A badalação foi grande em 13 de janeiro de 1940, com direito a corte de fita simbólica, discurso do prefeito Dante Marcucci, apresentação da banda do 9º Batalhão de Caçadores, banquete no economato do Clube Juvenil e matéria especial de capa do jornal “A Época”. Tudo para celebrar a chegada do telefone automático a Caxias do Sul, naqueles tempos sob a responsabilidade da Companhia Telefônica Riograndense, fundada pelo uruguaio Juan Ganzo em 1908, em Porto Alegre.
Conforme informações contidas no livro Documentário Histórico do Município de Caxias do Sul, de 1950, a empresa explorava o serviço telefônico em Caxias desde 1910, tendo assinado seu primeiro contrato oficial com a prefeitura em 8 de agosto de 1915. O serviço manual deu-se até 13 de janeiro de 1940, “data em que foi instalada em prédio novo e adequado uma moderna central automática com capacidade para 900 linhas, com rede de cabos dotadas de trechos subterrâneos, nas fachadas dos edifícios e em postes”.
Matéria do jornal "A Época" de 14 de janeiro de 1940 trazia todos os detalhes, além de um curioso "passo a passo" para o assinante fazer as chamadas (confira abaixo).
“Cumpre-nos salientar que Caxias é a quarta cidade do interior do Rio Grande do Sul que tem telefone automático. As outras três são Santa Maria, Rio Grande e Bagé. Como se vê, estamos entre os primeiros, e cidades importantes como Pelotas e Livramento foram preteridas. O edifício velho será demolido, e retirados serão a rede e os aparelhos antigos”.
Na imagem acima, o novíssimo prédio da Companhia Telefônica Riograndense no início dos anos 1940. A sede localizava-se na Avenida Júlio de Castilhos, ao lado da Igreja Metodista (atual endereço do Magazine Luiza). Posteriormente, com a chegada da Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), um novo prédio foi construído em 1969, na Rua Vinte de Setembro, entre a Dr. Montaury e a Visconde de Pelotas. No detalhe interno, registrado em 1949, o conjunto de modernos seletores, quadro de 100 a 999.
A solenidade
A inauguração contou com a presença do representante da diretoria da Companhia Telefônica Riograndense, Edmundo Gomes, do prefeito Dante Marcucci e do gerente da Central em Caxias, Rodolfo Vaz da Silva, além de diversas autoridades. Em seu discurso, Gomes detalhou:
“As novas obras que aqui acabamos de concluir estão representadas por cifras, que, arredondadas, atingem 265 mil metros de fio, 11 mil metros de cabo, 1.600 postes de madeira de lei, cerca de 100 caixas terminais nas redes urbanas e distritais, uma bateria de acumuladores e motores, além da central automática com 500 posições e o respectivo aparelhamento acessório, numa inversão total de 1.900 contos de réis”.
O serviço em 1950
O moderno Centro Telefônico Caxiense também foi destacado na publicação Documentário Histórico do Município de Caxias do Sul, lançado pelo jornalista Duminiense Paranhos Antunes em 1950, 10 anos após a chegada do telefone automático.
Conforme o texto de 70 anos atrás, a comunicação com Porto Alegre era feita diretamente por quatro linhas, que possibilitavam contato com o Estado, o país e também o Exterior.
Na região, outras linhas interurbanas permitiam ligações para Flores da Cunha, Antônio Prado, Vacaria, São Marcos, Galópolis, Farroupilha, Bento Gonçalves, São Sebastião do Caí e Ana Rech. Já o sistema denominado “Rural” ligava telefones particulares a Central Interurbana. Entravam aí as localidades de São Marcos da Linha Feijó, Conceição da Linha Feijó, Loreto, São Martinho, São Pedro e Santa Lúcia do Piaí.
Em 1950, a Companhia Telefônica Riograndense mantinha 27 funcionários e era gerenciada pelo senhor Antonio Sosa Brito
Diferenças
As centrais manuais costumavam ser operadas por telefonistas. O assinante precisava girar uma espécie de manivela para gerar a corrente de toque e chamar a telefonista. Ela atendia e, a partir da solicitação do usuário, comutava os pontos manualmente na central através das “pegas”. Assim, um assinante era conectado ao outro. Com o surgimento das centrais automáticas, os telefones passaram a dispor de “discos” para o envio da sinalização. Eles geravam uma sinalização decádica, que consistia de uma série de pulsos (1 a 10). A primeira central automática do Brasil foi inaugurada em 1922, em Porto Alegre.