Dando sequência à história das famílias pioneiras do distrito de Santa Lúcia do Piaí, atualmente pesquisadas pelo historiador Éder Dall’Agnol dos Santos, destacamos hoje os Andreazza e os Richetti.
Conforme apurado por Dall’Agnol, o casal de italianos Francisco Andreazza e Julia Richetti Andreazza, juntamente com os filhos Severino, Josué, Anacleto, Elias, Angelo, Maria (Marietina), Antonio, Miguel (padre Ambrósio), Anita, Josefina e Mario, chegou à localidade de Água Azul no ano de 1915, oriundo da 9ª Légua de Caxias do Sul – onde ambas as famílias se estabeleceram após darem entrada no Brasil.
Inicialmente, Francisco adquiriu terras no chamado Passo do Raposo, região com grande predominância de pinheiros, onde montou uma serraria. Anos depois, o imigrante mudou-se para o núcleo de Santa Lúcia do Piaí. Foi lá que, em 1932, o casal ergueu seu palacete e passou a contribuir com o desenvolvimento urbano da localidade – foram eles os doadores, ainda em 1928, do terreno defronte à igreja matriz para a instalação da praça.
Júlia também colaborou de forma significativa com a comunidade, doando o terreno e o dinheiro para a construção do hospital, auxiliando na construção da igreja matriz e cedendo mais 20 hectares para a Mitra Diocesana – local onde hoje se encontra a Capela de Água Azul e a famosa fonte em homenagem ao martírio do padre jesuíta Cristóvão de Mendoza, trucidado pelos nativos em 1635.
Júlia Richetti Andreazza morreu em 1963, aos 83 anos. Era viúva havia 30 anos de Francisco Andreazza, falecido em 1933, aos 58, conforme vemos no "santinho" reproduzido abaixo.
Auxílio religioso
Em meados da década de 1930, Júlia Richetti Andreazza abrigou o reverendo João Marchesi, um dos primeiros ministros chegados à Santa Lúcia. Por ainda não haver uma Casa Canônica, o religioso ficou hospedado no famoso palacete da família, adornado por dois leões no portão de acesso e existente até hoje – a imigrante auxiliou ainda na formação de dois clérigos da localidade: Leduvino Lazzarotto e Silvino Frizzo.
Júlia era mãe do também padre Ambrósio Maria Andreazza (Miguel). Integrante da Ordem dos Camaldulenses, o sacerdote acabou morrendo em um acidente de trânsito na estrada para Santa Lúcia do Piaí em 1947. Ele tinha apenas 39 anos.
Na foto que abre a matéria, vemos o religioso (de branco, em pé) junto aos pais Francisco e Júlia (sentados ao centro), irmãos e sobrinhos, em meados da década de 1920. Abaixo, o casal por volta de 1925. Na sequência, dona Líria Comunello Pistore, neta de Francisco e Júlia, hoje com 94 anos, junto ao palacete da família. Por fim, a notícia da morte de padre Ambrósio no jornal Correio Riograndense, em 1948.
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Informações desta coluna são uma colaboração do historiador e pesquisador Éder Dall’Agnol dos Santos.
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Santa Lúcia do Piaí em livro
Um pouco da história – e das memórias – do distrito de Santa Lúcia do Piaí estão eternizadas no livro Retratos: Santa Lúcia do Piaí, Paisagens, organizada pelas professoras da Universidade de Caxias do Sul Luiza Horn Iotti e Eliana Rela.
Além de Luiza e Eliana, os textos são assinados por Anthony Beux Tessari, Cristiane Sebem Damo, Mégui Dal’Bó, Sandra Barella e Valdir dos Santos. Já as imagens levam o crédito do professor Aldo Toniazzo.
O conteúdo pode ser acessado na íntegra aqui.
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