A ex-titular da Secretaria Municipal de Educação (Smed) Janaína Audino falou por cerca de uma hora e 30 minutos em sessão extraordinária de uma das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) que apuram supostas irregularidades na pasta, na manhã desta sexta-feira (25).
Janaína, que ficou por 14 meses no cargo, negou ter sofrido pressões para fazer compras e explicou que não fez nenhuma aquisição por adesão à ata — a modalidade chamada de "carona", que era autorizada na prefeitura de Porto Alegre, prevê o uso de licitações de outros municípios para agilizar processos de compra, e teria sido usada em muitas das aquisições de materiais que ficaram estocados, sem uso, em depósitos e escolas do município, tema da investigação da comissão.
Questionada se tinha filiação partidária e sobre o motivo de ter sido escolhida para atuar na gestão de Sebastião Melo, respondeu:
— Meu partido é a educação. Não sou filiada. Fui convidada pela minha trajetória técnica.
Na sessão, comandada pelo presidente desta CPI, Idenir Cecchim (MDB), os únicos momentos de sobressalto foram quando vereadores questionaram a condição em que Janaína estava falando. Cecchim e o relator Mauro Pinheiro (PL) defendiam que era como convidada, mas Tiago Albrecht (Novo) cobrou que ela fizesse juramento de só falar a verdade. Janaína fez o juramento, se colocando na condição de testemunha, às 11h14min.
A ex-secretária recebeu elogios de vereadores por sua qualificação na área da educação e pelo trabalho que impulsionou investimentos em tecnologia para as escolas municipais. Na gestão dela, foi comprada a primeira leva de chromebooks: 27 mil.
Ao longo dos questionamentos, por diversas vezes, Janaína precisou repetir aos vereadores que não fez compras por adesão à ata e que não poderia comentar as aquisições feitas depois que deixou o cargo. Ela também foi muito questionada sobre uma reunião que teve com o prefeito Sebastião Melo, secretários, vereadores e representantes da editora Inca Tecnologia e da Astral Científica.
Janaína explicou que foi uma reunião como "tantas outras" para a apresentação de um produto e que nada foi decidido no encontro. Depois da saída de Janaína, já na gestão de Sônia da Rosa, as empresas venderam R$ 43,2 milhões em materiais para a Smed.
Às 11h44min, Cecchim encerrou a sessão. Na próxima segunda-feira, a outra CPI que investiga os mesmos fatos, presidida pela vereadora Mari Pimental (Novo), terá reunião. Estão previstos os depoimentos de duas ex-servidoras da Smed.