Um dos pontos mais polêmicos das próximas rodadas de concessão rodoviária no Rio Grande do Sul envolve a instalação de um pedágio na RS-118 em Gravataí, próximo à freeway e a acessos a municípios vizinhos.
O Piratini já levou a leilão o primeiro de três blocos rodoviários, que reúne Serra e Vale do Caí, e pretende publicar editais para outros dois conjuntos de estradas nas próximas semanas. Um deles inclui o trecho metropolitano da RS-118.
Por se localizar em um trecho urbano de alto fluxo e perto de cidades com baixo PIB per capita, a exemplo de Alvorada (pior desempenho gaúcho, com R$ 13,5 mil) ou Viamão (490º lugar, com R$ 15,8 mil), há um movimento de prefeitos e empresários contra a instalação da praça.
O governo do Estado fez quatro versões do plano de concessão com diferentes cenários para essa estrada – um deles sem pedágio, com poucas chances de sair do papel, e os demais com localizações alternativas.
— A decisão final será técnico-política, e deverá ocorrer nas próximas semanas — revela o secretário de Parcerias, Leonardo Busatto.
A implantação das cancelas encontra resistências entre os prefeitos da região e motivou a criação de um movimento chamado RS-118 Sem Pedágio.
— O entendimento dos prefeitos é contrário a essa praça, especificamente, em virtude de Alvorada ser um dos municípios mais pobres do Estado. Por isso, já emitimos uma nota nesse sentido. Não somos contra as privatizações, mas não é possível penalizar uma região que tem dificuldades econômicas — afirma o presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal) e prefeito de Nova Santa Rita, Rodrigo Battistella.
Coordenador do movimento antipedágio na 118 e diretor regional da Federação das Associações Comerciais do Estado (Federasul), Darcy Zottis afirma que o grupo está tentando uma audiência com o governador Ranolfo Vieira Júnior por meio de parlamentares favoráveis à causa. No ano passado, representantes do movimento se encontraram com o então governador Eduardo Leite, mas não tiveram resposta favorável às demandas.
— Colocar um pedágio naquele trecho da RS-118 seria como implantar uma praça na BR-116 entre a Capital e Novo Hamburgo — compara Zottis.
Busatto observa que a concessão é fundamental para a duplicação do trecho sul da 118, considerada uma medida estratégica para o Estado.
— São Paulo e Rio de Janeiro têm praças de pedágio em rodovias metropolitanas há décadas, e isso nunca foi problema por lá. Não impediremos ninguém da região de vir para a Capital, há várias outras rotas possíveis — sustenta o secretário estadual de Parcerias.