Após a histórica virada com a goleada de 4 a 1 sobre o Colo-Colo, o Inter conheceu na noite desta quarta-feira (6) seu próximo adversário na Copa Sul-Americana. O Melgar-PER venceu o Deportivo Cali-COL por 2 a 1, no Peru, e avançou para as quartas do torneio pela primeira vez em sua história. A equipe, porém, passará por troca no comando já que o atual técnico, o argentino Néstor Lorenzo, assumirá a seleção da Colômbia. O substituto será seu compatriota Pablo Lavallén.
Néstor Lorenzo foi um zagueiro de sucesso no futebol argentino, tendo disputado a Copa do Mundo de 1990 por sua seleção. Ele foi titular na final daquele Mundial contra a Alemanha, perdido pela equipe que tinha o astro Diego Maradona, por 1 a 0, em Roma.
Lorenzo foi auxiliar de José Pékerman na seleção colombiana entre 2012 e 2019 e assumiu o Melgar para seu primeiro trabalho como treinador em janeiro de 2021. A trajetória no clube peruano foi de sucesso. No último final de semana, levou o clube ao título do Apertura do Peruano, a terceira vez que o time conquistou a competição mais importante do país.
O acerto com a Colômbia foi anunciado ainda no começo de junho, mas com acordo para Néstor Lorenzo seguir no Melgar até o final do Peruano e também do confronto de oitavas de final contra o Deportivo Cali.
Substituto tem experiência na Sul-Americana
Com a saída de Néstor Lorenzo definida, o Melgar fechou a contratação do também argentino Pablo Lavallén. O profissional de 49 anos trabalhou no San Martín de San Juan, no Atlético Tucumán, no Belgrano e no Colón em seu país, além de uma passagem pelo Olimpia, de Honduras.
Pelo Colón, Lavallén foi vice-campeão da Copa Sul-Americana de 2019, quando perdeu a decisão para o Independiente del Valle de Miguel Ángel Ramírez. O último trabalho dele foi no Olimpia, mas sua passagem por Honduras durou apenas 20 jogos. Ele chegou em janeiro e acabou demitido em maio após a eliminação do clube na semifinal do Torneio Clausura.
— Pode ser que a troca no comando técnico cause mudança, mas penso que o clube tem condições de buscar maior nível. Tendo três semanas até o jogo de ida, o novo treinador terá tempo para trabalhar. O Melgar é equipe que sai para jogar de igual para igual com qualquer adversário. Contra o Inter, mesmo que irá preservar a parte defensiva, creio que sairá para atacar. Tem o Bernardo Cuesta como o maior artilheiro da história do clube e aqui no Peru existe muita expectativa por parte do clube, que lembra o Cienciano. É uma campanha que gera uma esperança em todo o futebol peruano — aponta o jornalista peruano Renato Landivar, da TVPerú, citando o Cienciano, campeão da Sul-Americana de 2003.
Centroavante em grande fase
Diante da saída de Lorenzo ter sido opção do técnico pela proposta da seleção e não do clube, a diretoria peruana aposta em Pablo Lavallén na expectativa de manutenção na forma do trabalho. O Melgar vinha jogando com Lorenzo no 4-3-3 tendo na defesa seu ponto forte.
O clube sofreu apenas 11 gols em 18 jogos no Torneio Apertura (média de 0,61), tendo disparado a melhor defesa. O ataque, porém, ficou devendo, foram apenas 23 gols marcados ao longo das 18 rodadas (1,27). Ofensivamente, o time é muito dependente do centroavante Bernardo Cuesta, o artilheiro da Copa Sul-Americana.
Cuesta marcou oito dos 14 gols da equipe no torneio continental. Ele ainda contribuiu com duas assistências. Ou seja, participou de 10 dos 14 gols — 71,4%. O camisa 9 também foi o artilheiro do Melgar no Peruano, com sete gols. O atacante Kevin Quevedo anotou quatro e foi o vice-artilheiro da equipe. Bernardo Cuesta está em sua quarta passagem pelo Melgar e tem um total 149 gols em 294 jogos com a camisa do clube.
Comentarista da Conmebol TV no confronto entre Melgar e Deportivo Cali, Leonardo Jens ressalta que o Melgar é um time que procura muito os lados do campo para gerar as situações de finalização para Bernardo Cuesta.
— O Melgar é time que joga muito pelas pontas. Aposta em inversões individuais buscando o Luis Iberico na esquerda e Kevin Quevedo ou Bordacahar na direita. Esses dois acabam revezando por ali. É um jogo de inversão para os pontas. Aí tenta a jogada individual buscando o Bernardo Cuesta, tudo gira em torno dele. O Cuesta é um centroavante que sai bem da área, chuta com as duas pernas. Ele é muito inteligente se movendo na última linha. Anulando o Cuesta, o Inter vai ter sucesso. O meio-campo não é muito criativo. Normalmente jogam três homens, mas nenhum é um meia criativo. O jogo é muito pelos lados, com os pontas e o lateral-esquerdo, o Paolo Reyna, que é bom jogador — observa.
Campanha já deixou favorito pelo caminho
O Melgar iniciou sua trajetória na Sul-Americana ainda na fase preliminar, quando eliminou o Cienciano no duelo local. Após um empate por 1 a 1, na ida, o Melgar venceu em sua casa, em Arequipa, por 1 a 0.
Na fase de grupos, o Melgar surpreendeu ao passar em primeiro na chave que tinha o Racing como favorito. Estavam também no grupo Cuiabá e River-Plate-URU. O Melgar surpreendeu no primeiro turno, quando venceu o Racing por 3 a 1, em Arequipa. O time de Avellaneda estava invicto em 2022 até aquele momento e liderava a Copa da Liga Argentina.
Em Avellaneda, o Melgar acabou derrotado por 1 a 0 pelo Racing e chegou na última rodada em segundo lugar no grupo. A equipe conseguiu a classificação ao vencer o Cuiabá e contar um tropeço inesperado do Racing, que foi derrotado pelos uruguaios do River Plate dentro Cilindro, para ficar com a vaga.
— Melgar é o melhor time do futebol peruano atualmente tanto por seu desempenho no torneio local quanto internacional. É a primeira vez que chega às quartas de final de um torneio continental, o que faz o jogo contra o Inter ter uma importância ímpar — ressalta o jornalista Renato Landivar.
No total, o Melgar disputou 10 partidas na Copa Sul-Americana deste ano, com seis vitórias, dois empates e duas derrotas. A equipe marcou 14 gols e sofreu oito.