Por Carla Rojas Braga, psicóloga
Antonio Carlos Jobim, morando em Nova Iorque, foi perguntado sobre o Brasil: "O Brasil é uma droga, mas é bom, a América é ótima, mas é uma droga". A Holanda é uma maravilha.
Pois Amsterdã é uma cidade linda, maravilhosa, mas está uma droga. Literalmente. O turismo da maconha emporcalha a bela capital da Holanda e bandos de zumbis fedendo à erva circulam em meio a nuvens de fumaça pelas ruas feito bobos da corte. A cidade já está tomando providências para incentivar o turismo de outras formas, pois o aumento da criminalidade e dos problemas decorrentes do consumo da maconha estão afastando os turistas de mais alta renda. E está preocupada com o futuro dos adolescentes usuários.
Pesquisa publicada na semana passada pelo Journal of American Medical Association e divulgada amplamente por aqui na Holanda relata que após mais de 23 mil pessoas pesquisadas, acompanhadas do início da adolescência até o início da idade adulta, conclui-se que os adolescentes usuários de maconha, em comparação com adolescentes não usuários, têm risco 37% maior de desenvolver depressão na idade adulta, risco 50% maior de ideação suicida na idade adulta e risco de tentativa de suicídio triplicado na vida adulta.
Os autores concluíram que a alta prevalência de adolescentes consumindo cannabis gera um grande número de adultos jovens que podem desenvolver depressão e comportamento suicida atribuíveis à cannabis. Este é um grave problema de saúde pública para qualquer país. Enfatizaram ainda que as políticas de prevenção devem "educar os adolescentes a desenvolver habilidades para resistirem à pressão do grupo para usarem drogas".
Eu penso que pais, professores e autoridades é que precisam desenvolver habilidades para poderem influenciar e orientar adolescentes positivamente. Se o cérebro do adolescente está em formação, ele sozinho não consegue resistir à pressão. Pais adolescentes precisam crescer e assumir seu papel de pais adultos, escolas condescendentes precisam aprender a orientar e políticos negligentes precisam pensar no problema da saúde pública, pois a legalização da maconha no Brasil traria um dano terrível a múltiplas gerações.
Talvez um dano tão irreversível quanto o que a maconha causa no cérebro dos adolescentes.