Nos últimos meses, chamam a atenção as atitudes destemperadas do técnico Renato Portaluppi. Tudo o que acusam D'Alessandro de fazer dentro do campo — às vezes com razão, outras injustamente —, Renato tem feito fora dele. Com uma diferença: o camisa 10 colorado costuma levar broncas e cartões dos árbitros. O treinador tricolor recebe tapinhas no ombro.
Mas o que poderia explicar tanta irritação do treinador, já que Renato, inegavelmente, obteve bons resultados em sua atual passagem pela Arena? Era de se esperar que observasse os jogos tomando um chope, alisando os cabelos, em vez de sair berrando de dedo em riste.
A justificativa pode estar na psicologia. Vejamos: após ser derrotado no Gre-Nal de setembro do ano passado, o técnico azul, com a mesma determinação do mais fanático torcedor do Inter, tentou invadir o vestiário vermelho. Só podia querer participar da festa.
No mais recente clássico, em vez de se dirigir a seus próprios jogadores, procurou enquadrar o zagueiraço Victor Cuesta. Até onde me lembro, cada treinador se dirige a seus próprios comandados. Tenho certeza que, se fosse vivo, Freud, o criador da psicanálise, daria uma baforada em seu charuto e cravaria o diagnóstico: o sonho reprimido de Renato é treinar o Inter.
Para serenar os ânimos, proponho que finalmente deixem Renato entrar no vestiário do Colorado, liderar a preleção e dar ordens a Cuesta (só não o deixem escalar o time!). Certamente, teremos menos tensão no clássico.
Maior do que o futebol
Brincadeiras à parte, esse é o problema de Gre-Nal acabar em 0 a 0. Fala-se de tudo, menos de futebol. Mas, talvez também para isso, Freud tenha uma explicação. Gre-Nal é muito maior do que o futebol.