A Polícia Civil aguarda resultados de perícias para identificar o que pode ter causado as mortes de três pessoas da mesma família após confraternização em Torres, no Litoral Norte.
Seis familiares passaram mal e precisaram procurar atendimento médico na segunda-feira (23) após comer um bolo.
Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, ficou hospitalizada em estado grave até a noite de terça-feira (24), quando morreu.
Ela era mãe de Tatiana Denize Silva dos Anjos, 43, que também morreu após comer o doce.
Outra vítima é a professora aposentada Maida Berenice Flores da Silva, 58 anos, irmã de Neuza e tia de Tatiana.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quinta-feira (26), o delegado Marcos Vinicius Veloso, que investiga o caso, afirmou que a polícia trabalha com duas hipóteses: intoxicação alimentar ou envenenamento.
Veja trecho da entrevista
O delegado diz que a investigação vem traçando todos os passos de Zeli Teresinha Silva dos Anjos, 61 anos, que segue internada no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres. Foi ela quem fez o bolo junto da irmã Maida.
— Foi instantâneo. Passaram mal na hora. A mulher que fez o bolo (Zeli), principalmente, foi a que mais passou mal. Ela foi a única que comeu duas fatias. Ela foi levada primeiro para o hospital — diz o delegado, descartando que o consumo de outro alimento pudesse ter causado a intoxicação.
Ingredientes do bolo
Conforme o delegado, ainda no hospital a mulher, que está se recuperando, forneceu informações sobre o horário e o local onde os ingredientes foram comprados.
O delegado diz que nesta manhã a polícia analisa imagens do momento da compra desses insumos:
— Trabalhamos com a hipótese de que tenha ocorrido um envenenamento para poder investigar os fatos, mas não descartamos que tenha ocorrido uma intoxicação alimentar — frisa Veloso.
De acordo com o delegado, não há registros de brigas entre os familiares ou disputas por herança, por exemplo, que pudessem motivar um crime.
— Essa família tinha uma excelente convivência. A Maida, por exemplo, tinha um casamento de 35 anos, a senhora (Zeli) que perdeu o marido em setembro e que fez o bolo, tinha um casamento de 44 anos. Então, havia uma instituição familiar sólida — pondera o delegado.
Conforme o delegado, após ter alta do hospital, Zeli será chamada a prestar depoimento novamente. Ele diz que vizinhos também serão ouvidos durante a investigação.
A polícia também abriu inquérito pedindo a exumação do corpo do marido de Zeli, que morreu em setembro por intoxicação alimentar, para que ele seja periciado.
Outras três pessoas da mesma família procuraram atendimento médico e uma já recebeu alta. O hospital divulgou um boletim no fim da manhã desta quinta informando que a mulher que preparou o bolo e o menino de 10 anos, que continuam internados, seguem "monitorizados pela equipe da UTI", mas "clinicamente estáveis".
Entenda o caso
Seis pessoas da mesma família passaram mal e precisaram procurar atendimento médico na segunda-feira (23), após uma confraternização familiar. Todos haviam consumido pedaços de um bolo preparado por duas irmãs.
Conforme a polícia, a família estava reunida em casa, comendo, por volta das 18h, quando as pessoas começaram a passar mal. Todas buscaram atendimento médico em um pronto-atendimento.
Duas delas — Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva— morreram. Na noite de terça-feira (24), morreu a terceira vítima: Neuza Denize Silva dos Anjos.
As três vítimas morreram com intervalo de algumas horas. As duas primeiras tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o Hospital Nossa Senhora dos Navegantes de Torres. A terceira teve como causa da morte divulgada "choque pós intoxicação alimentar".