Um dia é pouco para recordar 100 anos de vida. Mesmo assim, esta quarta-feira será de muita celebração e lembranças para seu Severino Toigo. Gaiteiro, empresário, vendedor de produtos coloniais, doceiro, jogador de bocha, pai, avô, bisavô, são várias as facetas de nosso aniversariante.
Um dos sete filhos do casal Frederico Toigo e Maria Piton Toigo, seu Severino nasceu na Sétima Légua de Caxias em 7 de julho de 1921. Conforme informações repassadas pelos familiares, desde cedo ele atuou na lavoura – primeiramente auxiliando os pais, depois, trabalhando para outras famílias.
Foi na casa de uma dessas famílias, aliás, que ele aprendeu a tocar seu instrumento favorito: a gaita. E foi graças a ela que, tocando em um baile, ele conheceu a jovem Angelina Michelon, então moradora da Linha 40.
Após dois anos de namoro, Severino e Angelina decidiram casar. Da união, ocorrida em 19 de junho de 1948, nasceram os filhos Lorena, Jandira, Adiles e Valmir, que lhes deram oito netos e quatro bisnetas – todos na foto abaixo. O cenário é a “casa dos avós”, na Vila Maestra. Foi para a Maestra que eles mudaram logo após o casamento – primeiro, para a moradia da família de Severino (foto acima), depois para a residência própria.
Foi ali que Severino e Angelina, depois de aposentados, se dedicaram a fazer o que mais gostavam. Ele, cuidar das parreiras e fabricar seu próprio vinho. Ela, manter a horta em dia. Em resumo: um local de família sempre reunida, onde nada mais é comum do que encontrar os filhos, netos e bisnetas tomando um café em dias de semana ou saboreando um belo churrasco aos domingos.
Produtos coloniais e doces
Após prestar o serviço militar em meio à Segunda Guerra Mundial (1939-1945), seu Severino adquiriu uma “camioneta” e começou uma nova atividade, um pouco mais rentável: a compra e revenda de produtos coloniais pela cidade.
Já nos anos 1950, ele decidiu empreender. No início, associou-se a uma olaria junto da família Eberle. Em 1954, abriu sua própria empresa familiar, a Doces Toigo.
Trabalhando “dia e noite” em tempos de safra, seu Severino e dona Angelina viram o negócio artesanal crescer e prosperar cada vez mais, até que, em 1977, passaram a empresa Doces Vergel para os filhos.Atualmente, a Vergel Alimentos é administrada pelo neto Gustavo Toigo.
Bocha e praia
Na década de 1960, Severino Toigo também foi um dos fundadores da Sociedade Esportiva e Recreativa Victor Emanuel, na Vila Maestra. A finalidade da agremiação era abrigar o clube de bochas, um dos esportes que ele mais gostava de praticar. Já nos anos 1980, Severino auxiliou na construção da igreja da comunidade, enquanto a esposa Angelina comandava a cozinha do salão – principalmente nos almoços que ajudavam a manter o clube e a capela.
Outra paixão do casal é o Litoral, em especial Capão da Canoa, praia que escolheu para passar os verões com a família – e para onde segue indo todos os anos. A paixão pelo jogo de bochas, lógico, foi junto: em Capão, Severino ajudou a fundar a Sociedade de Bochas Concórdia.
A gaita como herança afetiva
O som da gaita é o som da casa de seu Severino e dona Angelina. Consta que, à noite, Severino costumava ir para o quarto dos fundos dedilhar, “enchendo os arredores de música”.
Pesada demais para ser tocada atualmente, ela é mantida guardada como relíquia pela família. A sonoridade inconfundível, porém, segue na memória dos descendentes de seu Severino até hoje...
Festa da uva
Seu Severino e dona Angelina também não costumam perder uma Festa da Uva. Uma das mais especiais, logicamente, foi a de 2008, quando a neta Vanessa Susin foi eleita princesa – uma emoção para os avós, que têm lembranças desde as primeiras edições do evento, na década de 1930.