Todo mundo que costuma visitar avós ou parentes mais velhos depara com elas, principalmente no interior. Sobre os móveis, nas estantes e cristaleiras, decorando a cozinha ou guardados à espera daquela visita especial, peças em frivolité, nhandoti, tricô circular, grampada (crochê de grampo), vagonite, bainha aberta, em tear de pregos, macramê e ponto cruz estão lá, simbolizando uma prática que remete ao artesanato raiz produzido por integrantes de diferentes correntes migratórias que forjaram a identidade da Serra Gaúcha.
Toda essa riqueza agora também integra o Projeto Janelas, criado e desenvolvido a partir de experiências e pesquisas feitas pelo grupo Imigrantes Della Montagna, que aplica ainda princípios de sustentabilidade e respeito ao meio ambiente. Historicamente falando, o Janelas busca resgatar técnicas meio esquecidas, pouco praticadas, algumas até em risco de desaparecer pela falta de transmissão – caso do frivolité e do nhandoti.
As aulas iniciaram em junho e seguem até novembro, com a maioria das vagas já preenchidas – porém, no Banco do Vestuário ainda é possível se inscrever para os cursos de macramê (julho), vagonite (agosto), tear de pregos (setembro) e acessórios com resíduos têxteis (outubro).
Tradição familiar
Financiado via Lei de Incentivo à Cultura (LIC) Municipal, o Janelas 2021 teve como proponente Susete Roveda, descendente de uma família de mestras – a bisavó, Magdalena Meneguzzo, foi a primeira professora concursada de Caxias do Sul. A avó,Hermerina, também lecionou. A mãe, dona Nair Roveda, 83 anos, é uma das mais antigas artesãs de Caxias ainda em atividade.
Além de Susete, o grupo de professoras das oficinas é formado por Sandra Teixeira, Genessy Bertolini, Irma Trevisol, Alda Lorenzi e Derli Kilpp – todas devidamente vacinadas com a segunda dose da imunização contra o coronavírus. As aulas seguem todos os protocolos sanitários, com uso obrigatório de máscara, álcool em gel, distanciamento e número de alunas proporcional ao tamanho das salas.
Referências da imigração
O Janelas é um desdobramento dos projetos Finestra e Finestra II, realizados em 2016 e 2019 para ensinar técnicas artesanais do folclore de várias etnias, com destaque para a imigração italiana na região. Os cursos incluem também modalidades mais conhecidas, como o batik, o tingimento natural e a criação de acessórios com resíduos têxteis.
O roteiro inclui palestra de motivação e oficinas sobre identidade cultural, precificação, economia solidária e programa do artesanato brasileiro, com três horas de duração cada.
Todos os cursos são profissionalizantes e habilitam os participantes a um retorno econômico, além de promover a integração social, com a exposição das peças produzidas no encerramento, em novembro.
No Museu Municipal
As imagens desta página foram feitas por Rayza Roveda no Museu Municipal Maria Clary Frigeri Horn e destacam as técnicas abordadas nas oficinas. As peças do ensaio são do acervo da instituição e das famílias das professoras dos cursos.
Vagas limitadas
:: O que: Projeto Janelas – Oficinas de técnicas de artesanato de raiz
:: Quando: até novembro de 2021
:: Inscrições: Banco do Vestuário, pelo fone (54) 3901.1457. Há vagas para macramê (julho), vagonite (agosto), tear de pregos (setembro) e acessórios com resíduos têxteis (outubro). Os cursos são gratuitos. Com a conclusão do preenchimento das 140 vagas disponíveis, serão abertas inscrições em fila de espera para possíveis edições futuras.
:: Facebook: página Imigrantes Della Montagna
:: Financiamento: Lei de Incentivo à Cultura (LIC) Municipal, com apoio cultural de Empresas Randon, Instituto Elisabetha Randon, Racon Consórcios e Vanin Soluções em Movimentações de Cargas e Materiais.