O Ministério Público de Veranópolis denunciou o vereador Aristeu André Caron (PTB) por tentativa de homicídio qualificado contra um homem de 34 anos, crime registrado no dia 20 de setembro. Caron, que também é comerciante no município, atirou no rosto da vítima durante a entrega de uma carga de tomates. A homem baleado é do Paraná.
Os qualificadores que constam na denúncia do MP são motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima. Conforme o promotor Lucio Flavo Miotto, o motivo torpe seria em decorrência de um desacordo comercial em relação ao valor do frete da carga de tomates que seria entrega pela vítima. Além disso, Caron teria pego o caminhoneiro de surpresa, tendo em vista que o vereador teria desembarcado de seu veículo já com a arma na mão e disparado em seguida, o que configura o recurso que dificulta a defesa, segundo informou o MP.
O caso aconteceu no comércio de Caron, às margens da BR-470, no bairro Monte Bérico. Após o disparo, o parlamentar fugiu e ligou para o delegado da Polícia Civil do município, Tiago Baldin, que o orientou a se entregar.
No dia 28 de setembro, Caron prestou depoimento à Polícia Civil por duas horas. Durante a conversa, o vereador disse à polícia que estava sendo extorquido e ameaçado pelo que homem que acabou sendo baleado. A defesa da família da vítima afirma que provará que não houve ameaças e que o empresário chegou atirando contra o rosto da vítima.
Inquérito da Polícia Civil
A Polícia Civil havia indiciado o vereador em outubro por tentativa de homicídio qualificado e remeteu o inquérito à Justiça. Conforme as investigações, no final de semana do dia 16 de setembro, o vereador contratou uma carga de um fornecedor de Goiás. Esse fornecedor indicou um homem para transportar a carga e o caminhão que faria o transporte até Veranópolis. O entregador tinha antecedentes criminais e chegou a ser parado pela polícia, durante o trajeto, quando foi identificado - os agentes também encontraram uma porção de maconha com ele.
O delegado Baldin afirmou que o vereador foi comunicado, inclusive, sobre os antecedentes do transportador. A polícia apurou, por extratos de análise de telefone celular, que o caminhoneiro estava exigindo valores muito além daqueles contratados para o frete. Conforme o vereador afirmou em depoimento à policia, além das extorsões, ele e a família passaram a ser ameaçados:
— Isso gerou um temor no indiciado, que já havia sido vítima de um roubo com cárcere privado envolvendo a família, o que o motivou a confrontar a vítima. Segundo o indiciado, a intenção dele não era atingir a vítima, mas "dar um susto nela".
Caron foi solto no dia 26 de outubro, por meio de habeas corpus.
O que dizem as defesas
Kleber Ben, advogado de Caron:
- "A defesa ainda aguarda a citação para tomar ciência dos termos e se manifestará nos autos do processo, limitando-se a reiterar que o fato decorreu de extorsões e ameaças sofridas por Aristeu, as quais estavam sendo feitas pelo homem".
Defesa da vítima:
- A defesa do homem que foi baleado, representada pela advogada Marina Martins, afirma que "provará que não foram feitas ameaças pelo caminhoneiro e que o empresário e vereador de Veranópolis chegou atirando". Com relação aos antecedentes da vítima, a advogada ressalta que ele já respondeu aos processos e não deve nada à Justiça.