Faltando pouco mais de duas semanas para a final da Copa do Brasil cada movimento do Grêmio no Campeonato Brasileiro tem ligação com o confronto com o Palmeiras. Um exemplo é a preparação de Maicon, que tem sua utilização no Brasileirão dosada para chegar nas melhores condições para as duas partidas da decisão. É dessa forma também a avaliação para a definição sobre quem será o titular da lateral esquerda contra os paulistas.
A escalação de Cortez na goleada sobre o Botafogo na última segunda-feira (8) foi uma opção de Renato Portaluppi que passou além da preservação de Diogo Barbosa. A comissão técnica gremista quer ter o antigo titular também em ritmo de jogo já que dentro da avaliação feita sobre a forma de atuar do Palmeiras há a identificação de que o rival tem muita força nas jogadas pelos lados do campo. A ideia de reforçar a marcação no lado esquerdo pode devolver Cortez ao time para a final da Copa do Brasil. Essa é uma das decisões que serão tomadas por Renato até o dia 28 de fevereiro - data da ida da final- e passa também pelos desempenhos que os dois postulantes à vaga terão no Brasileirão.
Ex-lateral esquerdo e campeão da Copa do Brasil de 2001 pelo Tricolor, Rubens Cardoso aponta as diferenças nos estilos de jogo de Diogo Barbosa e Cortez.
— Eu gosto dos dois laterais, apesar deles terem características diferentes. O Cortez é de um pouco mais de retenção, um atleta que dá uma sustentação defensiva e traz uma segurança um pouco maior nesse sentido. Mas não deixa de ser um jogador que tem a qualidade de apoio para definir lá na frente. Já o Diogo Barbosa é mais leve. Se vê que ele tem uma condição muito forte para a fase de ataque. Ele tem essa característica na qualidade ofensiva. É bom ter dois atletas assim dentro do plantel justamente para o Renato poder escolher de acordo com a característica do jogo — avalia.
Com Cortez titular nas últimas três temporadas, inclusive na conquista do tricampeonato da Libertadores, o Grêmio iniciou 2020 com a ideia de que era preciso reforçar a lateral esquerda. Por conta disso, Caio Henrique chegou por empréstimo, mas acabou disputando apenas cinco jogos com a camisa tricolor, pois o Atlético de Madrid — dono dos direitos econômicos — solicitou sua volta para realizar uma negociação com o Monaco. A direção gremista então foi atrás de Diogo Barbosa e desembolsou R$ 10 milhões, além de futuros aditivos, para contratá-lo justamente do Palmeiras, em setembro.
Inicialmente, Renato apostou em um rodízio que envolvia as duas laterais. Diogo Barbosa atuava nas partidas em que Victor Ferraz ocupava a lateral direita enquanto Cortez jogava com Orejuela. Depois, Diogo Barbosa se adonou da posição e passou a atuar também com o colombiano, como na volta das quartas de final da Libertadores contra o Santos, quando Orejuela sofreu uma lesão na Vila Belmiro e não defendeu mais o clube - o contrato de empréstimo encerrou e não houve acordo com o Cruzeiro para a renovação.
Rubens Cardoso acredita que a definição do lateral esquerdo para a decisão contra o Palmeiras levará em conta vários fatores além da presença de Victor Ferraz na direita.
— O treinador raciocina e passa a pensar com o jogo de acordo com a forma que o adversário atua e com as peças que tem em mãos. Ele busca compensações para ter uma equipe forte ofensivamente sem ficar exposto. O Maicon deverá ser o volante e está voltando de lesão, talvez precise de uma compensação que pode ser feita pelo lateral. Passa muito pelo dia a dia. A gente vê de fora, tenta formatar alguma ideia, mas lá dentro se sabe a condição real de cada jogador para sua posição — observa.
O Grêmio ainda entrará em campo três vezes pelo Brasileirão antes da final da Copa do Brasil. O confronto direto com o São Paulo por vaga no G-4, no próximo domingo, será uma nova oportunidade para o lateral escolhido para iniciar a partida mostrar seu potencial e tentar garantir a vaga no time para a final da Copa do Brasil.
Na marca do pênalti: quem deve ser o lateral-esquerdo titular do Grêmio contra o Palmeiras?
Marcelo De Bona, narrador da Rádio Gaúcha - Cortez
Essa é uma pergunta que envolve duas questões diferentes: a do Grêmio como sequência de um time titular e o que pensa na final da Copa do Brasil. O Diogo Barbosa é mais jogador do que o Cortez, entrega ofensivamente mais e, talvez, viva o melhor momento dele no clube depois de demorar para corresponder ao investimento feito. O Grêmio precisa entender o que falta para voltar a ser um time competitivo, precisa entender as suas dificuldades defensivas. Não terá Geromel e vai ter Maicon na final e alguns sacrifícios terão de ser feitos, entre os quais está a possibilidade do Cortez jogar na lateral esquerda. Eu não considero nenhum exagero o Grêmio pensar na utilização do Cortez nas finais. Voto no Cortez por uma questão defensiva, algo semelhante ao que foi feito na semifinal contra o São Paulo, quando o Lucas Silva entrou no meio-campo. É uma decisão para tornar o time mais forte e seguro defensivamente.
Gustavo Manhago, narrador da Rádio Gaúcha - Diogo Barbosa
Defendo a escalação do Diogo Barbosa. Ele é mais jogador do que o Cortez e foi contratado por um valor que o Grêmio não dispõe para depositar no banco de reservas. Nos últimos anos já se viu a contribuição que o Cortez dá para o Grêmio. No primeiro jogo da final, na Arena, a preocupação gremista será maior em fazer gol do que evitar. O Grêmio precisa abrir uma vantagem, mesmo mínima, e o Diogo Barbosa é mais jogador no ataque que o Cortez, que oferece uma baixa contribuição ofensiva. O Grêmio precisa atacar e o Diogo Barbosa dá, sim, maior consistência no ataque.
Rafael Colling, comentarista e apresentador da Rádio Gaúcha - Diogo Barbosa
Ambos sabem bem como jogar esse tipo de competição. São experientes, mas Diogo Barbosa tem mais recursos técnicos para abastecer Diego Souza, por exemplo, com seus cruzamentos. Cortez é mais limitado neste sentido. Não acho que Cortez seja sinônimo de mais marcação do que Diogo. O Palmeiras sabe explorar muito este setor do campo, mas penso que, como o primeiro jogo é em Porto Alegre, Diogo Barbosa poderá dar conta na marcação e será muito importante como mais uma peça ofensiva. Outro fator importante é que não acho que a presença de Cortez libera mais Pepê da marcação. Com Cortez ou Barbosa, Pepê inevitavelmente também terá que recompor.