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Imigração italiana: a trajetória da família Masera

Luige Ambrosio Masera migrou da província italiana de Trento e instalou-se na antiga Colônia Dona Isabel (Bento Gonçalves), no final do século 19

Rodrigo Lopes

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Acervo família Masera / divulgação
Em 1957: Antonio Masera, neto de Luige Ambrosio Masera, e a esposa Dorzolina Pandolfo Masera. São os pais da pesquisadora Elisete Masera, que resgatou a história da família

Eles se estabeleceram na Linha Faria Lemos, em Bento Gonçalves (a antiga Colônia Dona Isabel), a partir de 1875. Foram agricultores, marceneiros, ferreiros, auxiliaram no desenvolvimento da região, criaram vínculos, migraram para outros municípios e deixaram um legado reconhecido até hoje por seus descendentes. Falamos dos pioneiros imigrantes italianos da família Masera, em especial do lavrador trentino Luige Ambrosio Masera (1873-1932), cuja história vem sendo pesquisada pela filósofa e publicitária Elisete Luiza Masera de Souza. 

Segundo ela, as entrevistas com os descendentes da família Masera tiveram início em 2019. Em meio a tantos relatos, surgiu a lembrança do surgimento de um moinho na localidade de Chuvisqueiro, distrito do município de Riozinho, na micro-região Gramado-Canela. Conforme recordado pelo neto Ermelindo Masera, o “nonno” Luige Masera encomendou, da Itália, o engenho para a construção do moinho. 

— Meu pai, Antonio Masera, filho de Guilherme Masera e neto de Luige, declara que o nonno solicitou as pedras do moinho em Bento Gonçalves e Caxias do Sul — completa Elisete.

Acervo família Masera / divulgação
O imigrante italiano Luige Ambrosio Masera (1873-1932) trabalhou como agricultor e marceneiro na Linha Farias Lemos

Cadeiras, baús e capitéis

Além de ferreiros e agricultores, os Masera foram exímios marceneiros. Guilherme Masera fabricava baús e mesas. O filho Antonio auxiliou o pai na construção das igrejas de São Luiz e São Judas Tadeu, em Chuvisqueiro, incluindo os barracões para as festas religiosas. Diversos capitéis, móveis, cabos, ferramentas, cangas e consertos em madeira também levam a marca dos Masera. 

Detalhe: são obra de Luige Masera as cadeiras pertencentes à Igreja Nossa Senhora do Rosário, na Linha Faria Lemos, conforme vemos abaixo. Conforme detalhado por Elisete, a imagem de Nossa Senhora do Rosário (também na foto) foi comprada na Itália, e a mãe de Luige, dona Petronilla Nicoluzzi, contribuiu financeiramente para que a escultura fosse transportada desde Montenegro até Faria Lemos. Na imagem seguinte, o filho Elizeo Masera em Chuvisqueiro, distrito de Riozinho. Ele aparece ao lado do engenho encomendado pelo pai, na Itália, para a construção do moinho. 

Acervo família Masera / divulgação
Cadeiras da Igreja Nossa Senhora do Rosário, na Linha Faria Lemos, foram confeccionadas pelo marceneiro Luige Ambrosio Masera
Acervo família Masera / divulgação
Elizeo Masera, filho de Luige Ambrosio Masera, em Chuvisqueiro, distrito de Riozinho. Ele aparece ao lado do engenho encomendado na Itália pelo pai, para a construção do moinho
Acervo família Masera / divulgação
Linha Faria Lemos, em Bento: o lote onde residiu Luige Ambrosio Masera, entre o final do século 19 e o início do século 20

A família de Luige

Filho de Giuseppe Albino Masera e Petronilla Ruffina Nicoluzzi, Luige Ambrosio Masera casou com Elena Giosephina Tesser em 9 de janeiro de 1897, tendo como testemunhas da união os senhores Luiz Basso e Angelo Trevisan. Conforme informações repassadas pela pesquisadora Elisete Masera, Luige e Elena tiveram os seguintes filhos: Albino Masera (casado com Elvira Callegari), Vitório (casado com Sibila De Negri), Otilia (casada com Antonio Pandolfo), Guilherme (casado com Maria Facchin), Elizeo (casado com Lucia Gallon), Orestes, Valério (casado com Dosolina Prezzi), Dina (casada com Augusto Prezzi), Alexandre (casado com a prima Inês Masera), José, Irineu, Percebe e Alfredo.
  

O trabalho de pesquisa 


Conforme a autora Elisete Luiza Masera de Souza, o trabalho busca apresentar o estudo sobre a imigração italiana no Brasil e a chegada dos descendentes à Serra Gaúcha, na antiga Colônia Dona Isabel - hoje município de Bento Gonçalves -, abordando os aspectos econômicos, culturais, gastronômicos e religiosos. 

A pesquisa incluiu consultas no Arquivo Histórico Municipal de Bento Gonçalves, em livros de registros e em publicações de autores locais. 

— A fé, o trabalho e a persistência foram fatores relevantes na trajetória desses imigrantes — conclui Elisete, filha de Antonio Masera, neta de Guilherme e bisneta de Luige.

Mais informações pelo e-mail elimasera@yahoo.com.br.

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