A antiga chaminé, hoje integrante do complexo de lazer e gastronomia Fabbrica, é um dos símbolos remanescentes da lendária Vinícola Luiz Michielon, em Lourdes. Mas não se trata do único. Meio esquecido no topo do prédio - vide o emaranhado de fios de luz e as interferências arquitetônicas posteriores -, sobrevive lá também o globo dos Vinhos Cruzeiro.
A marca foi uma das que consolidaram a empresa a partir da década de 1930, quando a Michielon evidenciava-se ainda pela produção de licores, conhaques, espumantes e suco de uva - tanto no mercado local quanto nacional. Na imagem acima, de meados dos anos 1940, o belíssimo complexo em art déco é destacado em uma foto do Studio Geremia - captada a partir da esquina das ruas Angelina Michielon e Luiz Michielon.
Vê-se o símbolo dos Vinhos Cruzeiro acima do logotipo da Adega Santa Tereza, espaço que, de forma pioneira em Caxias, costumava receber visitantes, turistas e curiosos para a famosa “provinha” - a nossa atual “degustação”.
A saber: além dos famosos Vinhos Cruzeiro, a empresa produzia o champanhe de 250 ml, elaborado exclusivamente para ser servido a bordo dos aviões da Varig. Também mantinha uma estrutura comercial instalada nas principais praças de consumo do país.
Na foto abaixo, o carro alegórico da Vinícola Michielon, com o globo-símbolo dos Vinhos Cruzeiro, durante o desfile da Festa da Uva de 1932. O veículo trazia várias figurantes e era ornamentado por enormes taças.
Na sequência, os Vinhos Cruzeiro são destacados em um anúncio do antigo Armazém Calcagnotto, publicado no jornal “O Momento” de 31 de agosto de 1942. Por fim, um detalhe atual do globo dos Vinhos Cruzeiro, um símbolo perdido em meio aos fios de luz e à poluição visual.
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Lembranças
:: “Na década de 1970, a Michelon esteve no auge de recebimento de turistas, hoje chamado de enoturismo. Dezenas de ônibus encostavam na região da vinícola, e os turistas, além de caminharem entre as pipas, podiam apreciar as variadas bebidas produzidas lá. Eu tive a honra e prazer de trabalhar por algum tempo na vinícola. Era uma tradição, no final de ano, a empresa dar, como presente natalino, um conjunto de bebidas para cada funcionário”. (Floriano Molon)
:: “Frequentei esta adega...No local da "provinha" dos vinhos tinha, ou ainda tem, uma pintura na parede, representando a nossa colônia! E o melhor: parece que o tal pintor nunca acabava a tal pintura...Pudera!” (Alexandre Arioli)
:: Nota do colunista: o pintor em questão, Jorge Leitão, terá sua trajetória revista em breve neste espaço.
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