Não há morador do bairro Desvio Rizzo que não tenha ouvido falar, mesmo que superficialmente, do Frigorífico Rizzo. Afinal, foi em função da fábrica que boa parte do bairro se desenvolveu, a partir do final dos anos 1930.
Um recorte dessa história foi destacado recentemente nas redes sociais do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, a partir de informações contidas em duas publicações emblemáticas sobre a economia local: o Documentário Histórico do Município de Caxias do Sul (1875-1950), de Duminiense Paranhos Antunes; e o Álbum Comemorativo do Centenário da Imigração Italiana (1875-1975).
Conforme o texto de 1975, a empresa iniciou suas atividades em Porto Alegre ainda em 1919, sob a razão social A. Rizzo. Um ano depois, em 1920, o empreendimento inaugurou uma fábrica de banha em Guaporé, época em que os irmãos João e José Guilherme Rizzo passaram a fazer parte da firma, agora denominada de A. Rizzo Irmãos & Cia.
Buscando diversificar as atividades, a empresa fundou, em 1926, uma cantina em Caxias. Foi a época em que se tornou uma das maiores exportadoras da bebida, graças à aceitação do lendário Vinho Sorriso – posteriormente, em 1929, a Granja Sorriso seria incorporada à Sociedade Vinícola Riograndense, surgida no mesmo ano e da qual o industrialista Alexandre Rizzo, pai do radialista Nestor Rizzo, foi fundador e diretor.
O matadouro veio logo na sequência, em 1930, quando a empresa arrendou o Frigorífico Sul-Americano em Monte Vêneto – atual município de Cotiporã. Já a instalação do complexo em Caxias deu-se em 1938.
A partir daí, o empreendimento dos Irmãos Rizzo se consolidaria como um dos mais importantes do setor – não só da Serra e do Rio Grande do Sul, como também do país.
A fábrica em 1950
Conforme destacado em 1950 pelo autor Duminiense Paranhos Antunes, “no Frigorífico Rizzo abatem-se, anualmente, cerca de 50.000 suínos, 5.000 bovinos e 10.000 ovinos. O produto industrializado é exportado para todo o Brasil e também para o Exterior. Além da indústria de carnes, mantém a firma uma granja com grande plantação de videiras de castas europeias, e uma bem montada cantina, onde se elaboram os finos vinhos de mesa Sorriso”.
Do presunto ao sabão
Na década de 1970, sob a denominação “Rizzo S/A Indústrias da Alimentação”, a empresa mantinha a matriz em Caxias do Sul e filiais localizadas em Porto Alegre, Giruá, Pelotas, São Paulo e Rio de Janeiro.
Conforme texto contido no Álbum Comemorativo do Centenário da Imigração Italiana (1875-1975), a produção englobava desde presunto até sabão e adubo, passando por fiambres, salames, patês, salsichas, mortadelas, curados, salgados, defumados, congelados, banha e carnes resfriadas, além de enlatados de carnes, de frutas e de legumes.
Nas imagens desta página, integrantes de um ensaio feito pelo Studio Geremia nos anos 1960, vemos diversas seções da fábrica, além de uma vista aérea do então “Matadouro e Frigorífico dos Irmãos Rizzo” em meados da década de 1950 (foto que abre a matéria).
Resgate na UCS
A história do Frigorífico Rizzo também foi abordada por Elias Ricardo Poegere em sua dissertação de mestrado A construção da identidade na Região Colonial Italiana: o processo de modernização e urbanização como fator de memória e esquecimento do Frigorífico Rizzo, em Caxias do Sul – 1938 a 1960.
O trabalho, orientado pela professora Vânia Herédia, integrou o Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Caxias do Sul, em 2016.