
O Inter que abrirá a disputa das semifinais do Gauchão é bem diferente daquele que viveu grande momento em 2024, alcançando 16 jogos de invencibilidade, a maior marca da história do clube na era dos pontos corridos.
Sete titulares e um reserva imediato no ano passado não estarão na partida de ida, contra o Caxias, no Centenário. E cinco deles sequer atuaram no Estadual ainda.
A base daquele time que engrenou no segundo turno do Brasileirão tinha Rochet; Bruno Gomes, Mercado, Vitão e Bernabei; Fernando e Thiago Maia; Bruno Tabata (ou Gabriel Carvalho), Alan Patrick e Wesley; Borré.
Rochet, Bruno Gomes, Mercado, Bruno Tabata e Gabriel Carvalho nem sequer entraram em campo na temporada. Alan Patrick e Wesley, os melhores do ano passado, se machucaram e são dúvida para a sequência do Gauchão. E Thiago Maia tem saída encaminhada para o Santos.
Não há dúvida de que tantas baixas impactaram no time. O comentarista colorado Vaguinha, do Grupo RBS, aponta alguns dos pontos de atenção.
— Entendo que há um prejuízo muito grande em duas posições e acréscimo em uma outra. Victor Gabriel é uma descoberta que elimina a carência da zaga após a lesão de Mercado. Mas é inegável que o setor sofreu uma baixa significativa com a lesão de Bruno Gomes. Aguirre não conseguiu manter, nem de longe, o mesmo nível — comenta e completa:
— A outra é Alan Patrick. Nunca tivemos um substituto para o camisa 10. Aí está o grande problema. Mesmo que Roger consiga diminuir os prejuízos individuais com a força do coletivo, a ausência de Alanpa é a grande dor de cabeça. Sem ele, a força do time não é a mesma, e o modelo de jogo pode ser afetado.
Os prejuízos já podem ser vistos em campo. Para Eduardo Moreno, narrador do SporTV na partida contra o Monsoon, o time tem passado mais trabalho do que os resultados indicam:
— O Gauchão já deu sinais de desencaixe do time. Apesar de ser líder e único invicto, poucas foram as atuações de encher os olhos. O Gre-Nal foi o melhor jogo, mas teve o problema dos gols perdidos. O time do ano passado venceria o Grêmio com tranquilidade, golearia em alguns jogos, o que não aconteceu. O Grêmio goleou, o Inter não.
Mudança na forma de jogar
Roger Machado admitiu que, especialmente sem Wesley e Alan Patrick, muda a forma que o time constrói. Na última entrevista, analisou:
— Alan Patrick e Wesley farão falta, obviamente, porque fazem parte do centro do time. As ações são muito mais refinadas com eles. Mas o que eu vi em campo me dá segurança e confiança para alterar essas peças, mudando um pouco a dinâmica do time, mas preservando elementos importantes da figura tática.
Esse é o dilema de Roger de agora em diante. Sem o camisa 10, precisa decidir se adapta Carbonero para a função, por exemplo, ou se tenta novamente com Borré flutuando. Eduardo Moreno prefere a primeira alternativa:
— O ideal é encontrar as peças que faltam para o time se reencaixar, e Valencia no time mudaria aquele esquema que deu certo. Borré não vai fazer a função do Alan Patrick e mudar pra um 4-4-2 pode até dar certo, mas mudaria o esquema e arriscaria na hora mais crítica do campeonato. Não é hora de inventar.
Vaguinha demonstra preocupação com o lado direito. Além da diminuição de qualidade com Aguirre no lugar de Bruno Gomes, a ponta também não achou um substituto ideal para Bruno Tabata e Gabriel Carvalho, que se alternaram na função em 2024.
— Por conta da exigência dos adversários até aqui, o time não sentiu tanto, mas nota-se uma mudança. Na esquerda, apesar de Wesley ter sido o melhor jogador do time em 2024, Roger parece ter encontrado em Carbonero alguém que vai encaixar bem por ali — observa o comentarista.
Esses são os desafios de Roger justamente na hora decisiva do Gauchão. Um campeonato tratado como Copa do Mundo pelo Inter, mesmo que seja na abertura da temporada. E que, mais uma vez, encontra o time com muitos problemas.
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