Depois da saída de Miguel Ángel Ramírez, outro estrangeiro — mas este um velho conhecido da torcida — passou a ser cotado para assumir o cargo de técnico do Inter: Diego Aguirre. Seria a segunda passagem do uruguaio pela casamata colorada — a primeira foi em 2015.
Chegada conturbada
O Inter começou a temporada 2015 classificado para a Libertadores e acumulando quatro títulos estaduais seguidos. Além disso, o clube trouxe para reforçar o elenco, nomes como o zagueiro Réver, o volante Nilton, o meia Anderson e os atacantes Vitinho e Lisandro López, que chegaram a um grupo que tinha o goleiro Alisson, os meia D'Alessandro e Alex, o volante chileno Charles Aránguiz e o atacante Nilmar.
Apesar do bom momento, o clube teve um processo eleitoral em dezembro, e a permanência do então técnico Abel Braga não se efetivou. A direção vitoriosa na eleição, capitaneada pelo presidente Vitorio Piffero e pelo vice de futebol Luiz Fernando Costa, foi ao mercado em busca de um novo comandante. Depois de ouvir negativas de Tite, Vanderlei Luxemburgo e Mano Menezes, partiu em busca de uma alternativa no Exterior e resolveu apostar no uruguaio Diego Aguirre, ex-jogador do próprio Inter na década de 1990, que estava no Al-Gharafa, do Catar.
Apresentado no final de dezembro de 2014, Aguirre chegou a Porto Alegre junto com o auxiliar Enrique Carreras, o preparador físico Fernando Piñatares e o auxilar da preparação Marcelo Sanchez. A estreia da nova comissão técnica aconteceu em um amistoso contra o Shakhtar Donetsk, de Taison e Douglas Costa, que fez 2 a 1, no Beira-Rio.
O primeiro time do treinador uruguaio teve: Alisson; Léo (Cláudio Winck), Ernando, Paulão e Fabrício; Willians, Nilton (Alan Costa), Aránguiz e D'Alessandro (Alex); Eduardo Sasha (Valdívia) e Nilmar.
Largada oficial e título estadual
Depois do amistoso e do final da pré-temporada, o Inter começou o Gauchão empatando com o Lajeadense em 1 a 1 e sendo derrotado pelo time do Interior, nos pênaltis, já que a partida ainda valia como decisão da Recopa Gaúcha. Após novo empate, em 4 a 4, com o São José, no Beira-Rio, veio a primeira vitória com um 1 a 0 sobre o Novo Hamburgo. Depois de três Gre-Nais em todo o campeonato, com dois empates e uma vitória, o Colorado comemorou o pentacampeonato estadual.
Eliminação na semifinal da Libertadores
A esta altura, o time já estava nas oitavas de final da Libertadores, que começariam três dias depois, contra o Atlético-MG. Com um empate em Belo Horizonte e um 3 a 1 em casa, o time de Aguirre passou às quartas de final ao mesmo tempo em que começava a campanha no Brasileirão.
Nas quartas de final, uma derrota por 1 a 0 e uma vitória por 2 a 0 contra o Santa Fe, da Colômbia, colocaram o Inter nas semifinais da Libertadores. O rival seria o perigoso Tigres-MEX, dos atacantes Rafael Sobis e Gignac. O 2 a 1 no Beira-Rio deu vantagem para o jogo da volta, mas os mexicanos aplicaram um 3 a 1 e eliminaram o time gaúcho, o que gerou uma série de críticas ao trabalho de Diego Aguirre.
Contestação e demissão
Logo depois da queda no torneio continental, dois empates sem gols, contra Ponte Preta e Chapecoense, foram suficientes para que a direção optasse por mudar a comissão técnica. Neste momento, o Inter era o 10° colocado do Brasileirão e se preparava para estrear na Copa do Brasil. Era 6 de agosto de 2015, e três dias depois haveria um Gre-Nal na Arena.
— Vínhamos conversando, o (vice de futebol Carlos) Pellegrini e eu. Hoje pela parte da manhã tomamos essa decisão. O Pellegrini a implantou entre 10h, 10h30min. Resolvemos fazer antes do clássico para criar uma atmosfera para o clássico que possa nos ajudar— relatou o então presidente Vitorio Piffero, em entrevista coletiva.
Desta forma, Diego Aguirre deixou Porto Alegre como campeão gaúcho, semifinalista da Libertadores e com a equipe em 10° no Brasileirão. No total, foram 49 partidas, com 24 vitórias, 15 empates e 10 derrotas. Neste período, o Colorado marcou 66 gols e levou 46, obtendo um aproveitamento de 59,1%.
Um dia após sua demissão, o uruguaio concedeu uma coletiva e falou sobre sua queda. Nos bastidores, questionamentos à preparação física e à forma de atuar foram motivos apontados para a demissão.
— Primeiro, uma experiência de estar em um clube espetacular, a experiência nova de trabalhar em um clube no Brasil, voltar para o clube que fiz parte, um crescimento pessoal e profissional. Muitas coisas positivas eu deixo, e uma experiência fantástica. Gostaria de ter saído com um grande título — disse Aguirre, que também avaliou as causas de sua queda.
— Eu não acho justa (a demissão), mas também não posso me surpreender, isso é cultural. No começo, senti uma diferença cultural. Mas fui sincero, sempre me ajudaram e sempre buscamos o melhor para o Inter —afirmou.
O "fato novo" não teve efeito positivo, e o Inter acabou goleado por 5 a 0 no Gre-Nal. A temporada foi encerrada com o time eliminado nas quartas de final da Copa do Brasil, pelo Palmeiras, e em quinto lugar no Brasileirão — o que deixou o clube fora da Libertadores do ano seguinte.
Sequência da carreira
Diego Aguirre, que completará 56 anos em setembro, volta a ser cogitado para retornar ao Beira-Rio. Seu último clube foi o Al-Rayyan, do Catar, onde chegou depois de passar por Atlético-MG, San Lorenzo e São Paulo.
— Seu eu voltaria outra vez para o Inter? Por que não? Não deixei nenhuma desavença e saio com as portas abertas —afirmou o uruguaio, quando se despediu de Porto Alegre em agosto de 2015.
Confira os números de Diego Aguirre no Inter:
49 jogos (48 oficiais)
24 vitórias
15 empates
10 derrotas
66 gols marcados
46 gols sofridos
Campeão Gaúcho
Semifinalista da Libertadores
10º colocado no Brasileiro (até a 16ª rodada)