A antiga Fábrica 2 da Metalúrgica Abramo Eberle, leia-se Maesa, segue tendo sua trajetória resgatada em postagens e lives no instagram do escritório Vazquez Arquitetos, recentemente contratado pela prefeitura de Caxias para desenvolver o projeto de ocupação do prédio.
Nesta terça (9), a partir das 19h, ocorre a segunda live de 2021, desta vez com a participação do professor, historiador e diretor do Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC) da UCS, Anthony Beux Tessari. O destaque será para a história do trabalho na metalúrgica a partir das fotografias da empresa, uma espécie de síntese da dissertação de mestrado de Tessari, intitulada Imagens do labor: memória e esquecimento nas fotografias do trabalho da antiga Metalúrgica Abramo Eberle (1896-1940).
— Quero mostrar como é possível utilizar as fotografias como fonte histórica, o significado da imagem em uma sociedade industrial, e ressaltar as transformações no mundo do trabalho local e como a cultura do trabalho está representada nas imagens — comenta o historiador.
Curiosidades
No instagram do escritório Vazques Arquitetos também é possível acompanhar drops com curiosidades e fotos da trajetória da empresa e da família, abrangendo a chegada dos Eberle ao Brasil, a moradia ao lado da fábrica, o início da funilaria e ourivesaria, o casamento de Abramo com Elisa Venzon, a sociedade com Luiz Gasparetto, entre várias outras, a partir de trechos reproduzidos das dissertações dos professores Anthony Beux Tessari e Ramon Tisott.
Nas imagens desta matéria, um pouco de toda essa história, com destaque para Abramo e os trabalhadores em frente ao prédio da funilaria, em 1907; o casal Abramo e Elisa em 1902; e os operários da Eberle na fabricação de artigos de metal, em 1907.
Sem falar, claro, no icônico óleo sobre tela “A Velha Funilaria”, pintado por Adélia Eberle em 1929 e integrante do Acervo Municipal de Artes Plásticas de Caxias do Sul (Amarp), originado a partir da antiga Pinacoteca Aldo Locatelli.
Primeira rainha da Festa da Uva, eleita em 1933, Adélia (1910-1941) recriou a paisagem da Rua Sinimbu de chão batido, cavalos, charretes e dos antigos casarões de madeira que originariam o majestoso prédio da metalúrgica (abaixo).
Caminho Histórico
Tanto a Maesa, no bairro Exposição, quanto a Fábrica 1, na Rua Sinimbu, vem tendo a história de seus prédios recontada. No Pátio Eberle, como o edifício central foi batizado, um caminho histórico localizado no térreo destaca várias curiosidades e detalhes da antiga metalúrgica.
Integrantes do cenário urbano de Caxias desde meados dos anos 1940, eles nem sempre são percebidos pelos passantes. Entram aí, por exemplo, as duas piteiras do telhado, os vitrais no acesso pela Sinimbu e a calçada de pedras portuguesas reproduzindo as engrenagens, símbolos da metalurgia.
A exposição permanente, que convida o visitante a “descobrir e redescobrir” o lugar, pode ser conferida acessando-se o Pátio Eberle pelas ruas Sinimbu, Borges de Medeiros e Os Dezoito do Forte.