Numa luta definida somente no golden score, a brasileira Jéssica Lima perdeu a chance de ficar com a medalha de ouro no primeiro dia de competições no Grand Slam de judô de Antalya, ao ser derrotada pela canadense Christa Deguchi, atual campeã do mundo na categoria leve (até 57 quilos).
O duelo foi marcado pelo equilíbrio com as duas judocas se defendendo muito bem das tentativas de golpe. A definição precisou de um golden score quando, num descuido da judoca da Sogipa (RS), Deguchi conseguiu aplicar um ippon e conquistar a medalha.
Este foi o décimo título de Grand Slam da canadense, que entrou para o tatame como franca favorita. No retrospecto entre as duas competidoras até a final, a vantagem era toda de Deguchi. Em três confrontos disputadas até aqui, foram três vitórias para a canadense, que lidera os rankings mundial e olímpico.
No caminho para chegar na briga pelo ouro na Turquia, Jéssica fez excelente campanha. Passou pela panamenha Kristine Jimenez, 65ª do mundo, com ippon. Depois, venceu a brasileira naturalizada italiana Thauany Dias (39ª) e derrotou a alemã Seija Balhaus, 18ª do ranking olímpico, com ambas as lutas definidas por hansoku-make. Na semifinal, ela ainda superou a chinesa Cai Qi, 32ª da corrida olímpica até Paris.
Com a medalha de prata, Jessica Lima somou 700 pontos no ranking olímpico, onde ocupa a 11ª posição e se aproximou muito de Rafaela Silva, campeã dos Jogos de 2016 no Rio de Janeiro. A atleta do Flamengo (RJ) está em nono e disputou a competição e foi eliminada em sua estreia, diante da croata Tihea Topolovec (70ª).
O pódio ainda teve Maysa Pardayeva, do Turcomenistão, e a francesa Faiza Mokdar, que garantiram 500 pontos na classificação olímpica.
Apenas uma atleta por país irá se classificar e a definição será da Confederação Brasileira de Judô (CBJ). A diferença entre elas é de cerca de 200 pontos.
— Estou feliz com meu desempenho de hoje (sexta-feira), mas não estou satisfeita. Foi minha segunda final de Grand Slam e acredito que estou no caminho certo para conquistar futuros ouros — afirmou Jessica Lima.
Natasha Ferreira fica perto do pódio no peso ligeiro
Antes de Jessica decidir o título, outra brasileira esteve na briga por medalhas. Natasha Ferreira, da categoria ligeiro (até 48 kg), esteve muito perto de subir ao pódio. Ela venceu a colombiana Erika Lasso (37ª) e a espanhola Mireia Laporta Comas, 10ª do ranking olímpico, antes de cair nas quartas de final para a tricampeã mundial Natsumi Tsunoda, do Japão, o que a colocou na repescagem.
Na disputa da repescagem, a judoca da Sociedade Morgenai (PR) venceu a norte-americana Maria Celia Laborde (12ª) e foi para a disputa do bronze contra a mongol Narantsegtseg Ganbaatar. Natasha adotou uma postura mais defensiva e conseguiu neutralizar a rival no início do combate.
Na sequência, porém, ela sofreu duas projeções que garantiram dois waza-ari para a atleta da Mongólia, que ficou com a medalha de bronze. Natasha terminou em quinto lugar e obteve o seu melhor resultado neste ano, somando 300 pontos no ranking.
Demais brasileiras
Amanda Lima (Minas Tênis Clube) parou na estreia diante da turca Merve Azak. A campeã dos 48 kg foi a japonesa Tsunoda, que na decisão superou a turca Sila Ersin. A cazaque Abiba Abuzhakynova ficou com a segunda medalha de bronze em disputa.
Na categoria meio-leve (52kg), Larissa Pimenta estreou na segunda rodada e foi derrotada pela mexicana Pauline Martínez. A atleta do Pinheiros (SP) está na 10ª colocação na corrida olímpica. Jessica Pereira (Instituto Reação-RJ) venceu a sul-coreana Yerin Jung, mas foi superada pela brtânica Chelsie Giles, quarta do mundo.
Com um ippon em apenas nove segundos de combate, a japonesa Uta Abe confirmou o favoritismo e ficou com o ouro, superando Giles na decisão. O bronze foi repartido entre a espanhola Ayumi Leiva Sánchez e a croata Ana Puljiz.
Sem brasileiros no masculino
As duas categorias masculinas disputadas nesta sexta não contaram com brasileiros. No ligeiro (até 60kg), o russo Ayub Bliev foi o campeão, derrotando o francês Luka Mkheidze. O pódio ainda teve i turco Salih Yildiz e o holandês Emiel Jaring.
No meio-leve (até 66kg), o japonês Hifumi Abe manteve uma impressionante invencibilidade que perdura desde 2019 e garantiu o ouro, deixando a prata com Nurali Emomali, do Tajiquistão, que resistiu 49 segundos. O bronze foi para outro atleta do Tajiquistão, Obid Dzhebov, e para o francês Walide Khyar.
De acordo com a Confederação Brasileira de Judô (CBJ), o Grand Slam de Antalya, na Turquia, é a última competição antes da primeira etapa da convocação olímpica, que ocorrerá no dia 4 de abril.