As gurias do Brasil de Farroupilha conquistaram, no último sábado (19), o bicampeonato do Interior no Gauchão Feminino. O time da Serra derrotou o Estrela por 4 a 1 e, com isso, está garantido no Brasileirão A-2 de 2021. O diretor de administração do Brasil-Fa, Gabriel Marchet, é um dos responsáveis pela ascensão do projeto de futebol feminino dentro do clube e orgulha-se dos frutos que a equipe vem colhendo.
— Desde o início do nosso projeto que apesar de ter iniciado modesto e ainda ter limitações, nunca abrimos mão de gerir o clube com profissionalismo, de ter nosso planejamento estratégico, nossas metas e nossos valores. E dentro do planejamento estratégico, tínhamos sim o objetivo claro de ser referência no interior do RS no futebol feminino, e na nossa concepção foi alcançado isso ainda em 2019 e consolidado em 2020 apesar de todos os fatores atípicos deste ano. O Brasil é sim a melhor equipe de futebol feminino do interior do Estado e automaticamente passa a ser referência no certame.
Além de Marchet, duas figuras importantes para o crescimento do futebol feminino dentro do Brasil-Fa são o diretor do departamento feminino, Daniel Girelli, e a coordenadora, Tatieli Pozza. Além de, claro, todo o quadro de funcionários, envolvendo atletas, comissão técnica, departamento médico e afins. Com base no trabalho realizado nesta temporada, o diretor de administração do clube projeta um 2021 de sucesso.
— Essas evoluções todas, aliadas ao crescimento da nossa equipe dentro de campo nos mostra que podemos projetar um 2021 muito exitoso, uma nova disputa de série A2, com uma equipe mais competitiva e agora mais experiente, e sim sonhar com o acesso, pois em alguns aspectos podemos afirmar mesmo com toda humildade que é uma marca do nosso projeto que já estamos preenchendo alguns requisitos de clubes que atualmente estão na elite, e essas evoluções citadas nos mostram isso, precisamos aprimorar as demais, por isso precisamos de apoio e muito trabalho, mas o cenário é otimista — acredita.
Em relação às atletas, também há uma ascensão em comparação ao que ocorria nos anos anteriores. No futebol feminino, como um todo, muitas gurias precisam conciliar a rotina de trabalho e/ou estudos com a carreira de jogadoras. Neste ano, porém, o Brasil-Fa conseguiu organizar-se melhor para que isso não fosse um fator prejudicial. Além disso, algumas atletas do plantel também estão dedicando-se apenas ao esporte.
— Conseguimos até iniciar uma operação que chamamos de transição, onde tivemos já algumas atletas que se dedicam exclusivamente ao futebol, jovens em sua maioria, mas algumas com passagens já por outros clubes, também tivemos uma organização maior de quem tinha e tem atividades paralelas para ter uma prioridade a rotina de atleta, mesmo sem abandonar as demais atividades, e mantivemos sim uma fração de atletas que ainda conciliam muitas atividades além do futebol, conseguimos melhorar também as ajudas de custo para ambas e tivemos inclusive um grupo de atletas residindo no clube, com a mesma estrutura que é destinada ao masculino a disposição delas — explica.
Reflexos da pandemia
O coronavírus alterou o planejamento de todos nós. Isso não foi diferente com o Brasil-Fa. O Brasileirão A-2, por exemplo, iniciou em março, mas foi adiado até outubro em decorrência da pandemia. Já no Gauchão Feminino, uma nova fórmula foi aplicada, com diminuição de rodadas. Isso tudo implica na preparação dos clubes.
— Sem dúvida a pandemia influenciou direta e indiretamente nessa margem de crescimento, tivemos que modificar alguns itens do que foi arquitetado, nos reinventar em algumas questões pontuais, tivemos algumas baixas de apoiadores que estavam garantidos, apesar de conquistarmos novos que estiveram com a gente neste ano, os quais somos muito gratos. Ainda sentimos a falta do apoio do nosso banco estatal, que contribui com absolutamente todas as equipes gaúchas de futebol que estão em competições nacionais, exceto com o Brasil de Farroupilha — fala o Gabriel Marchet.
Crescimento da modalidade
Mesmo com os percalços enfrentados em 2020, Gabriel Marchet entende que o saldo foi muito positivo. Especialmente, em relação a valorização da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) para com a modalidade.
— Acho que as grandes vitórias do ano de 2020 na modalidade foram a valorização que ela recebeu por parte da CBF, órgão máximo do nosso futebol e de algumas federações estaduais, inclusive a nossa e a atenção que a mídia vem também proporcionando. Esta crescente precisa continuar, onde automaticamente passarão a ser atrativos para as áreas de marketing e publicidade e estas geram receita, que é a grande injeção que os bons projetos precisam para decolar e consolidar-se.
Neste ano, inclusive, o Gauchão Feminino teve um patrocinador máster, algo que não era visto em edições anteriores. Isso auxiliou os clubes participantes diretamente:
— (O patrocinador) entrou em meados da competição, já com ela em andamento, reverteu ao clube o auxilio com as testagens de Covid-19 que ocupavam um gasto significativo no orçamento das equipes. Cabe ressaltar que a competição não teve premiação financeira alguma, nem mesmo aos campeões, devido ao momento vivido.