Uma reunião do diretório do Partido Socialista Brasileiro (PSB) de Caxias do Sul, aprovou a entrada da sigla na base de apoio do Governo Adiló Didomenico (PSDB). Após as deliberações e avaliações dos correligionários na noite desta segunda-feira (13), ficou decidido que o ex-presidente socialista, Adriano Boff, e o atual vereador pelo partido, Wagner Petrini, têm "carta branca" para definir com o Executivo de que forma se dará esta composição. Ou seja, são eles que irão conversar com o prefeito a respeito dos cargos na prefeitura que serão ocupados pelo PSB.
Petrini explica que, a partir de agora, é "questão de tempo" para alinhavar com o prefeito os espaços que o partido poderá preencher. Segundo ele, o objetivo é participar do governo para ajudar Adiló e a cidade, principalmente em relação a movimentos comunitários e populares.
— (Para que o governo) tenha um olhar mais comunitário, até porque temos várias lideranças de bairro consolidadas. Sabemos que o novo governo federal olha muito para o social, teremos uma avanço na questão da habitação, para voltar com essa política social da casa popular, que Caxias do Sul desde 2017 não recebe uma obra. Temos espaços que estamos conversando com o prefeito na (Secretaria de) Obras, até mesmo no (Secretaria de) Esporte (e Lazer). Estaremos no governo e vamos ajudar Caxias do Sul — detalha.
Segundo Boff, "a bola" para decidir a participação do PSB no governo está com o prefeito, que, através da assessoria da prefeitura, garantiu ainda estar interessado em ter o partido na sua base. Ele afirma que as negociações estão em uma fase madura e com conversas bem alinhavadas.
— Não estamos com pressa, e acho que nem o prefeito, as coisas precisam ser feitas no prazo ideal. O que tinha de maiores dificuldades para não haver definição foi chancelado na reunião. Nosso partido fez tudo aquilo que manda o manual. Agora o prefeito deve reunir sua turma, e nos informar. O prefeito passou por lá quando estávamos nos encaminhando para o encerramento da reunião, foi bem recebido e ele já sabe das nossas decisões, a bola está com ele, mas não estamos cobrando nada, não temos pressa — garante Adriano.
Além disso, o ex-presidente da sigla explica que enxerga em Adiló um "governo tradicional", e que o PSB não tem preconceito em participar dessa base, assim como já fizeram anteriormente nos governos de Pepe Vargas (PT), José Ivo Sartori (MDB) e Alceu Barbosa Velho (PDT).
— Estamos dando foco nos pontos que temos em comum. Podemos ter oposição a alguns pontos da administração dele, mas ele se coloca com respeito, diálogo e dentro do espírito democrático. Para nós, isso é o fato principal. O prefeito procurou o partido passadas as eleições em outubro, estabeleceu um processo de diálogo e foi construindo isso desde então — resume Boff.
Novos cargos na prefeitura
Uma das especulações a respeito da participação do PSB no governo caxiense dava como certo o vereador Petrini na Secretaria de Habitação, a partir da troca do secretariado promovida pelo prefeito Adiló no dia 1º de fevereiro. A pasta ficou interinamente a cargo do ex-prefeito Flávio Cassina (PTB), e, no anúncio das mudanças, Adiló afirmou que seguia com interesse em contar com o PSB, mas que o "partido ainda precisava se decidir internamente" (referia-se também à liberação de Petrini para o secretariado, pois havia impasse no partido sobre quem entraria na cadeira dele na Câmara).
Além disso, os projetos que previam a criação de novos cargos na prefeitura — primeiramente de secretário-adjunto, rejeitado em plenário, e depois de diretores-superintendentes, retirado pela prefeitura de última hora antes da votação — abririam espaço para pelo menos duas indicações do PSB às novas funções. Estas não-aprovações, inclusive, seriam o motivo de Petrini ainda não ter sido anunciado como secretário. Entretanto, Adriano Boff garante que este assunto não foi objeto de discussão na reunião desta segunda-feira.
— Foi um encontro muito mais em cima de temas caros a nós, de que forma seria feito, os pontos que achamos relevantes na Administração, (a decisão de criar os cargos) cabe muito mais ao Executivo do que a nós. Ninguém vai entrar no governo sem ser reconhecido internamente pelo partido. Vão entrar pessoas, se assim o prefeito desejar, em quadros e áreas importantes para ele, para nós e para a população. Que todo mundo entenda que o governo está tentando dar um passo em direção à totalidade da população, é preciso governar para todos — esclarece Boff.
Em nota, a assessoria da prefeitura afirma que o Executivo pretende reenviar o projeto de criação dos cargos de diretores-superintendentes à Câmara, o que será precedido de diálogo com vereadores para esclarecer a proposta. Entretanto, não foi estabelecido um prazo para que isso seja realizado. Além disso, a nota afirma que serão "cargos técnicos, e não políticos, com o objetivo de fortalecer a gestão de secretarias de grande demanda. A estruturação foi concebida de tal forma a não aumentar despesas".