A relação da comunidade com as indústrias, a história dos operários, os acervos documentais, a riqueza da arquitetura das fábricas, o fator identitário, entre diversas outras abordagens norteiam o projeto “Na Trilha do Patrimônio Industrial”, cujo lançamento ocorre nesta terça (22) em um dos espaços-símbolos do setor desde os primórdios de Caxias: o Pátio Eberle, prédio que abrigou a Fábrica 1 da antiga Metalúrgica Abramo Eberle, fundada em 1896 (confira abaixo).
O projeto, coordenado pelas pesquisadoras Ana Paula de Almeida e Eliana Rela, está alicerçado em três propostas: produzir o inventário do patrimônio industrial de Caxias do Sul; criar um mapa digital, que servirá como um repositório do patrimônio industrial a partir de uma pesquisa histórica etnográfica acerca desse tipo de patrimônio; e realizar o Seminário Regional do Patrimônio Industrial.
A ideia é apresentar os caminhos percorridos na construção do mapa digital, além de fomentar o debate sobre o assunto, especialmente como ferramenta de promoção e preservação do patrimônio material e imaterial do Rio Grande do Sul.
— O ponto central do projeto é aproximar o território da comunidade, lançando pistas sobre a dinâmica cultural que demarcou e identifica os diferentes espaços da cidade com os sistemas produtivos. Um exemplo é a localidade conhecida por Desvio Rizzo, por ali estar situado o Frigorífico Rizzo, ou ainda a Zona Michielon, como ficou conhecida a região no entorno da extinta Vinícola Luiz Michielon, em Lourdes (foto abaixo). O contrário também é observável, como a instalação da Metalúrgica Eberle, unidade 4, no bairro São Ciro, e que passou a ser identificada como Eberle São Ciro — explica Ana Paula.
CAMPO DE PESQUISA
Segundo as pesquisadoras, as discussões acerca do patrimônio industrial são relativamente recentes no Brasil, e no Rio Grande do Sul são poucos os trabalhos desenvolvidos sobre a temática. Considerando que Caxias do Sul é referência no processo de industrialização, a região caracteriza-se por um campo vasto, ainda a ser pesquisado.
— Por ser uma região que teve o seu processo de industrialização em um passado ainda recente, o pesquisador conseguirá eventualmente garimpar informações com maior riqueza de detalhes — completa Ana Paula.
Na imagens acima e abaixo, dois símbolos do desenvolvimento da indústria caxiense ao longo do século 20: a firma Evaristo de Antoni - fundada em 1894 e pioneira na produção de carretas e trilhadeiras na região - e o Frigorífico Rizzo, cujo complexo industrial foi instalado por aqui em 1938.
Preservação e proteção
O processo de identificação e registro do patrimônio industrial caxiense tem por objetivo ser base para a produção de outros instrumentos de pesquisa. Entram aí publicações temáticas e regionais que promovam a gestão, a catalogação, a proteção e o uso do patrimônio industrial.
Ao propor a criação de um inventário, o projeto contribui para a promoção e preservação desses bens materiais e imateriais. Transformado em mapa digital, torna o trabalho acessível a diferentes públicos, podendo ser utilizado como ferramenta de pesquisa para o ensino de História, oficina de formação de professores e divulgação científica, avaliam as pesquisadoras.
A EQUIPE
O projeto “Na trilha do patrimônio industrial” foi contemplado pelo Edital Sedac 07/2021 - FAC Patrimônio, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Tem com produção cultural de Flor Nieto, da Lynch Gestão Cultural; curadoria fotográfica de Liliane Giordano, da Sala de Fotografia; e webdesign, cartografia digital e design gráfico de Paula Suzuki.
AGENDE-SE
- O quê: lançamento do projeto “Na Trilha do Patrimônio Industrial”, coordenado pela pesquisadora Ana Paula de Almeida, diretora da empresa Arquivos & Acervos e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História da UCS, juntamente com Eliana Rela, professora do curso. A programação engloba lançamento do site e da identidade visual, além de um debate sobre o tema.
- Quando: nesta terça, dia 22, às 19h30min.
- Onde: Casa de Eventos do Pátio Eberle (Rua Sinimbu, 1.670 – Centro - Caxias do Sul).