Depois da epopeia da terça-feira, o Inter tem um desafio para a sequência de 2022. Mano Menezes e equipe precisam transformar a vitória diante do Colo-Colo em combustível para o restante da temporada, e impedir que o resultado na Copa Sul-Americana tenha sido apenas fruto de uma noite de magia entre time e torcida.
Foi o próprio treinador quem explicou como isso pode ser feito:
— Quem faz parte da comissão técnica precisa cuidar para não se empolgar demais. Porque se o resultado não tivesse acontecido, não poderíamos chorar demais. A temporada seguiria.
Há alguns fatos concretos para Mano trabalhar, tanto positivamente quanto de reconstrução. Iniciando pelo lado bom. Alguns jogadores estão reabilitados com a torcida e com a comissão técnica. Um dos exemplos é Moisés. O lateral-esquerdo fez uma partida segura na defesa e até ousada no ataque, iniciando jogadas que viraram oportunidades e participando diretamente do segundo gol. Passou o dia sendo elogiado nas redes sociais, especialmente depois de postar uma brincadeira com o ponta Solari, do Colo-Colo.
A dupla Edenilson e Taison também entra nesta conta: ambos saíram ovacionados pelos colorados, depois de enfrentarem semanas difíceis, de críticas mais pelo extracampo do que propriamente pelo desempenho.
Para outros profissionais, a noite foi de consagração. Pedro Henrique, é óbvio, foi o mais requisitado, participou de programas de TV e rádio e escreveu uma página importante em sua relação com o clube. Mercado e Moledo saíram fortalecidos pelas atuações seguras na metade final do jogo. O volante Gabriel também se consolidou como peça fundamental na proteção à zaga. Entre os colorados, ganhou até grito de guerra especial: quando seu nome é anunciado no telão, além dos aplausos, ouve também "ruf-ruf", uma referência ao apelido de cão de guarda.
— Espero que seja assim daqui para a frente para buscarmos as vitórias e os títulos — disse o volante após a partida.
Outro jogador que ganhou pontos foi Alemão. Mano justificou a escalação do centroavante contra o Colo-Colo e não poupou palavras positivas ao jogador:
— Minha escolha pelo Alemão foi óbvia. Precisávamos ganhar em casa. Coloquei o jogador que vinha fazendo gols, às vezes com dificuldade, às vezes não. Temos de fazer o certo. Porque se fizermos o certo, talvez tenhamos chances de ganhar. Se fizermos errado, certamente não teremos.
Aplaudido pela torcida até o momento em que deixou o campo extenuado, com cãibras, Alemão agradeceu aos torcedores:
— Eles nos empurraram todo o tempo, as ruas de fogo, quando passamos com o "busão", foram sensacionais, de arrepiar. Não pararam de cantar um minuto e a gente engoliu os caras.
Mas há peças a recuperar para os próximos dias. O goleiro Daniel foi o único vaiado ainda com bola rolando, após o erro de cálculo na saída de gol que virou pênalti e o 1 a 0 do Colo-Colo. Mano defendeu o goleiro:
— Levamos o gol. A torcida reagiu, compreendemos. Não pode baixar a cabeça nessa hora, precisa ter força. Soubemos conviver com as vaias ao Daniel. Somos um grupo e ficamos juntos. O futebol é cruel nesta posição. E passamos por cima disso.
O técnico também pediu que a torcida não vaie Heitor, o lateral que falhou na derrota para o Colo-Colo no jogo de ida e no empate com o Ceará pelo Brasileirão. Mano lembrou que o jogador é a única opção da lateral para a reserva de Bustos e que precisará ser usado na maratona do segundo semestre.
O próximo compromisso colorado é na segunda-feira. Às 20h, recebe o América-MG pela 15ª rodada do Brasileirão. Depois, terá mais cinco dias de recuperação antes de enfrentar o Athletico-PR, em Curitiba, às 16h30min de sábado (16). Ao todo, o time terá cinco partidas pelo campeonato nacional antes de iniciar a disputa das quartas da Copa Sul-Americana. Entre os adversários, estão os candidatos ao título Palmeiras e Atlético-MG.