima. Segundo o indiciado, a intenção dele não era atingir a vítima, mas "dar um susto nela".
Defesa do vereador
A defesa de Aristeu André Caron, o advogado Kleber Ben, se manifestou por nota:
"A defesa de Aristeu André Caron até o presente momento vem trabalhando no sentido de que seja revista a prisão preventiva decretada e aguarda o julgamento de Habeas Corpus, pois ausentes os elementos a justificar a manutenção de uma prisão deste gênero. No tocante às conclusões do inquérito policial, discordando parcialmente da compreensão lá constante sobre o enquadramento a título de homicídio qualificado, na medida em que constantes ao longo das investigações inúmeras provas que apontam de forma bastante clara, prévia conduta da vítima contra o investigado, não apenas a título de extorsões, mas principalmente graves ameaças contra a vida dos membros de sua família, não restando outra alternativa senão a de aguardar o subsequente oferecimento de denúncia a ser realizada pelo douto Promotor de Justiça, o qual poderá rever tal posicionamento adequando-o para a situação fática - ocasião em que a Defesa se manifestará nos autos processuais".
O que diz a defesa da vítima
A defesa do homem que foi baleado, representada pela advogada Marina Martins, afirma que "provará que não foram feitas ameaças pelo caminhoneiro e que o empresário e vereador de Veranópolis chegou atirando". Com relação aos antecedentes da vítima, a advogada ressalta que ele já respondeu aos processos e não deve nada à Justiça.