Colaborador da coluna Memória, o médico e escritor Francisco Michielin disponibilizou vasto material sobre a trajetória do Esporte Clube Juventude, relatando histórias e personagens que se mesclaram não apenas ao futebol mas ao desenvolvimento de Caxias do Sul ao longo do século. 20 É o caso do senhor Zulmir Fabbris, um dos 35 fundadores do Juventude – tanto do Recreio quanto do Esporte –, além de lendário diretor da seção de artigos religiosos da Metalúrgica Abramo Eberle.
Na imagem acima, disponibilizada por Michielin, vemos a comemoração do jubileu de prata de Fabbris, celebrado em 1º de agosto de 1939. A foto seguia o padrão de todos os jubilados nas décadas de 1930, 1940 e 1950, com a direção e os funcionários da respectiva seção junto ao homenageado.
Fabbris (o quarto sentado, a partir da esquerda) aparece ao lado dos diretores José "Bepin" Eberle e Caetano Pettinelli, além de vários outros nomes que fizeram história na fábrica, como João Crisóstomo, Atílio Peroni, Alberto Miller, Hugo Argenta, Oscar Martini, Américo Garbin, Humberto Bassanesi, Henrique Michielin, Agostinho Fochesatto, Antônio Fedrizzi, Alcides Fedrizzi, Pedro Moré, Hugo Seidl e Odino Sartori.
No registro abaixo, parte desse grupo aparece junto ao fundador Abramo Eberle (sentado ao centro), durante uma reunião da direção e funcionários em 1941. Abramo faleceria dali a quatro anos, em 14 de janeiro de 1945. Na sequência, um perfil de Zulmir Fabbris no Boletim Eberle de 1959, quando ele completou 45 anos de empresa.
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O bispo da Maesa
Filho de Luiz e Leonilda Fabbris, Zulmir nasceu em 6 de janeiro de 1894. Primogênito de nove irmãos, iniciou profissionalmente como atendente no quiosque de Anúncio Ungaretti, localizado junto à Praça Dante. Aos 20 anos, em 1914, deu entrada na Metalúrgica Abramo Eberle como balconista.
Católico e profundo conhecedor dos artigos sacros produzidos pela empresa, Fabbris também foi, ao longo das décadas seguintes, uma espécie de relações públicas da Eberle e elo natural de comunicação entre a firma e o clero. Não por acaso era conhecido entre os representantes comerciais como "O Bispo da Maesa"...
Morte às vésperas do jubileu de ouro, em 1964
Conforme a homenagem póstuma publicada no Boletim Eberle de julho de 1964 (fotos acima e abaixo), Zulmir Fabbris faleceu em 7 de junho daquele ano, a 54 dias de completar o jubileu de ouro na Metalúrgica Abramo Eberle, onde iniciou em 1º de agosto de 1914.
"É por isso que esta crônica sai hoje desalinhada, sem jeito, ainda úmida das lágrimas de todos os seus familiares e amigos. Esta crônica, que desejaríamos refletisse a alegria de uma etapa vencida com galhardia, perseverança e muita fé, reflete hoje a tristeza que enlutou os corações de nós todos que labutamos cotidianamente na nossa Maesa".
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Conforme matéria do Pioneiro de 13 de junho de 1964 (fotos abaxio), a Metalúrgica Abramo Eberle e a empresa Controles Robertshow do Brasil S.A. suspenderam seu expediente no dia 8 de junho, como uma homenagem a Zulmir Fabbris. O texto completava:
"O féretro, com grande acompanhamento e recoberto pela bandeira do Juventude, do qual Zulmir era sócio-fundador, foi conduzido à Catedral Diocesana, onde foi rezada missa de corpo presente, tendo o reverendo padre Brandalise reverenciado a memória e feito a encomendação do extinto. Zulmir Fabbris, que desaparece contando 70 anos de idade, deixa a prantear-lhe sua morte a esposa, dona Modestina Ely Fabbris; sua filha Claudia Allucy Kolling, casada com o senhor João Kolling Netto; e seus irmãos: viúva Romilda Zani, senhorita Flora Fabbris, senhora Alice Garbin, esposa do senhor Américo Garbin; e senhores Gastão Fabbris e Vasco Fabbris."
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Depoimento de Cláudio Eberle
Antes de Zulmir Fabbris ser sepultado no Cemitério Público Municipal, Claudio Eberle discursou em nome da empresa. Confira parte do texto:
“Morreu Zulmir Fabbris, e esta triste ocorrência, enchendo de dor os nossos corações, vem cobrir de luto não apenas os seus familiares, mas também a sociedade humana que labuta na casa de Abramo Eberle, da qual Zulmir foi fiel amigo e discípulo. A morte de Zulmir nos consternou profundamente. Porque toda a sua vida foi um exemplo de dedicação e amor voltados ao trabalho honesto, profícuo e criador. Porque foi o companheiro inseparável de todas as horas, acompanhando nas mínimas coisas tudo quanto se referia à nossa empresa, da qual foi um dos melhores esteios e construtor". (Jornal Pioneiro, 13 de junho de 1964)
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