A ex-secretária de Educação de Porto Alegre Sônia da Rosa defendeu, na manhã desta segunda-feira (2), as compras de materiais feitas na sua gestão. Ela disse que as decisões eram tomadas em conjunto, a partir de análise de um corpo técnico, e admitiu que houve problemas na distribuição de parte dos itens adquiridos.
Sônia foi ouvida por cerca de duas horas em sessão conjunta das duas comissões parlamentares de inquérito (CPIs) que apuram possíveis irregularidades na aquisição de materiais didáticos e de informática pela Secretaria Municipal de Educação (Smed).
Logo no começo, ela falou sobre índices na educação do município e os desafios pós-pandemia. Sustentou que tudo o que foi comprado tinha relação direta com os programas desenvolvidos pela Smed visando a recuperar a aprendizagem dos alunos e a preparar para avaliações, como o Sistema de Avaliação da Educação Básica.
O foco das perguntas dos vereadores da base governista seguiu, como em outras sessões, na linha de destacar a importância do que foi comprado. Por parte dos chamados independentes, da comissão presidida por Mari Pimentel (Novo), os questionamentos foram sobre se houve interferência do Executivo municipal na escolha de fornecedores.
A vereadora Biga Pereira (PCdoB) questionou se o secretário Alexandre Borck – da Secretaria Extraordinária de Modernização e Gestão de Projetos – visitava Sônia e sobre que assuntos tratava. Sônia disse que recebeu Alexandre assim como a muitos outros secretários.
Na sequência, Mari apresentou áudios que diz ter recebido de Mabel Luiza Leal Vieira, ex-assessora técnica do gabinete de Sônia e que já prestou depoimento à CPI. Nas mensagens, Mabel fala sobre uma suposta prática de entrega de pendrives já contendo as atas de registro de preço que deveriam ter adesão pela Smed para a compra de materiais.
— Tu lembra da história do Xandão indicar ata e coisa e tal? — diz a ex-servidora em um trecho de uma mensagem.
Mabel também chega a dizer a Mari que uma outra colega não teria mais o material porque “a Soninha tinha pedido para destruir”. A ex-secretária negou saber do assunto “pendrive”.
Borck disse a GZH que “meu trabalho na prefeitura frente à Secretaria de Modernização e Gestão de Projetos é transversal e inclui interlocução entre as diversas secretarias, o que em absoluto significa participação nas formas de aquisição”. Questionada por GZH, Mabel não quis se manifestar sobre o assunto.
Questionamentos
Roberto Robaina (PSOL) quis saber qual a relação de Sônia da Rosa com o empresário Jailson Ferreira da Silva, representante e revendedor comissionado de duas empresas que venderam para a Smed. Ele esteve reunido com Sônia poucos dias depois de ela assumir. Dias depois, uma compra já foi formalizada.
A ex-secretária disse que a relação com Jailson é profissional e citou a participação em eventos em vários Estados em que empresas montam estandes para apresentar seus produtos. Sônia destacou que as compras que fez na Capital não têm relação com a reunião que teve com Jailson.
A vereadora Comandante Nádia (PP) fez requerimento para que seja incluído como objeto de investigação das CPIs um processo de compra que envolve um empresário que esteve em reunião com a então secretária Sônia em companhia da vereadora Mari. Fotos do encontro também foram apresentadas na sessão.