Depois de oficializar a sequência de Abel Braga no comando do time colorado, a nova gestão apresentou seus primeiros nomes para o departamento de futebol. O vice-presidente da pasta será, mesmo, João Patrício Herrmann, e Paulo Bracks assumirá como diretor executivo. Será deles a missão de dar estabilidade ao treinador até o final do Brasileirão e de fazer uma transição sem percalços para a próxima temporada.
João Patrício e Bracks eram nomes já especulados desde a campanha. O dirigente político fez parte da gestão Marcelo Medeiros como vice eleito, mas sua vida no Inter é bem anterior. Na verdade, conhece o clube desde o nascimento, há 51 anos. Filho de Eraldo Herrmann, presidente do título gaúcho de 1974 (com 100% de aproveitamento) e do primeiro brasileiro, em 1975, João Patrício milita na política colorada desde 1993, quando fundou o movimento Inter 2000, ao lado de Fernando Miranda. Desde então, passou por diversas pastas, inclusive no futebol, em 2001. Foi candidato à presidência do Inter em 2004, perdendo a eleição para Fernando Carvalho. Sua última função foi a segunda vice-presidência do atual Conselho de Gestão. Por essa longa trajetória, soube despistar em sua entrevista de apresentação:
— Estamos aqui para executar um projeto. Vamos trabalhar muito com as categorias de base e usar ciência de dados. O (dirigente) político ficará distante das questões administrativas e técnicas. Pretendo ser um vice-presidente discreto, que dará poucas entrevistas. O Paulo (Bracks) vem aí muito respaldado, bastante pesquisado no mercado e a ideia é dar espaço para o executivo. Eu serei o elo entre o Conselho de Gestão e o futebol.
Bracks ainda trabalhará no América-MG até o final de semana. No domingo (3), desembarca em Porto Alegre e se apresenta ao Inter na segunda-feira (4). No primeiro dia, conhecerá os atletas, os dirigentes e a estrutura do clube. Na terça, já há uma reunião marcada com as categorias de base. Na quarta, a primeira viagem. Na quinta, o primeiro jogo, diante do Ceará, na retomada do Brasileirão.
Aos 39 anos, trará a Porto Alegre um currículo de mais de uma década de serviços prestados no futebol. Formado em direito, especializou-se em esportes, foi auditor do STJD, diretor de competições na Federação Mineira e professor do curso de gestão da CBF Academy. Estava desde 2018 no América-MG, um dos semifinalistas da Copa do Brasil.
Há dois desafios iminentes aos novos gestores. O primeiro é decidir quem será o coordenador técnico. Pedrinho, comentarista do SporTV, e Tinga foram sondados, mas não houve avanços. Trata-se de uma função que fez parte do projeto eleitoral da chapa vencedora. O segundo é evitar desgaste no trabalho de Abel, que ficará no clube até o final do Brasileirão. Em fevereiro, deve ser substituído por Miguel Ángel Ramírez. Apesar das informações do acerto com o espanhol, em nenhum momento os dirigentes mencionam a contratação.
— Não tem transição de treinadores porque nosso técnico é o Abel Braga. Claro que, durante a campanha (eleitoral), conversamos com alguns treinadores, mas não existe nada assinado ou adiantado. O Abel é nosso treinador e vamos dar respaldo a ele. Não vai mudar nada no nosso vestiário até 24 de fevereiro — declarou João Patrício.
De concreto, mesmo, é que está tudo certo entre Inter e Porto para a renovação de empréstimo de Renzo Saravia. O lateral ficará por mais uma temporada em Porto Alegre. No momento, ele se recupera de uma cirurgia para reconstituição dos ligamentos do joelho.