Até meados de 1950, quando o prédio da Metalúrgica Abramo Eberle ainda era o edifício mais alto do Centro, todo e qualquer registro que necessitasse de uma visão panorâmica da Praça Dante Alighieri e do Largo da Catedral Diocesana – sem se recorrer aos monomotores do Aeroclube – era feito lá de cima.
Não foi diferente entre os dias 6 e 9 de maio de 1948, quando Caxias do Sul parou para acompanhar a programação daquele que é considerado o maior encontro religioso realizado até hoje na área central: o Congresso Eucarístico Diocesano.
Tendo à frente da Diocese o bispo Dom José Barea, a cidade recebeu milhares de fiéis da região e dezenas de sacerdotes, além de vários bispos do Estado. Entre as atividades, a comunhão de cerca de 12 mil crianças na manhã do dia 6 e a procissão de Nossa Senhora de Caravaggio. O destaque foi o cortejo de automóveis que acompanhou o translado da santa desde o santuário de Farroupilha até a Matriz de Santa Teresa, onde a imagem permaneceu por algumas semanas.
Na imagem acima, captada pelo Studio Geremia, vemos algumas das edificações que ficaram também apenas na lembrança, como o casarão de madeira da família Pezzi (atual Edifício Dona Ercília, na esquina da Sinimbu com a Marquês do Herval), o antigo prédio da Biblioteca Pública Municipal e da Escola de Belas Artes (Casa da Cultura) e o palacete do Banco Nacional do Comércio (na esquina da Júlio com a Dr. Montaury, demolido no final da década de 1960 para ceder lugar ao Edifício Solaris).
O registro integra o acervo do médico e escritor Francisco Michielin, que também escreveu a respeito (abaixo).
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O Congresso Eucarístico de 1948
"A cidade lotou. Seus hoteis não deram conta dos peregrinos, de forma que eles tiveram de ser abrigados em casas de famílias-voluntárias. O grande pórtico de madeira encimado por uma cruz com dísticos católicos enaltecia a devoção e a fé. A praça encheu-se de pessoas. Num de seus contornos (à direta), pode-se visualizar o casarão de esquina da Óptica Comandulli e que ainda se encontra por lá, em seu devido lugar. Repare-se, do outro lado, a imponente edificação do antigo Banco Nacional do Comércio, que jamais deveria ter sido demolido. A seguir, o local onde situa-se a Casa da Cultura. E por trás de tudo, mais ao fundo, um casario baixo, sendo o mais alto o do Hospital Pompéia. E pouca coisa mais, entre as quais, na última linha de visualização, um série de construções brancacentas e que estava longe de ser destinada ao seres vivos. Imagine-se que o Cemitério Público Municipal podia ser facilmente avistado, a olho nu, como uma fortaleza à espera dos cristãos. Por isso, rezar adquiria uma importância fundamental..." (Francisco Michielin)
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A Rua Os Dezoito do Forte
Acima, outro ângulo captado a partir do terraço do Eberle, desta vez do Colégio Nossa Sennhora do Carmo, na Rua Os Dezoito do Forte, também em 1948. Foi 25 anos antes do surgimento da Garagem Alfa , na Rua Marquês do Herval, e dos prédios que substituíram as casas de madeira em primeiro plano.
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