Rede de solidariedade de Passo Fundo tem, em média, 400 voluntários por dia para triar e organizar doações

Local que já sediou filial de construtora de guindastes virou centro de arrecadação de doações aos atingidos pelas enchentesReprodução RBS TV / Divulgação

Aberta há uma semana como o novo centro de distribuição de doações de Passo Fundo, a área da antiga Manitowoc opera com apoio de, em média, 400 voluntários por dia. O espaço, que fica às margens da RS-324, no bairro Valinhos, e já sediou uma filial da empresa norte-americana de guindastes, agora recebe dezenas de caminhões e carretas com donativos de todo o país enviados para ajudar as vítimas das enchentes que causam mortes e estragos no Rio Grande do Sul.

O pavilhão da antiga empresa tem mais de 20 mil metros quadrados e está repleto de cestas básicas, garrafas de água, itens de higiene e limpeza, roupa e produtos para animais prontos para serem entregues. Em um espaço separado, onde outrora funcionava o setor administrativo da companhia, ficam os medicamentos à população obrigada a sair de casa. No último domingo (12), mais de 500 voluntários trabalham no local de forma simultânea.

Até o momento, o centro recebeu e encaminhou cerca de 700 toneladas de mantimentos a pelo menos 21 cidades atingidas pelas enchentes no RS. Entre elas, estão Arroio do Meio, Barra do Rio Azul, Canoas, Cruzeiro do Sul, Eldorado do Sul, Encantado, Guaíba, Lajeado, Muçum e Roca Sales.

O fluxo de carga e descarga de donativos é constante. Alexandro Scatolin é motorista de carreta e viajou mais de 230 quilômetros de Pinhalzinho (SC) a Passo Fundo com diversos suprimentos arrecadados no município do estado vizinho. Essa é a segunda vez que ele enfrenta a estrada e os problemas causados pela chuva em direção ao norte gaúcho.

— Estamos fazendo a arrecadação lá na região. A prefeitura e todo mundo estão empenhados porque, imagino, se fosse pra gente eles também estariam dispostos a nos ajudar, nos acolher nesse momento tão triste — disse.

Trabalho é incessante, relatam voluntários

Só na segunda-feira (13), mais de 20 carretas e caminhões descarregaram doações no espaço. A voluntária Luciane Goreti diz que o trabalho é incessante. Ela é a responsável por receber os alimentos e cestas básicas e conferir o que entra no local.

— Tem muito trabalho, graças a Deus. O povo está ajudando, está chegando bastante doações, então estamos conseguindo montar (as cestas) com todos os itens por enquanto — comenta.

A médica veterinária Jeane Trein ajuda na organização e distribuição dos produtos para animais. Segundo ela, embora haja uma quantia expressiva de donativos, muitos itens ainda são necessários:

— Toda ajuda é bem-vinda: medicamentos, tudo que for relacionado aos animais a gente está recebendo. Fazemos a triagem e encaminhamos direto para o município que fez a solicitação.

A presença diária dos voluntários no centro de distribuição ajuda a manter a organização do local, como relata o coordenador da Defesa Civil de Passo Fundo, Fernando Carlos Bicca:

— O Rio Grande do Sul vai se reerguer pela força desses voluntários, pelo amor do povo gaúcho e por esses passo-fundenses que a todo momento nos dão mostras dessa solidariedade.

Embora muitas pessoas estejam presentes diariamente para trabalhar no local, o espaço ainda pode receber novos voluntários. Para isso, basta ir até a sede da antiga Manitowoc, na RS-324, bairro Valinhos, e preencher um cadastro na entrada. O centro de distribuição de doações funciona das 8h às 18h.