A Cooperativa Vinícola Aliança, hoje Nova Aliança, celebra durante todo este ano suas nove décadas de atuação — a empresa foi fundada em 4 de janeiro de 1931. Rebatizada de Nova Aliança em 2010, a empresa incorporou quatro outras emblemáticas cooperativas locais — São Victor (de Caxias do Sul), Santo Antônio e São Pedro (de Flores da Cunha) e Linha Jacinto (de Farroupilha), transferindo sua sede para Flores da Cunha.
É lá quem em breve deve surgir o Complexo Nova Aliança, contemplando hotel e um centro comercial com museu da uva e do vinho, restaurante e centro de eventos. Tudo no endereço da histórica Cooperativa Vinícola Santo Antônio, na Av. 25 de Julho.
História, aliás, é o que não falta à “incorporada” Santo Antônio. A empresa foi fundada em 12 de julho de 1931, na localidade de Nova Pádua, à época distrito de Flores de Cunha. Conforme informações do autor e pesquisador Floriano Molon, a cooperativa de agricultores nasceu a partir de um movimento liderado pelo senhor Henrique Sartor, tendo sua assembleia de fundação ocorrida no antigo prédio da Cooperativa Agrícola Dr. Paternó, surgida ainda nos anos 1910. Já em 12 de setembro de 1938, a Santo Antônio “incorporou” as demais cooperativas de Flores da Cunha, uma forma de enfrentar a forte crise que se abatia sobre a indústria vinícola da então Nova Trento.
Surgia aí a “Nova” Santo Antônio, abarcando a Cooperativa Vitivinícola Otávio Rocha, a 3 de outubro (na Linha 60), a São João (no Travessão Alfredo Chaves) e a Cooperativa Vitivinícola Trentina — das florenses, a única que não se incorporou à época foi a Cooperativa São Pedro, o que acabou ocorrendo em 2010, agora pela Nova Aliança.
Matriz em Caxias
Conforme destacado pelo autor Floriano Molon no livro As Cooperativas Vinícolas de Flores da Cunha (2009), no processo de união ficou definido que a nova matriz da Santo Antônio seria erguida em Caxias do Sul, próximo à estação de trem, para facilitar o escoamento da produção.
“Assim foi feito, tendo o senhor José Dani assumido como presidente da nova cooperativa e se dedicado à construção da referida sede, na década de 1940. Como morava em Otávio Rocha, seguidamente ia até Caxias, montado numa mula, para coordenar a construção”.
Já em 1953, a Santo Antônio instalou o seu próprio engarrafamento. O setor chegou a absorver a metade da produção da cooperativa e funcionou até 1967, ano em que a empresa sofreu seu maior revés: o incêndio no prédio da Rua Machado de Assis, 190, em São Pelegrino — "com vinho queimando pelas ruas", nas palavras de Floriano Molon.
Mas essa é uma história que você confere em breve.
Inspiração no Cristo de Otávio Rocha
Cinco marcas destacaram a Vinícola Santo Antônio. A Redentor, porém, é a mais tradicional, abrangendo vinhos tintos e brancos, licorosos, conhaques e a famosa Bagaceira (cachaça) — conforme vemos no anúncio acima, de 1952, trazendo os endereços da matriz em Caxias e dos escritórios de Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro.
O nome Redentor foi herdado da “incorporada” Cooperativa Vitivinícola Otávio Rocha (foto mais acima). Surgida em 1929, a empresa teria passado a usar o nome em virtude da imagem do Cristo Redentor existente no alto do campanário de Otávio Rocha (foto abaixo) desde 1921.
Conforme Floriano Molon, na década de 1970, um raio “decepou” a estátua do Cristo, que foi reconstruída posteriormente sem a cruz.
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