Por Gabriela Ferreira, líder de Impacto Social do Tecnopuc e diretora técnica da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
A primeira revolução industrial levou 18 séculos para acontecer. A segunda veio cem anos depois. E foi necessário somente a metade desse tempo para a terceira revolução chegar. Esse movimento nos mostra que a velocidade da mudança é cada vez maior, e as diferenças entre fases, mais incrementais, embora transformadoras. Assim como as que marcam as chamadas eras industriais, as inovações atuais continuam sendo disruptivas, mas não mais materializadas em uma tecnologia, como foi o caso da máquina a vapor, da energia elétrica e da automação nas primeiras passagens de era. Daqui para a frente, as inovações vão permear o mundo de forma cada vez mais integrada, profunda e transversal.
No momento em que se inicia um novo semestre letivo, isso nos faz pensar sobre como devemos preparar as pessoas para o trabalho do futuro. Quais são os conhecimentos, as habilidades e as atitudes que os indivíduos devem ter para desempenhar suas funções profissionais em um cenário que está em constante mudança? Se o cerne da quarta revolução industrial é a integração entre o físico, o virtual e o biológico, é tão diferente assim o que tem que aprender um médico e um engenheiro de software? Um pensador do nosso tempo, Edgar Morin, tem uma resposta: vivemos na complexidade e, por isso, toda simplificação é falha. Temos que reduzir as fronteiras entre os saberes e buscar a transdisciplinaridade. Entender o mundo e seus desafios nunca será feito com a soma sequencial dos conhecimentos de diferentes áreas. Para ensinar, é preciso, cada vez mais, integrar os conteúdos, o que é um enorme desafio para o modelo educacional predominante.
Talvez só descubramos exatamente o que é a quarta revolução quando tivermos entrando na quinta, mas uma coisa é certa: precisamos do conhecimento, as pessoas precisam aprender e, especialmente, aprender a aprender, porque as demandas mudam, e cada vez mais rápido. Precisamos ensinar a buscar soluções para os desafios existentes, de forma criativa, empreendedora e sustentável. As escolas, as universidades e quaisquer outros locus de educação precisam, como diz Morin, ensinar a viver.