A semifinal do Gauchão de Futsal entre Guarany e Atlântico no último sábado (30), em Espumoso, foi marcada por uma denúncia de injúria racial que gerou grande repercussão. Durante o primeiro tempo da prorrogação, um torcedor do time da casa dirigiu ofensas racistas ao goleiro reserva do Galo, João Paulo, levando a equipe visitante a abandonar a partida.
Em entrevista à GZH Passo Fundo, o presidente do Guarany, Deonir Cechele, conhecido como Castelo, lamentou o ocorrido, afirmou que o clube não compactua com atos de discriminação e confirmou que o agressor foi identificado.
Clube identificou o suspeito
Segundo Castelo, o clube agiu rapidamente após o incidente, auxiliando na identificação do suspeito e acionando a Brigada Militar.
— O Guarany registrou o Boletim de Ocorrência e prestou todo o apoio necessário ao Atlântico. Inclusive, chamando a Brigada Militar para fazer ocorrência.
Após o jogo, João Paulo também registrou o B.O.
— O cara que chamou não é torcedor, ele não estava com a camisa do Guarany. Ele não faz parte de torcida organizada nenhuma, ele não faz parte da direção do Guarany. É simplesmente um morador de Espumoso. Moro em Espumoso há 15 anos e não sei onde ele mora — destacou Castelo.
Clube se defende
Após as ofensas, o goleiro e outros integrantes da comissão técnica do Atlântico identificaram o agressor na arquibancada. Inclusive indicaram aos seguranças que estavam no local. No entanto, o suspeito não foi detido. O torcedor teria se infiltrado no meio da multidão e, logo após, deixado o ginásio. Os atletas do Galo alegaram que os seguranças não fizeram esforço para detê-lo. O presidente do Guarany contestou a versão.
— O Guarany tomou todas as providências e, no momento em que o João Paulo comunicou o caso, os responsáveis pela segurança, tentaram identificar, mas esse indivíduo sumiu no mesmo momento. Uma coisa é clara, ninguém se opôs a fazer nada. Nós corremos atrás, chamamos a Brigada e eles vieram ao ginásio — explicou.
Sequência do jogo
Após o ocorrido, os atletas do Atlântico entraram no vestiário e comunicaram à equipe de arbitragem que não retornariam mais para o jogo. A partida foi interrompida aos 4min10s do primeiro tempo da prorrogação, com o placar de 1 a 1. Resultado que levava a decisão para os pênaltis. Na visão do time de Espumoso, o jogo deveria prosseguir após a saída do agressor do ginásio.
— Não houve incidente dentro de quadra. Segunda coisa, a arbitragem deu condições para que o jogo fosse realizado, porque não teve incidente nenhum dentro de quadra, não teve discussão, não teve nada. O problema foi fora de quadra com o torcedor — argumentou o presidente.
— Agora precisa ser justo com o Guarany e precisa usar o mesmo critério que foi usado para os outros casos que ocorreram dentro do campeonato. Não foi só um — emendou.
Castelo se refere a outros dois episódios de injúria racial que ocorreram no Gauchão deste ano. Em ambos os casos, as equipes ofendidas deixaram a quadra e foram punidos no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD).
— E eu quero uma imparcialidade no julgamento. Isso é abandono de quadra. A arbitragem deu condições de jogo. O Guarany não tem nada mais a fazer, a não ser cumprir o papel e esperar para jogar.
— Se reverterem os pontos para o Guarany, a gente vai terminar em primeiro lugar na chave e vamos decidir a final em casa — completou Castelo.
O presidente do Guarany ainda afirmou temer pela imagem do clube.
— Estão crucificando um time que tem 70 anos de idade. Ocorreu um fato isolado, um torcedor de um time de futsal, que não é torcedor, não faz parte de diretoria, não faz parte de comissão técnica e não faz parte de torcida organizada. Simplesmente estava no ginásio junto com outras 1,3 mil pessoas — concluiu o presidente do clube.