Dos 17 mil exames pré-câncer recolhidos do Serviço Especializado de Ginecologia (SEG), de Pelotas, sob suspeita de irregularidade em 10 cidades do sul do Estado, 2,1 mil serão refeitos por um laboratório de Porto Alegre. O montante foi considerado por especialistas consultados pela prefeitura como suficiente para conferir se ocorreu ou não erro em análise realizadas pelo SEG.
O caso gerou controvérsia, levando a abertura de investigações do Ministério Público Estadual (MP) e da Polícia Federal (PF). A prefeitura de Pelotas também apura o caso por meio de uma sindicância, e a Câmara de Vereadores da cidade abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
O novo laboratório ainda não está definido – há negociações com os hospitais de Clínicas e Sanatório Partenon. Assim que ocorrer um acerto, os exames serão recolhidos no Instituto-Geral de Perícias (IGP), onde estão armazenados.
Exames suspensos
As coletas rotineiras nos postos de saúde estão suspensas nos 10 municípios conveniados com o SEG até que seja contratado emergencialmente um novo prestador do serviço. Desde a semana passada, apenas um estabelecimento se interessou pelo trabalho: o laboratório do Hospital de Caridade Nossa da Conceição, de Piratini.
A definição dependerá da apresentação de documentos. Caso seja contratado, o laboratório se responsabilizará por 2 mil exames mensais coletados nas 10 cidades. O contrato emergencial deverá durar até ser divulgado o resultado de um processo licitatório que definirá um novo laboratório pelo período mínimo de cinco anos.
Na segunda-feira, foram repassadas ao MP informações solicitadas pela promotora Rosely de Azevedo Lopes, responsável pela investigação, para a abertura de inquérito cível. Entre os documentos, foram entregues o memorando assinado por seis profissionais da UBS Bom Jesus alertando para as supostas irregularidades e o contrato com o SEG. Três livros de registros da unidade de saúde, com a relação de pacientes e o resultado dos respectivos exames, já estavam em poder da promotora.