Divulgado por muitos anos como “importado da Itália”, o altar-mor da Igreja Nossa Senhora de Lourdes de Flores da Cunha é, na verdade, obra do escultor ítalo-brasileiro Antonio Busetto. A informação é compartilhada pelo autor e historiador Floriano Molon, a partir de documentos e dados fornecidos pelo neto Ivo Busetto e pelo pesquisador Fernando Roveda.
Conforme apurado por eles, Antonio Busetto nasceu na comuna de Caldogno, província de Vicenza, em 1º de fevereiro de 1886. Órfão de mãe aos cinco anos, o menino foi interno do Orfanato São João Bosco, onde cresceu e aprendeu o ofício ao qual ficaria ligado para sempre, assim como a religião que lhe foi ensinada.
Temendo a iminente Primeira Guerra Mundial na Europa (1914-1918), Antonio decidiu rumar para a América na companhia da esposa Ana Perozza e do filho João. Inicialmente, a família instalou-se no Rio de Janeiro, de onde migrou para a Argentina, em 1914, lá permanecendo por cerca de nove anos. Foi o período em que nasceram outros dois filhos do casal, José e Angelina.
NO BRASIL
Após completar os estudos na Escola de Belas Artes de Buenos Aires, Antonio Busetto fixou-se definitivamente no Brasil. Primeiramente, em Antônio Prado, onde nasceram os demais filhos – Marcela, Maria, Luiz, Rosália, Vitório e Teresinha. Lá, centrou parte de sua produção como marceneiro, entalhador e escultor, com incontáveis obras na Matriz.
Conforme os pesquisadores, Busetto trabalhou por 10 anos na igreja de Nova Roma do Sul, possuindo ainda obras em Caxias, Ipê, Vacaria, Veranópolis e em outras inúmeras capelas, inclusive em São Joaquim (SC).
“Queremos aqui evidenciar o trabalho realizado em Flores da Cunha, na década de 1920, na Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes, com a execução do Altar Maior, batistério (1929) e púlpito. Ao registrar sua passagem por Nova Trento (o nome de Flores da Cunha até 1935), o marceneiro e escultor tinha uma foto do altar, com a inscrição “Ópera di Antonio Busetto” (abaixo). Em 22 de novembro de 1929, ele também escreveu uma carta para um amigo (sequência abaixo), datada de Nova Trento”, detalham os pesquisadores.
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Mudança para Erechim
Em 1933, o escultor e sua família deixaram Antônio Prado rumo a Erechim, onde encontraram um grupo muito semelhante ao deixado em seu país de origem – os moradores conservaram a língua, os hábitos e costumes do norte da Itália, o que acabou facilitando a nova adaptação.
Em Erechim, Busetto conviveu com sua numerosa família e dedicou-se ainda mais ao ofício de escultor. Resta agora, do ponto de vista de contribuição à arte, que se enumere todas as suas suas obras – que enfeitam e enobrecem dezenas de templos, em especial no sul do Brasil.
Antonio Busetto faleceu em 1976, aos 90 anos.
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Os doadores
Uma placa de mármore na Igreja Matriz de Flores da Cunha traz o nome dos “Doadores do Altar Maior 1923”. Além disso, um grupo de mulheres doadoras consta na inscrição como “as senhoras da parochia”. Confira:
:: Anselmo Carpeggiani
: Demétrio Molon
:: Romolo Molon
:: Lynceo Falavigna
:: Giovanni Vanelli
:: Francesco Lunardi
:: Giovanni Berton
:: Giuseppina Vaccari
:: Fortunato Zuppa
:: Giovanni Bet
:: Angelo Demuliner
:: Giovanni Folle
:: Bernardo Borghetti
:: Jaco Callegari
:: Giuseppe Fante
:: Luigi Facchin
:: Stacchio Mezzomo
:: Francesco Soso
:: Santo Pradella
:: Luigi Marcolin
Parceria
Informações e fotos desta página são uma colaboração de Floriano Molon, Ivo Busetto (neto de Antonio) e Fernando Roveda.
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