A revitalização de parte da antiga Cooperativa Vinícola Caxiense e o surgimento do Pátio da Estação, abordados na edição de sábado, resgatam também a história dos produtos fabricados na sede da Rua Olavo Bilac. Um deles, lembrado até hoje por gerações e gerações de consumidores, é o Vinho Casto.
Caxias do Sul redescobre área de antigas vinícolas próximas à Estação Férrea
Pátio da Estação: novo complexo de gastronomia e serviços terá investimento de R$ 10 milhões
Divulgado à exaustão em anúncios do jornal Pioneiro entre os anos 1940 e 1970 — e obrigatório às mesas daqueles tempos —, o Casto tinha como slogans "símbolo de pureza" e "famoso pela qualidade, primeiro na preferência". A marca, aliás, era uma das preferidas dos consumidores do centro do país, visto que a empresa mantinha um escritório em São Paulo, gerenciado pelo empresário Arthur Matarazzo.
Já naquela época, Matarazzo demonstrava preocupação com os vinhos finos. Matéria do Pioneiro de 25 de agosto de 1956 trazia uma entrevista com o diretor do entreposto paulista, em Caxias do Sul por ocasião da assembleia geral da cooperativa. Ele afirmava:
"O Rio Grande precisa produzir maior quantidade de vinhos de castas nobres, pois que, em virtude da sábia medida do governo brasileiro de impedir a entrada de vinhos estrangeiros, os consumidores acostumados com vinhos de castas finas exigem vinhos semelhantes aos europeus. Por isto, entre outras, devemos cultivar em maior quantidade os tipos de uvas Merlot, Cabernet, Barbera e Bonarda".
Matarazzo também avaliava o possível aumento do consumo:
"O povo paulista nos honra com sua preferência. É pena que não o possamos servir melhor, pois o dia em que lhe fornecermos um produto que efetivamente agrade ao seu fino paladar, podemos contar com um consumo muito superior ao dobro do atual. Devo ressaltar que, em muito boa hora, também nossa cooperativa teve a feliz ideia de fornecer aos paulistas a oportunidade de tomar um produto engarrafado em estabelecimento próprio, equipado com o mais moderno maquinário".
Abaixo, a reprodução do jornal da época, com a entrevista completa.
Leia mais:
Cooperativa Vinícola Caxiense em 1960
Imigração portuguesa: Tanoaria São Martinho em 1948
Izaura Mano Bonho e um Natal em 1944
Baile no Esporte Clube Juventus na década de 1950
Juventus: os 60 anos do tricampeonato varzeano
Acervo fotográfico
Nas imagens desta página diversos flagrantes do carro alegórico da Cooperativa, destacando o Vinho Casto, na Festa Nacional da Uva de 1958, durante sua passagem pela Sinimbu. O veículo pertencia à Transportadora Galiotto, conforme vê-se na porta do caminhão.
O slogan ia direto ao ponto: "Orgulho de ser Caxiense".
Leia mais:
Vinícola Adega Pezzi em 1933
Cervejaria Leonardelli e a clássica cerveja Pérola
Chaminés, as sobreviventes das alturas
Ensaio da semana: as antigas chaminés industriais de Caxias
Leia mais:
Cantina Antunes em rótulos e receitas
Cantina Antunes: uma carta e um catálogo
A Brasileira de Vinhos S.A. em 1971
Estação Férrea em 1958
Nova diretoria em 1964
Em 5 de setembro de 1964, reportagem do Pioneiro destacou a assembleia anual da empresa, quando participaram o antigo líder cooperativista Isidoro Moretto, o padre Angelo Tronca e o técnico químico Edgar Pezzi. Na ocasião também foi eleita a nova diretoria: o presidente Camilo Formolo, o diretor comercial Domingos Tronca e o gerente Américo Boff.
À época, a Cooperativa, só em sua matriz caxiense, contava com capacidade de armazenamento de três milhões e meio de litros, conforme destacado na matéria reproduzida abaixo. Na sequência, diversos anúncios do Vinho Casto garimpados em jornais dos anos 1950, 1960 e 1970.
Leia mais:
Vinhos Raposa: um clássico da Mosele
Cooperativa Vinícola São Victor nos anos 1950
Trajetória da família Zandomeneghi
Leia mais:
A trajetória de Domenico Tronca
Rua Tronca em 1958
Nos tempos da Cantina Antunes
A Quinta São Luiz e o Quinta Estação
Escola da Vinícola Luiz Antunes em 1943
Capela da Cantina Antunes em 1944
Ruínas da Cantina Antunes nos anos 1980
Festa da Uva de 1937
Na rara imagem abaixo, o carro da cooperativa e seus figurantes na Festa da Uva de 1937, com os nomes dos vinhos "Defesa" e "Casto" destacados nos chapéus.
Outras marcas
Além do Vinho Casto, a Cooperativa eternizou as marcas Defesa e Capelinha, famoso pelo slogan "Preferido do Norte ao Sul" (abaixo). Para quem lembra, duas enormes garrafas do Capelinha decoraram o jardim do Parque de Exposições da Festa da Uva de 1969, no largo da Rua Alfredo Chaves.