Quando iniciou seu primeiro mandato como presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior vinha de uma situação política completamente diferente à atual. Ao invés de ser aclamado com unanimidade pelos conselheiros, como ocorreu na última terça-feira (29), há cinco anos precisou encarar outros quatro candidatos nas urnas.
Ao assumir a presidência, em 2015, escancarou as dificuldades financeiras e se desfez de medalhões, como Barcos, trazendo jogadores que estavam livres no mercado e apostando nas categorias de base. Além disso, havia a pressão pela conquista de títulos. Tudo isso ficou para trás, mas também não quer dizer que não existam novos desafios até 2022, quando Romildo completará seu oitavo ano de gestão.
Manutenção de Renato
O primeiro ato da "nova" gestão é a manutenção de Renato Portaluppi. Contratado em setembro de 2016, o atual comandante tricolor já é o técnico mais longevo do futebol brasileiro. No ano passado, por pouco não trocou o Grêmio pelo Flamengo, mas preferiu continuar em Porto Alegre. Na semana passada, o próprio presidente revelou que tentou dar início às tratativas para a renovação do contrato para mais uma temporada após a eliminação na Copa do Brasil, mas que, a pedido do treinador, a conversa seria retomada somente após o desfecho do Brasileirão.
— O Renato não renovou, mas a hora que sentarmos, a gente resolve. Será tranquilo — prometeu Romildo.
Renovação do elenco
Rui Costa, Adalberto Preis, Odorico Roman, Duda Kroeff. Os homens do vestiário gremista mudaram ao longo do tempo, mas a fórmula continuou sendo a mesma: dar espaço a jovens das categorias de base e contratar, ao menos, um reforço de peso por temporada. Para os próximos três anos, mesmo que a realidade financeira do clube esteja muito melhor do que em 2015, o objetivo é não alterar este panorama.
Apesar disso, a direção tem consciência de que os atletas que se consagraram com títulos nos últimos anos estão envelhecendo. Em 2020, Maicon e Geromel, por exemplo, estarão com 35 anos. Isso não quer dizer, no entanto, que extravagâncias econômicas serão feitas, como a contratação do centroavante Cavani, do PSG — pedido por alguns torcedores nas redes sociais.
— O Cavani, pelo que eu estou informado, está sendo contratado pelo Manchester (United). Então, não tem a mínima possibilidade de vir. Se tivermos interesse em contratar jogadores importantes, e o negócio for viável, sim. Mas reitero que o processo do Grêmio é buscar mais jogadores da base. Até brinco aqui dentro: que bom seria se pudéssemos repatriar jogadores e fazer um time inteiramente com atletas criados aqui dentro — comentou o presidente.
Investimento na base
Para seguir lançando garotos, como fez com Pedro Rocha, Arthur e Everton, o clube investirá quase R$ 10 milhões em uma ampla reforma do CT Hélio Dourado, localizado em Eldorado do Sul. Grande parte da verba vem do valor adquirido com a venda de Tetê ao Shakhtar Donetsk, da Ucrânia. As obras, que já começaram e devem ser concluídas até dezembro do ano que vem, contemplam a construção de um prédio que servirá como concentração para os meninos, além da instalação de refletores para sediar jogos noturnos no local que, hoje, é utilizado como treinamento para seis categorias de base.
Além disso, outro projeto que está sendo posto em prática é a criação do que vem sendo chamado de "Cidade do Grêmio" — que nada mais é do que a transferência da Escola do Grêmio, localizada no bairro Cristal, para o lado do CT Luiz Carvalho (do time principal). Para isso, o clube cederá à prefeitura de Porto Alegre o atual terreno, onde treinam os meninos de cinco a 15 anos, às margens do Rio Guaíba e, em troca, receberia os mesmos 7,5 hectares. A negociação, porém, envolve o governo do Estado, que é dono da área .
Compra da gestão da Arena
Ungido por Fábio Koff para ser seu sucessor político no Grêmio, Romildo herdou do presidente campeão do mundo o sonho de comprar a gestão da Arena. O processo, porém, tem se mostrado complexo.
Desde abril, a construtora Karagounis tenta aprovar junto à Caixa Econômica Federal, uma de suas sócio-proprietárias em conjunto com a OAS, uma proposta para assumir a responsabilidade pelas melhorias viárias no entorno da Arena. No entanto, o banco se mantém relutante em ceder.
— A Caixa Econômica Federal parece estar fazendo gosto de amargar um prejuízo enorme. Parece que, burocraticamente, se tem uma questão de não correr riscos, seguir a regra e ter prejuízo. E isso é inconcebível, porque a gente tem que trabalhar muito a ideia de que, se uma operação financeira tiver problemas, pode punir quem tem responsabilidade com os problemas. Para mim, uma instituição bancária sempre foi quem tentou salvar as operações financeiras para não ter prejuízo, mas parece que agora estamos invertendo a ordem. Não há problema. Temos de respeitar os processos de cada entidade envolvida nisso, e vamos buscar alternativas para isso. O prazo final, para nunca mais tratarmos ou definitivamente consolidarmos o assunto, é 31 de dezembro de 2019 — concluiu o mandatário tricolor.