Colaborador da coluna Memória, o historiador Éder Dall’Agnol dos Santos vem pesquisando a trajetória de diversas famílias que ajudaram a colonizar os distritos de Santa Lúcia do Piaí e Vila Oliva, focando também a comunidade de Tunas Altas. Foi ali que nasceu uma das professoras mais conhecidas da região, dona Gema Antônia Casagrande, 94 anos, responsável por alfabetizar diversas gerações de moradores.
Confira o relato enviado por Éder:
“No distrito de Vila Oliva reside a moradora mais antiga de Tunas Altas. Dona Gema Antônia Casagrande, segunda filha de João Casagrande e Elisa Danielli, nasceu em 8 de agosto de 1928, em Tunas Altas, quinto distrito de São Francisco de Paula. Seu pai, João (Joanin), foi um dos fundadores da comunidade. Ele saiu da localidade de Monte Bérico para adquirir colônias de terras em Tunas, onde chegou ainda solteiro para começar a desbravar as matas virgens da região.
Desde a infância, dona Gema acompanhou o desenvolvimento da região e a chegada de várias outras famílias que vinham em busca de terras novas. No início dos anos de 1940, ela começou a estudar no Colégio Santa Lúcia, que nesta época era internato e externato e administrado pelas Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Gema foi estudar com o intuito de seguir a vida religiosa. Perto de realizar os primeiros votos, uma visita inesperada do primo Avelino André Casagrande mudou o seu destino. Avelino foi ao encontro de Gema para lhe pedir que não realizasse os votos, pois gostava dela e queria casar-se. Contrariando o desejo de seus pais, Gema deixou o seminário para iniciar o namoro com o jovem”.
O CASAMENTO
Aos 24 anos, Gema casou-se com Avelino, filho de Angelo Casagrande (irmão de João) e Josefina (Pina) Viganó. A cerimônia religiosa ocorreu na Capela de Nossa Senhora de Lourdes de Tunas Altas em 26 de julho de 1952, na presença do Padre José Losciale e das testemunhas José Maria Casagrande e Alberto Tedesco.
Da união nasceram os filhos Vilson, Antonieta, Remi (Padre), Ana Lucia, Maria de Lourdes, Serenita, Elizeu, Dirce e Lizete, todos na imagem abaixo, registrada em 25 de dezembro de 1974, em Tunas Altas.
Costura e sala de aula
O conhecimento adquirido no colégio das irmãs serviu para que dona Gema, hoje com 94 anos, fosse indicada pelo senhor Eugênio Ferraro a lecionar em Tunas Altas, em substituição a uma antiga professora que estava na localidade.
“Ela substituiu a professora Odete Hoffman, que também tinha sido indicada por Ferraro e era natural de Novo Hamburgo. Com apenas 19 anos, em 1947, ela assumiu os 30 alunos da Escola Municipal Isolada Raimundo Correa. Na época, Gema, deslocou-se até o município de São Francisco de Paula (ao qual Tunas Altas pertencia), para ser nomeada e assumir a escola. O trajeto foi percorrido a cavalo, passando pelas cidades de Gramado e Canela.
Antes de assumir o magistério, ela atuava como costureira para as famílias de Tunas. O ofício foi aprendido com Albina Rech, filha da viúva Adélia Rech. Respeitada por todos, Gema atuou também como catequista em Tunas. Nos momentos de lazer, gostava de fotografar os moradores e seus filhos com sua câmera Kodak e mandava revelar os filmes no Studio Geremia, em Caxias.
Dona Gema sempre participou de todos os eventos sociais na capela de Tunas, principalmente nas festas das comunidades e encontros religiosos. Em Vila Oliva, onde reside atualmente (centro urbano), por muitos anos ela ficou em posse da chave da igreja Matriz de Santo Expedito, indo todos os dias, às vezes mais de uma vez, rezar no templo”.