Em entrevista ao programa Gaúcha Timeline, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quinta-feira (2), o prefeito Agudo, Luís Henrique Kittel, pediu o auxílio de helicóptero para o resgate de pessoas em situação de risco na cidade da Região Central. Segundo ele, a prefeitura está há 48 horas sem notícias de moradores da parte norte do município atingidos pela chuva desta semana.
— Estamos em um momento de muitas dificuldades aqui no município, uma vez que o Rio Jacuí passa ao lado de nossa cidade. Precisamos de um helicóptero para auxiliar os moradores de Agudo — afirmou.
Kittel solicitou ainda a ajuda do efetivo de Santa Maria, cidade polo da região central do Estado.
— Estamos ilhados aqui em Agudo. Precisamos atenção total das autoridades. Santa Maria precisa ajudar as cidades do entorno. Lá tem base aérea e Exército, precisam dar um jeito de vir pra cá — pediu.
Calamidade pública
O governo do Estado declarou, na noite desta quarta-feira (1º), estado de calamidade pública no Rio Grande do Sul devido às chuvas intensas. O decreto foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Estado.
O texto destaca que o Estado é atingido por chuvas intensas, alagamentos, granizo, inundações, enxurradas e vendavais de grande intensidade, sendo classificados como desastres de nível III, caracterizados por danos e prejuízos elevados.
Os eventos meteorológicos, que ocorrem desde 24 de abril, ocasionaram "danos humanos, com a perda de vidas, e danos materiais e ambientais, com a destruição de moradias, estradas e pontes, assim como o comprometimento do funcionamento de instituições públicas locais e regionais e a interdição de vias públicas", descreve o decreto, que ficará em vigor por 180 dias.
As regiões mais críticas
As principais regiões afetadas pelas enchentes são a Metropolitana, Central, Vale do Rio Pardo, Vale do Taquari e serra gaúcha.
Veja, nos links, a situação em algumas cidades gaúchas:
- Santa Maria: a cidade registrou a maior quantidade de chuva no mundo nesta quarta-feira. Onze pontes danificadas e 70% da cidade sem água
- Lajeado e Estrela: rio Taquari supera a marca de 30 metros. É a maior cheia da história nos locais. Governador Eduardo Leite pede que pessoas deixem áreas de risco.
- Encantado: Seis desaparecidos. "Começou a estalar e depois veio a casa", conta morador
- Sinimbu: prefeita relata cenas de destruição no município
- Guaporé: mais de 80 casas alagadas e famílias desabrigadas
- Esteio: "Eu nem sei como está agora e o que deu para salvar", diz morador
- São Sebastião do Caí: quase 300 pessoas fora de casa em razão da cheia do rio
- Candelária: oito desaparecidos, cerca de 120 pessoas no aguardo de ajuda e 56 resgatadas
- Roca Sales: quatro pessoas desaparecidas
- São Vendelino: duas pessoas desaparecidas
- Passa Sete: uma pessoa desaparecida
Volume elevado de chuva
Em 24 horas, alguns municípios gaúchos registraram volumes de chuva superior à média esperada para todo mês. O Norte, Noroeste, Serra e Centro foram as regiões mais afetadas entre o começo da manhã de quarta-feira (1°) e 7h30min de quinta-feira (2). O valor mais alarmante, de 313,4 milímetros em 24 horas, foi registrado em Fontoura Xavier, no norte do Estado.
Mais de 300 milímetros de chuva em um dia é considerado um volume muito grande para tão pouco tempo. Em outros municípios, como Soledade, localizado na Região Norte, o volume registrado em 24 horas foi de 242,2 milímetros, o que também pode ser considerado um valor alto. Pelo menos mais 12 cidades receberam acima dos 140 milímetros de chuva entre quarta e quinta-feira.
Os valores preocupam porque são superiores à média climatológica de maio no Estado. Ou seja, em um dia, alguns municípios registraram volume de chuva superior ao que costuma chover durante todo o mês. Segundo a Climatempo, no Rio Grande do Sul, é normal chover entre 140 e 180 milímetros em maio.