Contra a reforma da Previdência, que tramita na Câmara dos Deputados, líderes de centrais sindicais e movimentos sociais preparam greve geral para esta sexta-feira (14). No Rio Grande do Sul, atos estão previstos em 150 municípios, com a paralisação de serviços de transporte, atos públicos e acampamentos às margens de rodovias.
— Todas as centrais, movimentos rurais e urbanos e o movimento estudantil são contrários a essa reforma, que vai destruir as aposentadorias. Estamos unidos e temos o apoio de metalúrgicos, petroleiros, servidores municipais, estaduais e federais. O país vai parar — disse Érico Corrêa, dirigente da CSP-Conlutas.
Em coletiva de imprensa, os líderes sindicais disseram nesta quinta (13) esperar grande mobilização, com a participação de movimentos urbanos e rurais. Conforme o presidente da Central Única dos Trabalhadores no Estado (CUT-RS), Claudir Nespolo, grupos irão acampar às margens de rodovias federais. Ele não antecipou onde serão os pontos e se haverá interrupção de estradas.
— A única coisa que podemos dizer é que a Avenida Mauá (em Porto Alegre) vai estar fechada — disse Nespolo.
Entre os 150 municípios onde há atos programados, estão Caxias do Sul, Passo Fundo, Santa Maria, Santa Rosa, Pelotas, Santa Cruz do Sul, Lajeado, Ijuí, Rio Grande, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Uruguaiana, Viamão, Cachoeirinha e Gramado. Em Porto Alegre, o ponto de encontro será na Esquina Democrática, a partir das 17h.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) vai monitorar possíveis interrupções de rodovias. Cássio Garcez, do setor de comunicação da PRF, informou que o órgão está preparado para dialogar.
Responsável pelo policiamento ostensivo no Rio Grande do Sul, a Brigada Militar ressaltou que irá priorizar a proteção aos cidadãos, sejam eles contrários ou favoráveis à manifestação.
Confira os possíveis impactos da greve
Transporte
O Sindimetrô-RS, que representa os metroviários no Estado, aderiu à greve. Presidente do sindicato, Luis Henrique Chagas afirma que a categoria não trabalhará ao longo de toda a sexta-feira, o que paralisaria totalmente os trens da Trensurb, que opera entre a Capital e Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. Em maio, 171,7 mil passageiros foram transportados, em média, por dia útil.
— Somos contrários à reforma da Previdência e à privatização da Trensurb. Não vai ter trem durante toda a sexta-feira — promete o presidente do Sindimetrô-RS, Luis Henrique Chagas.
Na noite de quinta-feira (13), o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4) determinou que o Trensurb opere com 50% da capacidade nos horários de pico — entre as 5h30min e as 8h30min e entre as 17h30min e as 20h30min. A decisão da Justiça atendeu a um pedido da empresa.
Em Porto Alegre, o sindicato dos rodoviários de Porto Alegre informou que vai aderir aos atos da greve geral contra a reforma da Previdência. Durante a madrugada desta sexta, ações estão previstas entre os rodoviários em Porto Alegre.
O presidente do sindicato, Adair Ferreira, afirmou que a categoria não vai fazer piquete em frente as garagens das empresas de ônibus. Entretanto, ele confirmou que centrais sindicais prometem atos nos portões das empresas.
— Não queremos prejudicar o trabalhador. É uma greve justa, mas não vamos bloquear os ônibus. Só que pode acontecer das centrais sindicais fazerem piquetes. Os rodoviários apoiam o ato — disse, sem confirmar que os veículos sairão, já que os trabalhadores podem se incorporar à paralisação e não realizarem as viagens
A Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) comunicou à EPTC que funcionamento dos ônibus será normal nesta sexta-feira. A Empresa Pública informou que a Brigada Militar será acionada para garantir a segurança na saída dos coletivos.
Já o diretor da Sindicato Metropolitano dos Rodoviários (Sindimetropolitano), Alex Dornelles, diz que considera importante questionar a reforma da Previdência, mas que os trabalhadores vinculados ao sindicato não devem aderir à greve. Segundo o diretor, o Sindimetropolitano representa profissionais em sete cidades — Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Gravataí, Glorinha, Nova Santa Rita e Viamão.
— Quer fazer greve geral? Então, tudo deve ser parado. Nenhum avião poderia decolar no aeroporto, como acontece quando a Argentina tem greve, por exemplo — argumenta Dornelles.
A Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) informa que a expectativa é de que ônibus de empresas como Sogil, Soul, Vicasa e Viamão fiquem nas garagens, assim como veículos de São Leopoldo e Novo Hamburgo.
Bancos
Em assembleia, o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários) aprovou apoio à mobilização. Presidente da entidade, Everton Gimenis defende a participação da categoria, mas pondera que ainda não é possível apontar qual será o nível de adesão dos profissionais ao movimento.
— Somos contra a reforma da Previdência e defendemos a manutenção de bancos públicos. Agora, se todos vão parar ou não, vai depender da decisão de cada um — frisa Gimenis.
GaúchaZH entrou em contato com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para saber a posição da entidade sobre a possibilidade de paralisação. Em resposta, a assessoria informou que "a Febraban não comenta o assunto".
Educação
O conselho geral do Cpers/Sindicato, que representa os professores da rede estadual, declarou apoio à paralisação. Em vídeo publicado nas redes sociais, a presidente da entidade, Helenir Aguiar Schürer pediu a participação da categoria para "enterrar" a reforma da Previdência.
— Todas as escolas deverão estar fechadas e nós deveremos estar na rua mostrando os prejuízos que a reforma nos trará — comentou Helenir.
A Associação de Docentes da UFRGS (ADUFRGS) também promete aderir à greve e participar do protesto no centro de Porto Alegre. Consultada por GaúchaZH, a assessoria de imprensa da universidade informou que o impacto em suas atividades "dependerá da adesão ou não dos professores e técnico-administrativos ao movimento". "Aos alunos, passamos a orientação de entrarem em contato com os professores para buscarem informações a respeito da confirmação, ou não, das aulas", completa o texto.
A greve também recebe o apoio do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Estado (Sinpro-RS). A entidade representa educadores de cerca de 400 escolas e cem instituições de ensino superior gaúchas.
Saúde
A promessa de paralisação pode ter reflexos em diferentes serviços na área de saúde. Sindisaúde-RS, que representa técnicos e trabalhadores de nível médio, Sergs (enfermeiros), Sindifars (farmacêuticos) e Sinditest-RS (técnicos de segurança do trabalho) defendem a paralisação. As entidades representam cerca de 100 mil profissionais no Estado.