Os três primeiros meses do ano têm cheiro de uva para quem vive na Serra. A época da colheita costuma evocar memórias que enchem o coração e encantam o paladar. Mas nem só de história se vive a vindima: o período é essencial para a movimentação turística e econômica da região. Só entre janeiro e março do ano passado, o município de Bento Gonçalves, conhecido como a Capital do Vinho, recebeu 331.021 visitantes, segundo dados da Secretaria Municipal de Turismo (Semtur). Em 2019 e 2018, respectivamente, 354.753 e 321.299 pessoas passaram pela cidade no mesmo período.
Para a economia, o movimento de 2020 se traduz em cerca de R$ 36.193.836, dado estimado pela Semtur, que considera o gasto médio do turista de R$ 109,34 por visita. Os dados de 2021, em razão das consequências da pandemia para o turismo, devem chegar à metade do movimentado na vindima do ano passado, segundo acredita o secretário Rodrigo Ferri Parisotto.
Até a Estação Vindima de Bento, que em 2021 ocorre de 15 de janeiro a 14 de março, está se apresentando de forma diferente. No lugar da tradicional colheita e da pisa da uva, a Parada Estação Vindima realiza blitze na Via del Vino, na Avenida Planalto e nos quatro distritos, para entregar aos motoristas um cacho de uva e material orientativo sobre os cuidados na pandemia. A programação diária pode ser consultada no portal bento.tur.br , o que torna mais fácil para o turista conferir quais empreendimentos participam da Estação Vindima e quais têm o Selo Ambiente Limpo e Seguro. São 102 estabelecimentos cadastrados, entre hotéis, pousadas, restaurantes, vinícolas e outros.
A prefeitura também lançou um manual com orientações para os atrativos credenciados com o selo. Entre as medidas, agendamento prévio para controle dos participantes, distanciamento, máscara sempre que os clientes não estiverem comendo ou bebendo, aferição de temperatura e uso da tina para pisa de uvas somente por pessoas do mesmo grupo familiar.
Família Geisse aposta nas atividades ao ar livre
Localizada na zona rural de Pinto Bandeira, a vinícola Geisse promove uma atividade específica para os meses da vindima. Até março, aos sábados, domingos e feriados, a vinícola oferece caminhadas estilo trekking pela propriedade. Em um percurso de 1h30min, o tour leva os visitantes pelos vinhedos em grupos de até 10 pessoas. O valor, incluindo serviço de guia e paradas para degustação, é de R$ 90; adolescentes de 15 a 18 pagam metade e menores de 15 ficam isentos. A dica é levar roupas confortáveis e protetor solar; o boné fica por conta da casa.
Diretor de marketing do espaço, Daniel Geisse avalia o movimento como muito bom, embora ainda haja redução em comparação ao ano passado, por terem precisado fechar a vinícola por um mês e meio, entre março e abril.
— Quando surgiram as regras, implementamos regras. A gente trabalha dentro de uma capacidade máxima de atendimento, por isso a orientação é realizar o agendamento. As pessoas estão voltando a frequentar, até porque estão com preferência por espaços abertos, atividades ao ar livre, como é na maior parte das nossas atividades — pontua.
É o caso do open lounge, espaço no jardim com pufes, colchonetes, mesas e quiosques. Aqui, os visitantes podem desfrutar de tábuas de frios, empanadas e tortinhas, assim como drinks e vinhos em garrafa ou taça. Segundo a equipe, o local é bastante procurado por famílias com crianças, que podem aproveitar o gramado para correr e curtir, com distanciamento. O open lounge abre às 10h e o último pedido passa às 16h30min. Metade do espaço é destinado a reservas, o que corresponde a 30 lugares. O restante é atendido por ordem de chegada, daí a orientação de garantir a vaga com o agendamento.
Além do trekking e do open lounge, a Família Geisse realiza, pela manhã e à tarde, visitas guiadas à vinícola, degustações harmonizadas e o passeio Terroir Experience. Essa é uma boa pedida para quem deseja conhecer os vinhedos de uma maneira mais radical: também de uma hora e 30 minutos, o trajeto off-road é em cima de um 4X4, passando por duas paradas para degustação, espaço zen, cachoeira e mirante. O veículo suporta cinco pessoas e o guia. Valores são cobrados de acordo com o número de passageiros; duas pessoas, por exemplo, pagam um total de R$ 300. Os horários de saída são às 10h, 12h, 14h e 15h30min.
Serviço
O quê: vinícola Família Geisse
Onde: Linha Jansen, Pinto Bandeira. CEP: 95717-000
Quando: de segunda a sexta, das 9h às 17h e nos finais de semana, das 10h às 17h.
Como agendar? no site, pelo e-mail turismo@vinicolageisse.com.br ou pelo WhatsApp: (54) 99696-6791
Instabilidade nas bandeiras fez Luiz Argenta suspender a colheita turística
Como na maioria das atrações da vindima, o agendamento prévio também integra as medidas que garantem mais segurança aos turistas na vinícola Luiz Argenta, em Flores da Cunha. Daiane Argenta, gerente-executiva da empresa, relata que o roteiro de maior sucesso da vinícola precisou passar por uma adaptação:
— Normalmente se fazia a colheita turística, seguia para visitação, degustação e almoço harmonizado. Em função da pandemia, a gente optou por não fazer a colheita turística. Mas estamos recebendo visitantes para o tour e degustação, em um número restrito de 10 pessoas por grupo. Antes íamos até 20 pessoas.
O tour na Luiz Argenta é de segunda a segunda, às 10h, 14h e 15h e custa R$ 70,00 por pessoa, sendo que visitantes dos cinco aos 17 anos pagam apenas R$ 10. Segundo Daiane, a demanda é grande, em parte pela restrição do número de pessoas.
— Antecipar o agendamento garante a vaga. Se chegar na hora, só consegue se encaixarmos, caso alguém não tenha vindo — explica.
Na mesma propriedade, o Clô Restaurante abre de terça a domingo, das 12h às 15h. No menu, a sequência completa: couvert, primeiro, segundo e terceiro pratos e sobremesa. O ambiente é fechado, mas a equipe garante manter ventilação, 50% de ocupação e distanciamento de 2 metros entre as mesas, que não devem reunir mais de seis clientes.
Para quem quer ir além e conhecer mais sobre a produção, a atração ideal é a Cave Experience. Trata-se de um passeio pela adega com degustação de produtos premium às cegas. Os grupos são fechados com até oito pessoas e saem às sextas e sábados, às 15h30min. O investimento é de R$ 170 por pessoa.
Serviço
O quê: vinícola Luiz Argenta
Onde: Av. Vinte e Cinco de Julho, 700, Centro - Flores da Cunha
Quando: de segunda a sábado, das 9h40min às 18h, e domingo, das 10h às 17h
Como agendar? no site ou pelo telefone (54) 3292-4477
Ocupação em hotéis deve ser 40% menor do que em 2020
No último final de semana, a Região Uva e Vinho registrou, na rede hoteleira, uma média de ocupação de 40% do permitido pelo Modelo de Distanciamento Controlado do Estado. Com as alterações no modelo de cogestão, hotéis podem ter até 75% de lotação, mesmo na bandeira vermelha. Para o presidente do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria da Região Uva e Vinho (Segh), Vicente Perini Filho, a expectativa gira em torno de 45% do permitido pelos decretos: pouco mais de 33% da capacidade total dos hotéis. O índice fica 40% abaixo do que o registrado em 2020, segundo Perini.
— O que a gente está enfrentando são muitos cancelamentos, até por causa das bandeiras. No Natal teve bastante e, no primeiro do ano, com as mudanças na cogestão, aumentou um pouco. Agora vemos um movimento maior, principalmente no final de semana. Alguns lugares, como Bento, devem chegar a 50% da ocupação permitida em hotéis.
De acordo com Perini, o maior movimento deve se dar entre o fim de janeiro e o mês de fevereiro. Atualmente, o maior fluxo de visitantes vêm do Estado, mas o presidente do Segh aponta que, aos poucos, retorna o turismo nacional, especialmente de São Paulo.