O esporte como um negócio. A partir de um novo olhar do poder público e privado, Caxias do Sul viu nos eventos esportivos um segmento determinante para o crescimento econômico e do turismo da cidade em 2024.
Mesmo no ano da maior tragédia climática do Estado, o município atraiu, por conta de eventos ligados a diferentes modalidades, mais de 130 mil pessoas nesta temporada. Quem revelou esse número foi o secretário municipal de Esporte e Lazer, Gabriel Citton, em entrevista ao Show dos Esportes, da Gaúcha Serra.
— Caxias foi a capital gaúcha do esporte, tendo em vista que Grêmio e Inter não conseguiram também jogar em Porto Alegre a maioria do tempo e acabaram vindo pra cá jogar algumas partidas. E, além de todo o esporte amador da cidade, muitos eventos a nível nacional, que iriam acontecer nos Vales, em Lajeado, e outras cidades como Porto Alegre, não aconteceram e acabaram pedindo pra ver se eles podiam vir pra cá antes de cancelar. Nós acabamos absorvendo todos esses eventos — destacou o secretário.
Seja em competições estaduais, nacionais ou até internacionais, que duraram um dia ou mais de uma semana, a cidade recebeu atletas, integrantes de comissões técnicas e seus familiares, que, de formas diferentes, contribuíram para um incremento econômico na cidade. Gabriel Citton ainda destacou que Caxias do Sul atraiu modalidades cuja realização aqui era algo que antes parecia inviável.
— Quando a gente iria imaginar que Caxias iria ter um Campeonato Brasileiro de Natação em águas abertas? E uma etapa a nível nacional. Ela acontecia no Grêmio Náutico União, em Porto Alegre. Caxias não tem águas abertas, mas realizamos o evento (na represa Dal Bó). Estou dando um exemplo, mas voltou também a ter competição estadual de triatlo em Caxias do Sul — apontou Citton.
Grandes eventos
Dentre as modalidades que cresceram na cidade, e também no Estado, está a corrida de rua. A Meia Maratona, que irá para sua 10ª edição em 2025, teve recorde de inscritos nesta temporada, com 2,6 mil atletas. Outro ponto alto foi a realização do Campeonato Brasileiro Master de Basquete, que retornou a Caxias depois de 17 anos, com quase 140 equipes e 2 mil pessoas visitando a cidade, deixando, em uma estimativa, em torno de R$ 12 milhões a R$ 15 milhões nos cofres do município, entre consumo diário de hotel, transporte e demais despesas pra cidade.
— Para Caxias é importante isso, porque o turismo de negócios, que é aquele que vem o pessoal fazer compras e vendas nas empresas, é de segunda até sexta-feira. E o esporte normalmente é aos sábados e domingos. Então, tu fechas o ciclo dos hotéis e dos restaurantes. Mas tudo isso foi trabalhado enquanto marketing no sentido de divulgação da estrutura esportiva de Caxias. E hoje a estrutura esportiva de Caxias do Sul é a melhor do Rio Grande do Sul — afirmou Citton, que ainda lembrou:
— A própria CIC (Câmara da Indústria e Comércio e Serviços), através do presidente Celestino Oscar Loro, começou a entender que o esporte gera um negócio, e muito negócio para Caxias. E criou a Diretoria de Negócios no Esporte, hoje dentro da Câmara. Quem está à frente é o Jones Biglia, com representantes também do Caxias, do basquete e do Recreio da Juventude.
O secretário ainda citou o Brasileiro de Basquete Master como exemplo de negócio que veio para deixar resultados lucrativos na cidade.
— Vieram 1,6 mil atletas e quase duas mil pessoas junto (entre familiares e equipe de apoio), ficando aqui pelo menos 10 dias. Quanto é que isso dá em um ticket médio? Se for R$ 2 mil, vezes duas mil pessoas, vezes 4%, que é o imposto que fica direto, sem a questão do ganho das empresas, a gente está chegando em números aqui que começam a valer a pena você investir no esporte — finalizou.